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Em gestação intervenção ianque na Venezuela – no Peru a crise é evidente!
Temos o dever de nos unir e lutar contra o império…!
Hoje a crise continental está patente na Venezuela onde as forças mais reacionárias internas –com o evidente apoio de diversos governos da região- promovem uma intervenção militar estadunidense contra o país, como fica patente com a recente decisão adotada pelo espúrio parlamento venezuelano.
Outubro é, historicamente, um mês decisivo na história humana. No século XX, segundo o Calendário Gregoriano, um marco de inegável transcendência foi sem dúvida a Revolução Russa que, liderada por Vladimir Ilich, o Lenin, abriu uma nova etapa para a humanidade. Apesar de suas contradições ela continua sendo exemplo para os povos. Porém nos dias de hoje temos ocorrência de graves acontecimentos derivados da voraz política do império.
1 – O mundo à beira da guerra
Há quem assegura, não sem fundamento, que virtualmente já se iniciou a III Guerra Mundial. A política belicista da OTAN –que acaba de realizar uma reunião de cúpula em Varsóvia, diante das fronteiras da Rússia- gerou um confronto de alto nível. Porém nela não estão envolvidos só as “grandes potencias” de nossos dias, mas também países situados na “periferia”, ou seja, países ricos, produtores de matérias primas, que os grandes consórcios tratam de colocar sob seu domínio.
No cenário de hoje, Washington engatilha suas armas contra o Irã, promovendo a extensão da guerra no Oriente Médio. O petróleo e o gás constituem os carburantes de um conflito que se volta contra o povo sírio e pretende se estender para além das suas fronteiras, na “batalha de Mossul”, a antiga cidade de Ninive, no território de Iraque, uma das relíquias mais apreciadas da cultura humana.
Na verdade, as intenções agressivas do império se tornaram evidentes desde o início, quando o governo de EUA patrocinou o golpe neonazista na Ucrânia, com a ideia de barrar o acesso da Rússia aos mares contíguos. A intenção é firmar a hegemonia de una única e grande potencia capaz de desenhar o futuro da humanidade. A firmeza com que Moscou reagiu impediu a façanha. Isso levou a Casa Branca a patrocinar outras aventuras bélicas tanto contra os povos árabes como contra os asiáticos, o que agravou a crise na Síria que já se arrasta por cinco anos, com um rastro doloroso de morte e destruição.
Hoje os Estados Unidos formulam declarações belicistas em ameaça a Rússia, China, Coreia do Norte e a todos os países que de uma maneira ou outra resistem aos planos da OTAN. Não obstante a crise europeia, que levou à retirada da Grã Bretanha da União Europeia, que gerou um cenário virtualmente sem saída na Grécia, na Espanha e outros países, e que se coloca como uma verdadeira ameaça à paz mundial. A administração estadunidense não só não renuncia a seus planos bélicos como os assume com loquacidade e violência.
Essa realidade tem suscitado enérgicas respostas da parte de vários países. O presidente russo não esconde que já está a preparar seu povo para uma nova conflagração mundial e afirma que seu país está preparado para destruir Nova York em apenas 18 minutos. Ao mesmo tempo, analistas internacionais asseguram que pelo menos 22 capitais de países da Europa ocidental seriam destruídas numa primeira meia hora no caso de um conflito generalizado. No fundo, o medo de EUA é a aliança entre a Rússia e a China, o fortalecimento do acordo dos BRICS, que compromete o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e que constitui uma formidável muralha de contenção para os planos do império.
Estados Unidos por sua vez está manietado pela disputa eleitoral que culminará em 8 de novembro, quando se decide a sucessão de Barack Obama. Enquanto isso, grande número de observadores internacionais deploram hoje o nível em que está transcorrendo essa disputa eleitoral entre dois candidatos que só oferecem discriminação, ódio e guerra aos eleitores. Enquanto o candidato republicano mostra ostensível desprezo para com as populações latinas e africanas; a candidata democrata se empenha em assegurar a continuidade das guerras contra os povos.
A realização, em breve, de dois eventos internacionais: a Cúpula Ibero-Americana programada para os últimos dias de outubro em Cartagena; e a Reunião da APEC prevista para os dias 19 e 20 de novembro em Lima, constituem reflexos das crescentes tensões mundiais.
Neste contexto, na América se renova o bloqueio contra Cuba, cresce a campanha intervencionista e o golpismo contra Venezuela, bem como a ofensiva contra o Sandinismo na perspectiva de novas eleições nicaraguenses previstas para 6 de novembro. Enquanto isso, no Brasil, o repudiado governo de Michel Temer insiste em aplicar o “modelo neoliberal contra seu povo; o mesmo que ocorre na Argentina, com Maurício Macri, porém com uma crescente resistência da cidadania.
É claro que no nosso continente a luta que está dada não é só para defender as conquistas dos povos, ameaçadas pelo império e seus lacaios, mas também para afirmar a rota libertadora e a estirpe bolivariana no marco da conquista de nossa segunda independência.
2 – No Peru volta a correr sangue
No Peru, os fatos ocorridos em Apurimac em torno do manejo das estradas pelo consorcio MMG que explora “Las Bambas” e se enfrenta com as comunidades da região, tem deixado um rastro de sangue. O tema de fundo está vinculado com a voracidade dos monopólios mineradores que transportam por uma estrada vicinal, situada em terras de comunidades, em torno de 600 caminhões diários carregados com minérios, deixando uma nuvem de poeira e carregada de elementos tóxicos que contaminam tudo e afetam a população. Como ficou evidenciado, para executar seus planos a empresa se vale do apoio de unidades policiais na região, que essa mesma empresa financia para ter proteção. Isso culminou com o assassinato de Quintino Cereceda Huiza, que enlutou o país e manteve sublevada a população da região.
O governo de Pedro Pablo Kuczynski, empenhado em ditar normas democráticas ao regime bolivariano da Venezuela, não usa essas normas para abordar os problemas internos do Peru. Seu governo já não esconde estar corroído pelas máfias apristas e fujimoristas que operam na sombra, convencidos de que os acordos para governança lhes garante impunidade.
Nesse marco a APRA se perfila contra a Lei Universitária e o Sunedu, com o objetivo de retomar –em benefício das máfias- o controle das universidades nacionais. A crise que se vê hoje na Universidade San Luis Gonzaga, de Ica o projeto Veláquez Quesquén, confirma isso.
A errática política de conciliação levada pelo Executivo, bem como a persistência do chefe de Estado de alentar a agressão contra Venezuela, ao extremo de anunciar um “eventual” chamar o embaixador peruano em Caracas para que regresse a Lima, tudo isso contribui também para desmoralizar uma parte da cidadania que se iludiu com as promessas de “Peruanos pela Mudança”. Esses fatos confirmam o que o que mais interessa aos governantes é o conjunto de interesses da classe dominante.
Diante disso, não se trata de confiar no comportamento de um caudilho ou outro, de um segmento ou outro. Do que se trata é de afirmar a consciência do povo sobre sua capacidade de combate.
3 – A unidade das forças progressistas é essencial
Para executar uma política independente e de classe, é essencial construir a unidade real das forças democráticas e progressistas da sociedade peruana. Sem ela não será possível vencer os inimigos de nosso povo.
A recente crise surgida no interior da Frente Ampla, foi superada com habilidade. Um do segmentos em disputa optou por recolher assinaturas para assegurar sua inscrição eleitoral e ao mesmo tempo manter fechado o espaço da Frente para outros segmentos. Contudo, isso implica um acordo transitório, eleitoral, que não responde ao desafio essencial da atualidade: a urgente necessidade de Unidade Política. Esta continua sendo uma tarefa pendente.
Num espaço do movimento popular se gestam aproximações e vontades mas não se concretizam. Objetivamente, Gregório Santos, Vladimir Cerrón, Andrés Alcántara e o Movimento dos Fonavistas, têm ainda um longo caminho pela frente a percorrer. Há que buscar que se nutra de séria e responsável vontade política que permita que essas forças –e outras- se somem na luta por um programa político comum que inclua tanto tarefas nacionais como também as causas internacionalistas vinculadas ao processo emancipador letino-americano, e a luta contra o imperialismo e pela paz mundial.
A unidade dos comunistas, que assoma como uma espécie de “fusão” dos partidos que atuam com esse nome, não se dá com passos concretos. A “celebração conjunta” do 7 de outubro, em homenagem ao Partido de Mariátegui, não passou de ser uma cerimônia ritual sem conteúdo de classe nem compromisso efetivo. Simplesmente não apareceu o propósito unitário anunciado. Ao contrario, apareceram críticas pseudo-teóricas a fundamentar a inconveniência dessa unidade.
Entendemos que essa unidade deve concretizar-se, mas não por vias administrativas de caráter burocrático e eleitoral, mas por uma ação comum e essência política. Para isso requer-se afirmar três passos: um acordo real –não formal- de vontade unitária; uma plataforma unitária elementar; e um conjunto de tarefas comuns a ser aplicadas por todas os coletivos interessados nessa unidade. Além disso, urgem dois conceitos adicionais: um período de “prática unitária” para que a militância se acostume a trabalhar juntos, e a ideia –absurda- de somar a todos. Porque a unidade dos comunistas –a verdadeira unidade- não pode ser a soma aritmética dos militantes de cada um dos dois partidos que se dizem comunistas. Pela errática e estreita conduta de alguns dirigentes dos coletivos, surgiram outros com o mesmo discurso, e tampouco os comunistas sem partido continuam fora das estruturas formais sem tem renunciado a seus princípios nem a suas lutas.
4 – Construir uma verdadeira vanguarda do povo
A realidade é que a luta do povo peruano requer com urgência uma verdadeira e legítima vanguarda. Não uma que se proclame “com direito” de sê-lo. Uma que realmente exerça o papel de Vanguarda, que seja capaz de realizar as quatro tarefas essenciais necessárias para o movimento: Construir os espaços unitários indispensáveis; organizar os trabalhadores e o povo; politizar e forjar consciência de classe; e, promover e travar as lutas.
Esta seria a única maneira de prestar uma verdadeira homenagem à criação heróica de José Carlos Mariátegui e valorizar na nossa dimensão o legado da gloriosa Revolução Socialista de Outubro, em cujo centenário se celebra um episódio medular do século XX.
É nessa rota e em suas próprias lutas que deve seguir o povo peruano.
Lima outubro de 2016.
Centro de Estudos Democracia, Independência e Soberania – Cedis