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Como os Venezuelanos encaram a posse de Maduro e as reações do Grupo de Lima?

Brasil de Fato foi às ruas para ouvir a opinião de venezuelanos sobre o novo mandato, que começa nesta quinta-feira (10)
Fania Rodrigues
Brasil de Fato
Caracas

Tradução:

O presidente reeleito da Venezuela, Nicolás Maduro, tomará posse nesta quinta-feira (10) para um novo mandato de seis anos. No cargo desde 2013, o mandatário venceu as eleições em maio de 2018 com 67% dos votos, 46 pontos percentuais a mais que o segundo colocado, Henri Falcón.

Embora o pleito tenha sido acompanhado por dezenas de observadores internacionais, representantes do Grupo de Lima decidiram na última sexta-feira (4) não reconhecer a legitimidade do novo mandato de Maduro. 

Criado em 2017 por iniciativa do governo peruano sob a justificativa de “denunciar a ruptura da ordem democrática na Venezuela”, o Grupo de Lima é formado por Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia. Dos 14 países, somente o México se posicionou contra o texto.

A decisão do bloco foi criticada pelo chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza, que acusou os países do grupo de tentar incentivar um golpe de Estado no país com o apoio dos Estados Unidos

Brasil de Fato foi às ruas para ouvir a opinião de venezuelanos sobre o novo mandato, que começa nesta quinta-feira (10)

Brasil de Fato / Fania Rodrigues
"Aqui não há guerra, aqui ninguém está morrendo de fome, aqui ninguém está passando necessidade", afirma a funcionária pública Gladys Madrid

O Brasil de Fato foi às ruas da Venezuela e conversou com cidadãos que reconhecem a legitimidade do novo governo e questionam as intenções do Grupo de Lima ao intervir na política local. Confira:

Gladys Madrid, funcionária pública da prefeitura de Caracas:

“Este é um mandato legal. Ele [Maduro] está aqui porque o povo o elegeu. A Venezuela é um país próspero e que tem muitas riquezas, por isso todos os países estão contra.

Ele está aí, eleito pelo povo. Aqui não há guerra, aqui ninguém está morrendo de fome, aqui ninguém está passando necessidade. Tudo isso é uma campanha midiática para destruir o presidente Maduro, para matá-lo, para acabar com a Venezuela. Tudo isso é falso. Quem vem para a Venezuela pode constatar com os próprios olhos o que acontece aqui.

Eu considero que cada país deve se ocupar de seu país. Cada presidente deve se ocupar dos problemas de seu país. A Venezuela é a Venezuela, e temos que resolver nossos problemas internamente. Ninguém tem que se meter nos problemas da Venezuela”.

Willian Alfredo, dirigente de movimento social:

“Em 20 de maio, votamos pelo nosso companheiro Nicolás Maduro Moros. É claro que [o novo mandato] é legítimo. Nós estamos conscientes de que ele está em Miraflores [sede do governo venezuelano] por meio dos votos, e em 10 de janeiro ele continua o seu mandato. Ele vai continuar o seu mandato. 

Eu penso que a embaixada norte-americana aqui na Venezuela está tramando algo. É uma intuição que tenho como venezuelano que sou. É uma pequena intuição que tenho como venezuelano”. 

Mirian Torrealba, educadora:

“Nós demonstramos, com a quantidade de eleições que tivemos, para avaliar o que queremos, como queremos e de que forma queremos a democracia. Nós somos um país extremamente democrata. 

Sinto muito que os países que nem sequer saibam da história da Venezuela se metam dentro dos assuntos da Venezuela. Porque isso diz respeito à Venezuela. E me parece uma falta de respeito que essa organização formada por presidentes, mas não pelo povo, desqualifiquem um país. Isso é uma violação de direito constitucional internacional. 

Como é possível que o Brasil fale de nós, sabendo que Lula da Silva e a camarada Dilma Rousseff são totalmente inocentes? Não tem legislação legal […] Não tem moral, porque primeiro precisam corrigir os seus erros internos”. 

*Com a colaboração de Tiago Angelo.

Edição: Daniel Giovanaz

Não deixe de assistir o programa especial da Tv Diálogos do Sul sobre a tentativa de golpe na Venezuela:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Fania Rodrigues

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