No sistema mundial emergente, a América Latina tem a oportunidade de libertar-se da influência dos Estados Unidos, afirmou o intelectual norte-americano Noam Chomsky ao participar pela internet de um evento que se realiza hoje aqui.
Chomsky abordou distintos aspectos da atualidade regional e mundial durante sua intervenção na Feira Internacional do Livro e das Ciências Sociais, organizada pela comuna de Recoleta, no norte da capital chilena.
O politólogo estadunidense considerou relevante a cooperação e o apoio mútuo entre os países da área, por meio de mecanismos de integração como a União de Nações Sul-Americanas e, mais amplamente, a Comunidade de Estados Latinoamericanos e Caribenhos.
Também destacou a importância da intensificação das relações comerciais e diplomáticas da região com a China.
Chomsky lembrou que, durante os primeiros dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil tornou-se um ator importante na cena mundial, muito apreciado por suas iniciativas, e existem os primeiros indícios de que este status poderá ser recuperado.
Para o reconhecido analista político, “os últimos acontecimentos na América Latina oferecem de novo alguma esperança de fazer frente a males que envenenaram o que deverão ser sociedades prósperas e florescentes, embora não sem uma luta intensa, como bem sabe o povo do Chile”.
Mostrou que se está avançando de um modelo com centros de poder tradicionais, como os Estados Unidos, para uma espécie de multipolaridade.
Um exemplo recente e espectacular – disse – é o acordo entre o Irã e a Arábia Saudita, até agora inimigos ferrenhos, o que poderia pôr fim à guerra no Iêmen.
Este acordo constitui um avanço para a paz, dá uma guinada na antiga política estadunidense e suscita grande preocupação nas altas esferas, afirmou.
A feira do livro da municipalidade chilena de Recoleta, que começou em 6 de abril e se estenderá até o dia 16, transcorre no contexto dos 50 anos do golpe de Estado contra o governo da Unidade Popular de Salvador Allende.
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Tradução: Ana Corbisier.
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