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“A América Latina, mesmo que os ingratos afirmem o contrário, é rebelde e resiste. Como resistem as pétalas das flores das 10 ao sol do meio dia”.
Ilka Oliva Corado*
A América Latina ainda não se rende, 500 anos de saques, genocídios, ecocídios e devastação e continua resistindo. Não será agora que vão nos vencer,
Memorizem isso: não nos venceram! Não vão nos vencer!
Que o saibam os covardes, genocidas, saqueadores, os vende pátria, los envolvidos e los traidores: não vão nos vencer.
Que tenham claro os corruptos, as oligarquias, os intervencionistas, os lacaios: não vão nos vencer.
Porque a América Latina é milenar: com raiz de carvalho, guanacaste e cacaueiro. Com frutos de memória, consciência e dignidade.
Mesmo que os traidores afirmem o contrário, América Latina, originária é fogo de lenha em casa de operário. É a foice, a enxada e o facão do lavrador. É o canto das cigarras atravessando a cordilheira, as mãos gastas das mulheres trabalhadoras. É o sorriso das crianças brincando. É a sabedoria dos campos abertos que abrigam as utopias, que dia após dia florescem nas plantações e nas ruas enlameadas do arrabalde. Mesmo que eles pensem no extermínio com as limpezas sociais, nós continuamos florescendo, como os arbustos na montanha e como as libélulas no temporal.
Que saibam, que tenham claro, que nunca esqueçam: estão lutando contra os filhos de uma terra que tem dado os frutos mais doces que a história do tempo tem podido contar: Che Guevara, José Martí, Bartolina Sisa, Las Adelitas, Violeta Parra, Bolívar, Fidel, Zapata, Pancho Villa, Tupac Amaru, Juana Azurduy, Sor Juana Inés de la Cruz, comandanta Ramona, El Niño Arañero, Lula, Dilma, Cristina, Rafael, Néstor, Mujica, Evo. Clarice Lispector, Carolina Maria de Jesus. Sandino, Víctor Jara, Árbenz, Mercedes Sosa, Evita.
Aqui há uma raiz profunda, aqui há uma terra fértil, aqui há sangue fervente, vontade, integridade de espírito. Mesmo que os lacaios afirmem o contrário. Não podem mudar a direção do vento, não poderão murchar a primavera mesmo que sequem todos os rios, não podem nos obrigar a renunciar e não poderão nos dobrar, porque em nós habita a memória, a força e a dignidade dos mártires e dos Povos Originários. Em nós habita o frescor dos cerros, dos bosques e das favelas.
A América Latina, mesmo que os ingratos afirmem o contrário, é rebelde e resiste. Como resistem as pétalas das flores das 10 ao sol do meio dia.
*Colaboradora de Diálogos do Sul.