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A Rede de Comunicadores do Mercosul (RCM) está em marcha. É uma construção coletiva que colocou como objetivo central de seu trabalho a produção e difusão de conteúdos para a integração regional. Se bem reconheça sua origem na Reunião Especializada de Comunicação Social do Mercosul (RECS) – www.recs.org.ar – a rede foi concebido e desenvolvida a partir do interior profundo do espaço regional, segundo as práticas e realidades de seus comunicadores.
A RCM tem hoje quatro papeis claramente definidos: 1) coordenar estratégias e ações entre a diversidade dos atores comunicacionais que trabalham pela integração regional; 2) promover a produção de conteúdos orientados a tal fim; 3) priorizar a capacitação no campo da comunicação; 4) promover o acionar das diferentes organizações através da difusão de suas atividades e o encontro entre as mesmas.
Além disso, a RCM vem trabalhando como um espaço de articulação entre as diversas estruturas do Estado e as organizações dos comunicadores.
Com relação a estes objetivos, a RCM entende que a difusão do cultural a partir do espaço dos comunicadores sociais é um fato articulador, aceitado e reconhecido como tal na territorialidade concreta do Mercosul, e que temas tais como uma visão histórica integral de nossos povos, desde o mais remoto até a atualidade, suas lutas pela emancipação e integração regional, a difusão de suas criações artísticas, musicais, literárias e inclusive de suas conquistas esportivas, a defesa dos recursos naturais, dos aquíferos da região, da biodiversidade, a denúncia da monocultura, do uso e abuso do uso do solo, a reivindicação sul-americana de Malvinas, de uma só geopolítica regional e muitos outros temas tais como a violência de gênero, o tráfico de pessoas, o narcotráfico, os direitos humanos, o trabalho informal, o trabalho infantil, as migrações internas, o despovoamento rural, a concentração urbana, são temas que a nosso ver devem ocupar um lugar permanente no trabalho cotidiano de todos os comunicadores.
Nesse marco, a RCM considera oportuno ressaltar que a complementação do público com as organizações e meios sociais, como também a heterogeneidade de ferramentas comunicacionais (web, tv, rádios, produção audiovisual, etc.), colocam um marco concreto de trabalho que devemos analisar detidamente. E reconhecer também que esta realidade, particularmente na Argentina, se potencializou pela erupção dos Polos da Televisão Digital Aberta, o papel das Universidades, a renovação das Rádios Nacionais e Universitárias, a presença de comunicadores do INTA, da Subsecretaria de Agricultura Familiar da Nação, do Renatea e a nova dinâmica que a AFSCA imprime em sua gestão. Consideramos prioritário, então, estimular essas iniciativas, coordenando esforços e não sobrepondo recursos.
Por outro lado, destacamos também o papel das Cúpulas Sociais do Mercosul na facilitação de diversos encontros, relações e a possibilidade de ter uma visão mais abrangente do processo de integração regional. Nesse sentido, a Comissão de Comunicação do Conselho Consultivo da Sociedade Civil (CCSC) é uma referencia concreta nessas instâncias – ccsc.mrecic.gov.ar
Como avaliação, interessa-nos mostrar que este processo nos tem permitido visualizar a complexidade da construção mercosulista e, no que diz respeito especificamente à comunicação, enfrentamos a uma realidade que apresenta uma grande diversidade de legislações, de desenvolvimentos organizacionais, de concepções diferentes sobre o papel dos Estados na política comunicacional, e uma forte estratégia de defesa de seu espaço por parte dos principais meios coorporativos de cada país do Mercosul, enquanto – há que reconhecer – existem ainda entre nós numerosas limitações no que se refere ao trabalho em comum, à coordenação de nossas práticas, e à elaboração de projetos em conjunto, carências todas que já não podemos atribuir exclusivamente ao Estado.
Com relação ao organizativo, a RCM está constituída atualmente pelas regiões NEA, Centro e Andina. Também fortaleceu sua relação com os meios populares e organizações sociais do Paraguai e com a Coalisão para uma Comunicação Democrática do Uruguai. Estamos gestando os vínculos com Venezuela e Bolívia e avançamos lentamente com relação ao Brasil.
Esta realidade nos provoca as seguintes interrogantes. A integração regional aparece em nossas práticas, em nossas construções comunicacionais? Estes temas se refletem como produto da notícia de um dia ou estão integrados a uma estratégia do meio ou da organização/instituição da qual participamos?
Nesse sentido, nos últimos meses a RCM juntou varias ferramentas de meios estatais que nos permitem ter elementos cotidianos para nos informar, elaborar conteúdos, desenvolver estratégias comunicacionais na matéria, a mais longo prazo. Nos referimos, entre outros, ao portal Vozes do Sul das Rádios Nacionais do continente, o Panorama Mercosul da Rádio Nacional, a Síntese da Imprensa Estrangeira, os comunicados à imprensa da chancelaria, da AFSCA, a informação gerada ou difundida por diferentes agências: APCS, ANSOL, materiais gráficos, Imprensa de Direitos Humanos, as notícias que nos veem dos médios comunitários, etc.. Nesta direção, o Boletim de Notícias da RCM e o programa Síntese, são duas contribuições concretas de nossa parte.
No que concerne à formação, consideramos que as demandas atuais aparecem fundamentalmente em tono a questões vinculadas a temas medulares que tem que ver com o político-ideológico (Quando falamos de integração regional do que estamos falando?) e ao que chamamos “o básico”: edição, produção, etc..
Estamos transitando um caminho, tendo presente que há uma quantidade enorme de práticas e organizações que vêm trabalhando nesse terreno desde há muitos anos e que com humildade e militância devemos tratar de coordenar e contribuir a esses processos a partir de nosso próprio papel.
Hoje dispomos de um sítio web – www.redcomsur.org – para intercambiar informação, um FTP, um plano de capacitação e capacitadores, níveis de coordenação entre o estatal e as organizações sociais, produção de conteúdos, ferramentas de difusão, entre outras materializações; todas elas em função de colaborar para aprofundamento e integração dos modelos nacionais e populares que hoje existem no Mercosul e na região sul-americana. Este é e continuará sendo o objetivo central de nossas ações.