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A 13ª Cúpula das Américas, que ocorreu entre 13 e 14 de abril em Lima, teve como objetivo principal tratar a questão da “governabilidade democrática frente à corrupção”, mas, a Organização dos Estados Americanos (OEA), entidade encarregada de organizar este evento, tem sobre si numerosas acusações de supostos delitos de corrupção.
Por TeleSUR
O ex-procurador da Missão de Apoio Contra a Corrupção e a Impunidade em Honduras (MACCIH), o advogado peruano Julio Arbizu conta, em entrevista à emissora radiofônica Ideele, no Peru, que a principal razão de sua renúncia foi a falta de apoio do secretário geral da OEA, Luis Almagro, à investigação que conduzia.
Arbizu ressalta que “quando empreendes uma cruzada anticorrupção e os corruptos te atacam é compreensível”, mas “quando quem te ataca é quem deve te respaldar, é porque o rio traz pedras e isso, antes tarde do que nunca, será conhecido. Honduras não merecia isto”.
“Posso confirmar que houve um acordo entre o governo de Honduras e a OEA para obstruir as tarefas da Missão anti corrupção” nesse país, afirmou Arbizu na entrevista.
Durante a conversa, o ex-procurador afirmou que durante seu trabalho em Honduras o governo de Juan Orlando Hernández e a OEA tentaram desacreditar a Missão anticorrupção, por ter encontrado um caso “muito grave que envolvia uma quantidade importante de deputados e de representantes do Poder Executivo do país”. Arbizu e o chefe da missão, o ex-ministro peruano Juan Jiménez, teriam recebido “uma série de ameaças por parte do governo”, conta.
Após receber estas ameaças, Jiménez tomou a decisão de ir “a Washington comunicar o sucedido ao secretário-geral da ONU, António Guterres, mas este não o recebeu. Depois, ele soube que “uma hora antes de menosprezar nossa visita, ele havia se reunido com os representantes do governo hondurenho”, diz.
Desvio de fundos por parte da OEA
Arbizu indicou que depois de encontrados vários casos de corrupção, Almagro enviou uma carta ao presidente hondurenho indicando que “apesar do apoio que demos à Missão em Honduras, não foi feito nada, então vamos aplicar corretivos”.
Os corretivos aplicados à Missão foram o bloqueio de fundos que a própria OEA administrava. O ex-procurador afirmou que “a comissão não funcionava em acordo com o governo, era basicamente uma cooperação internacional que respondia à OEA, que administrava e executava tais fundos”.
“Eu denunciei estes fatos à inspeção da OEA muito antes de tomarem a decisão de nos retirar e não nos respondiam. A verdade é que tem sido uma luta constante contra a instituição que devia nos respaldar. É lamentável a OEA estar nas mãos que estão”, apontou.
Denúncias feitas à OEA
Entre as denúncias que a OEA tem recebido se encontram a última eleição presidencial realizada em 26 de novembro em Honduras, o desaparecimento dos 43 estudantes da Escola Normal Rural de Ayotzinapa, no México, os casos de violência na Colômbia e as detenções políticas em vários países de América Latina.
Diante destes temas, a entidade não se pronunciou e tem guardado silêncio, enquanto mantém o enfoque na situação de Venezuela.
A OEA foi criada em 1948 com o objetivo de conseguir entre seus Estados Membros “uma ordem de paz e de Justiça, fomentar sua solidariedade, robustecer sua colaboração e defender sua soberania, sua integridade territorial e sua independência”, resenha a página do organismo.
Assim mesmo, detalha que os principais pilares da OEA se baseiam na “democracia, nos direitos humanos, na segurança e no desenvolvimento” dos 35 Estados independentes das Américas que integram este movimento.