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ToggleMais de 300 manifestações assinalaram o Dia do Trabalhador na França, desta vez convocadas pela Intersindical que junta as principais centrais sindicais do país e tem promovido os protestos contra a reforma das pensões.
Com a luz verde do Conselho Constitucional a esta proposta do Governo sem aval do Parlamento, Emmanuel Macron acreditou que isso iria desmobilizar o protesto, mas a mobilização desta segunda-feira (1) desmentiu-o.
Sindicatos na França: protestos vão continuar até que Macron cancele reforma da previdência
Segundo os números do Ministério do Interior, saíram à rua 782 mil manifestantes neste 1º de Maio, quando no ano passado o mesmo organismo tinha divulgado 116.500. Já a CGT anunciou a presença de 2,3 milhões de manifestantes na França, dos quais 550 mil em Paris.
Este foi o segundo maior 1º de Maio do século XXI francês, ultrapassado apenas pelo de 2002. Há 21 anos a data calhou entre as duas voltas das presidenciais e as manifestações transformaram-se numa gigantesca mobilização contra o fascismo e a presença de Jean Marie Le Pen na segunda volta, onde seria derrotado por Jacques Chirac.
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Ao longo de toda a tarde, houve cargas policiais violentas, acompanhadas pelo lançamento de gás lacrimogéneo e granadas atordoantes
Derrota do governo
Agora, para a recém-eleita líder da CGT, Sophie Binet, a participação foi “um desmentido contundente da estratégia de Emmanuel Macron, porque não há apaziguamento. Ao contrário do que pede o Governo, a página não foi virada”.
Para a líder sindical, “há um contraste chocante entre o que está a acontecer nas ruas, uma mobilização unitária, uma população solidária, e um Presidente da República que nunca esteve tão solitário”.
Além deste protesto, os sindicalistas olham para duas datas do calendário institucional: esta quarta-feira o Conselho Constitucional vai pronunciar-se sobre uma segunda proposta de referendo, depois de ter rejeitado a primeira a 14 de abril; e a 8 de junho o Parlamento pode vir a pronunciar-se pela primeira vez sobre a reforma das pensões, caso vá a votos a proposta do grupo de deputados independentes LIOT para revogar a medida.
Entretanto, os sindicatos querem aproveitar a dinâmica das lutas para pressionar o Governo a ceder noutras matérias, ao longo das reuniões solicitadas pela primeira-ministra Elisabeth Borne. E prometem anunciar já esta terça-feira as próximas etapas da mobilização.
Unidade sindical é peça-chave dos protestos contra reforma previdenciária na França
Mas é nas ruas que se joga o desenlace desta luta, advertiu o líder da França Insubmissa em Paris. “Não desistam de nada, nunca! A luta continua até à vitória. Enquanto homem de idade que sou, já vi muitos senhorzinhos que se julgavam indispensáveis e que foram derrubados. Não se deixem domesticar, custe o que custar!”, apelou Jean-Luc Mélenchon, citado pelo Mediapart(link is external), prometendo a recuperação da reforma aos 60 anos.
A par do desfile, o 1º de Maio em Paris ficou também marcado por ações de grupos ecologistas como o Extinction Rebellion, ao “vestir” a estátua da Praça da República com um colete onde se lia “Macron demissão” e ao lançar tinta laranja na fachada da Fundação Louis-Vuitton, financiada pelo grupo de artigos de luxo LVMH, cujo líder Bernard Arnault tem alternado com Elon Musk no topo da tabela dos mais ricos do mundo.
? Les militants de Extinction Rébellion recouvrent de peinture la fondation Louis Vuitton.
Action « contre les riches » en solidarité avec les travailleurs pour la journée du #1erMai. pic.twitter.com/zALbr9uJ21— Clément Lanot (@ClementLanot) May 1, 2023
A violência dos confrontos com a polícia foi outro dos destaques das manifestações em várias cidades. Em Paris, centenas de manifestantes vestidos de negro colocaram-se à frente do cortejo, vandalizando montras de lojas e bancos e lançando foguetes e cocktails molotov contra a polícia, mas também contra o stand do PC francês, ferindo ligeiramente alguns militantes, enquanto o seu líder Fabien Roussel teve de ser retirado do local.
Ao longo de toda a tarde, houve cargas policiais violentas, acompanhadas pelo lançamento de gás lacrimogéneo e granadas atordoantes, e mais de cem detenções em Paris e outras 200 no resto do país.
Redação | Esquerda.Net
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