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Faroeste fascista e auto golpe de Estado: o que ação na casa de Roberto Jefferson nos revela

Faltando menos de uma semana para o segundo turno entre Jair Bolsonaro e Lula, todos os recursos do Jogo Real da Política vão sendo empregados
Bruno Beaklini
Diálogos do Sul Global
Porto Alegre (RS)

Tradução:

Na tarde de domingo 23/10, o ex-deputado federal Roberto Jefferson recebeu a tiros uma equipe da Polícia Federal (PF) ao receber voz de prisão em sua casa no sul do estado do Rio de Janeiro. O ex-advogado criminalista e aliado estratégico de Bolsonaro tinha em posse a dois fuzis e granadas de fragmentação, lançadas pelo criminoso de elite contra um delegado e uma agente, vindo a ferir ambos.

A negociação foi igualmente absurda, sendo intermediada pelo falso padre Kelmon – o candidato que veio a substituir Jefferson na campanha de primeiro turno para a Presidência. O final, ainda mais ridículo. A residência cercada, o agente usa a técnica de confraternizar com o agressor ao negociar a rendição. 

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O ex-parlamentar de 69 anos estava com apoiadores e as redes sociais e veículos de extrema direita (como a audiência da Jovem Pan), através da prática comunicacional, termina convocando apoiadores locais. Um deles, por sinal, agrediu um repórter cinematográfico da afiliada local da Rede Globo gerando lesão corporal grave no trabalhador.

Importante lembrar que Jefferson se encontrava em prisão domiciliar e por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), foi decidida sua remoção a uma penitenciária. O dirigente do PTB cavou sua própria prisão dias antes, ao ofender com termos impublicáveis a ministra da suprema corte, Cármen Lúcia, contestando seu voto a favor do combate às fake news

Faltando menos de uma semana para o segundo turno entre Jair Bolsonaro e Lula, todos os recursos do Jogo Real da Política vão sendo empregados

Reprodução – Twitter
O Faroeste Fascista é a versão popularesca da ofensiva política do bolsonarismo




Tratamento desigual

Além do tratamento policial desigual, o que foi relevado nesta ópera bufa? Esconder o anúncio do atual ministro da Fazenda, Paulo Guedes, de que se Bolsonaro for reeleito vai mudar o índice de correção do salário mínimo, reduzindo o poder de compra em 10% ao ano? Esconder a segunda jogada, que seria capitalizar a Previdência, aplicando no Brasil o modelo chileno de aposentadoria? Com isso, a meta qual seria?

Criar um martírio do criminoso Roberto Jefferson, revidando com força letal o ataque de quem recebeu voz de prisão? Ou então, radicalizar as forças policiais, com o risco real de Jefferson assassinar uma agente federal? Quem sabe ainda mais dramático, com um cerco ofensivo da residência, culminando com invasão tática e resultando no suicídio do neofascista sendo transmitido em televisões de envergadura nacional e através de redes sociais de extrema direita?

O certo é que qualquer pessoa acusada de infração tendo origem negra e residente em periferias e comunidades pobres, na maior parte das operações policiais, recebe um nível de letalidade mil vezes maior. Também é correto pensar que faltando menos de uma semana para o segundo turno entre Jair Bolsonaro e Lula, todos os recursos do Jogo Real da Política vão sendo empregados.

Atentados eleitorais ou comoções sociais vindas de terrorismo oficial ou de extrema-direita não são novidade na história brasileira. O jogo real é o uso total de instrumentos de influência, legais ou não, verídicos ou mentirosos (daí o inquérito das fake news), violentos ou de tipo psicossocial. Está nos manuais este receituário, e a manipulação de corações e mentes através de algoritmos programados forma a versão atual da cartilha dos auto golpes de Estado.

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O Faroeste Fascista é a versão popularesca da ofensiva política do bolsonarismo. As ameaças são reais e a capacidade de reação da militância deve se projetar sob o prisma dos agressores, compreendendo que a extrema-direita pode ir muito além de qualquer freio de legalidade. 

Bruno Lima Rocha | Cientista político, jornalista e professor de Relações Internacionais.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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