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Teremos que plantar bananas…

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

 

Cléo Vieira-Vernier*

Aqui em Paris fala-se muito agora de Doha, a conferencia internacional sobre o clima, segunda fase do Protocolo de Kyoto, iniciada em 26 de novembro. Um relatório do IPCC (instituição da ONU para subsidiar cientificamente os governos membros sobre as mudanças do clima e suas consequências) ou aquele ultimo e dramático do Banco Mundial (18/11/201) assinalam que a temperatura na superfície da terra se elevara em média de 5,8 graus ao longo dos próximos cem anos.

Pudera, todo mundo, ou quase, está preocupado com relatórios que consideram as duas ultimas décadas como as mais quentes dos últimos cem anos. Assim Rue 89 (20/11/2012) intitula um artigo “o mundo + 4 graus”. As evidências já estão ai: o nível do mar que se eleva e a grave alteração do padrão regular das chuvas, o derretimento acelerado das geleiras do Ártico e EL Nino que nos visita, a nos latino-americano, com maior presença. Breve, o mundo será incuravelmente mais quente neste século e os oceanos mais ácidos.

As mudanças climáticas têm influenciado a agricultura mundial, no entanto o que mais preocupa são as consequências sobre a agricultura alimentar. Em particular uma severa seca e desertificação nas áreas Árida e semi-árida do sul da África, do Oriente Médio e da Europa do Sul. A contrario, submersão das zonas agrícolas situadas nos deltas do Nilo, do Ganges e do Mekong. Todos sabem que os países em desenvolvimento (nosso Sul emblemático) constituem o graneiro do mundo. Assim o desafio maior para nós e outros está em como se adaptar a essa mudança climática planetária que assinalara o decréscimo da produção agrícola em muitos países tropicais e subtropicais, especialmente da América Latina, com repercussão nos preços mundiais dos gêneros alimentícios. Isso para não falar no aumento das doenças endêmicas, como a malária. Nessa perspectiva de baixa da produtividade, como, por exemplo, fornecer alimentação adequada aos já hoje 800 milhões de mal nutridos pelo mundo (a menos de dobrar a produção nos próximos 35 anos, segundo um dos ditos relatórios).

“Noticias do Terra” salienta que um recém-publicado relatório do CGIAR (grupo Consultor de Pesquisas Agrícolas Internacionais) afirma serem as bananas uma salvação para milhares de pessoas no mundo em aquecimento. O produto poderá substituir a batata que com o trigo e o arroz estarão em queda brutal. Até mesmo o café, como a soja, é susceptível às mudanças climáticas. A opção banana, para os pequenos produtores, creio, é a que melhor se adapta ao clima quente.

Aqui em Paris, a banana é vendida ao quilo. Será que no Brasil ainda se compra às dúzias? Por aqui, custam dois euros o quilo, a nanica por certo. Bom motivo para plantar bananas, e por em funcionamento nossa capacidade de iniciativa e de resistência. Eu  já comecei,  tenho uma bananeira no meu apartamento. Planta linda, considerada “exótica”, mas estéril. Vamos modificar nosso comportamento.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Revista Diálogos do Sul

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