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Guerra cambial é uma das táticas para minar governo venezuelano, dizem especialistas

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

Com o enfraquecimento da economia, a direita visa derrubar o atual presidente. Segundo o economista e assessor da Presidência da República Luis Enrique Gavazut, esses ataques têm como arma a guerra cambial.

Fania Rodrigues, no Brasil de Fato

A guerra em torno do câmbio da moeda gera impactos diretos na população, como o aumento do preço dos produtos / Agência Venezuelana de Notícias

A Venezuela sofre uma grave crise econômica, que tem afetado a população e a estabilidade política do país. Esse é um elemento central no contexto pelo qual passa o país, com eleições presidenciais e para representantes das assembleias estaduais e municipais marcadas para este domingo (20).

Prestes a realizar sua quarta eleição em menos de um ano, o país sul-americano vive hoje uma série de ataques à sua economia, no que especialistas definem como uma “guerra econômica”.

Nos últimos anos, partidos de direita no país, aliados a setores empresariais e a políticos dos Estados Unidos e da Europa, promoveram medidas que enfraqueceram a moeda venezuelana, o bolívar, em relação a outras moedas. Como resultado desse processo, ocorre o aumento dos preços dos produtos para a população e o desgaste do governo do presidente Nicolás Maduro (2013 – ), sucessor de Hugo Chávez (1999 – 2013).

Especialistas ouvidos pela reportagem apontam que, com o enfraquecimento da economia, a direita visa derrubar o atual presidente. Segundo o economista e assessor da Presidência da República Luis Enrique Gavazut, esses ataques têm como arma a guerra cambial.

“A guerra cambial basicamente consiste na manipulação tendenciosa do valor do câmbio do bolívar em relação a outras moedas, principalmente o dólar americano. Isso iniciou desde que uma série de páginas web começaram a publicar informações sobre um suposto mercado paralelo de divisas no país”, afirma Gavazut, que também é pesquisador membro do Observatório Econômico que assessora a Presidência venezuelana.

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O sociólogo argentino Marco Teruggi, radicado na Venezuela há cinco anos, explica como portais na internet controlam o valor do dólar paralelo e cria um cenário de hiperinflação. “O Dólar Today é uma página web que marca, em nível internacional, quanto vale o dólar paralelo e ilegal na Venezuela. Esse é um espaço de especulação que impacta sobre o bolívar de forma a desvalorizá-lo. Isso, por sua vez, aumenta os preços e a hiperinflação”, explica, se referindo a um dos principais portais de câmbio, que é administrado dos Estados Unidos e da Colômbia.

“O Dólar Today é uma página política que aumenta o preço do dólar antes das eleições, como está acontecendo agora, a poucos dias das eleições presidenciais. É uma ferramenta para desestabilizar a economia venezuelana”, afirma Teruggi.

Na prática, quem sofre com esses ataques da oposição ao governo é a população venezuelana. A dona de casa Yoeslis Solano, explica algumas dessas consequências.

“Aqui na Venezuela, neste momento, estamos vivendo uma guerra econômica que está agredindo o nosso povo, sobretudo o povo trabalhador. As empresas que estão atuando junto aos meios de produção nos maltratam subindo os preços, e isso nos prejudica. Vamos dizer que eu consiga comprar uma carne essa semana por 700 bolívares, na semana seguinte essa carne vai estar 1,5 mil ou 2 mil bolívares”, diz a venezuelana.

Como resposta a essa guerra econômica, o governo vem apostando na criação de uma moeda virtual, o petro, que foi lançado em fevereiro deste ano. Cada petro custará o equivalente a um barril de petróleo. Seis casas de câmbio internacionais já estão autorizadas a comercializar a nova criptomoeda venezuelana. 

Confira a videorreportagem:

Produção de vídeo: Yuliana Fuertes

Filmagem e edição de vídeo: Alba TV

Coordenação: Vivian Fernandes

Edição: Vivian Neves Fernandes


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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