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Análise: China denuncia perigos da hegemonia dos EUA à estabilidade e paz mundial

Dividido em 5 capítulos, o texto critica Washington por sua longa história de tentativas para moldar outros países e a ordem mundial
Redação Misión Verdad
Misión Verdad
Caracas

Tradução:

O Ministério para Assuntos Exteriores da China publicou em 20 de fevereiro um informe intitulado “A hegemonia estadunidense e seus perigos”, documento extenso que tem a finalidade de “expor o abuso da hegemonia dos Estados Unidos” em aspectos políticos, militares, econômicos, tecnológicos e culturais, citando fatos para que a comunidade internacional possa ver mais a fundo “os perigos das práticas deste país em detrimento da paz e da estabilidade mundiais e do bem estar de todos os povos”.

Trata-se de uma análise que permite conhecer a perspectiva da China sobre a atual e decadente fase da hegemonia estadunidense, que se mostra como uma torção ao paradigma enunciativo típico da diplomacia de Pequim.

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O informe se divide em cinco capítulos. Hegemonia política: lançando seu peso em torno; Hegemonia militar: uso desenfreado da força; Hegemonia econômica: saqueio e exploração; Hegemonia tecnológica: monopólio e supressão; e Hegemonia cultural: difusão de falsas narrativas.

No preâmbulo do documento se afirma que, depois de tornar-se a potência número um do mundo por meio de duas guerras mundiais e da Guerra Fria, os Estados Unidos ficaram ainda mais temerários na hora de interferir nos assuntos internos de outros países, “buscar a hegemonia, mantê-la, abusar dela, subvertê-la e infiltrar-se, e fazer a guerra a cada passo em agravo à comunidade internacional”. Com o pretexto da democracia, da liberdade e dos direitos humanos, os Estados Unidos costumam agitar revoluções coloridas, instigar disputas regionais e até travar guerras diretamente.

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“Os Estados Unidos intensificaram a política de blocos e avivaram o conflito e o confronto. Exageraram o conceito de segurança nacional, abusaram dos controles de exportação e impuseram sanções unilaterais a outros. Adotaram um enfoque seletivo do direito e das normas internacionais, utilizando-os ou descartando-os segundo seus interesses, e trataram de impor normas que sirvam a seus próprios interesses em nome da defesa de uma ‘ordem internacional baseada em normas‘”.

Nos cinco capítulos, o texto critica Washington por sua longa história de tentativas para moldar outros países e a ordem mundial de acordo com os valores e sistemas políticos estadunidenses sob a bandeira da chamada democracia e dos direitos humanos. O documento cita uma série de exemplos que demonstram que a história desse país está marcada pela violência e pela expansão, que a hegemonia militar estadunidense se tornou uma tragédia humanitária e que seu despotismo econômico e financeiro tornou-se uma arma geopolítica.

Outros dados expõem como os Estados Unidos monopolizaram e bloquearam o desenvolvimento de outros países no campo da alta tecnologia, e também as ferramentas culturais em que se apoiou para blindar sua hegemonia global.

Dividido em 5 capítulos, o texto critica Washington por sua longa história de tentativas para moldar outros países e a ordem mundial

Portal Vermelho
O maior rival da hegemonia estadunidense é a China, daí os esforços por cercá-la




Vigência, atualidade e a hegemonia política

Graças a sua vigência na atualidade, e em razão das afinidades com o caso venezuelano, destacamos alguns dos pontos elencados no informe:

Na seção da hegemonia política, mencionam-se as revelações que o ex secretário de Estado, Mike Pompeo, fez em seu livro Never Give An Inch (en português, Nunca cedas uma polegada), especificamente os planos de intervenção contra o governo da Venezuela: “O plano era obrigar o governo de Maduro a chegar a um acordo com a oposição, privar a Venezuela de sua capacidade de vender petróleo e ouro em troca de divisas, exercer uma grande pressão sobre sua economia e influir nas eleições presidenciais de 2018”.

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A frequência com que os Estados Unidos abandonam tratados e organizações internacionais para pôr seu direito interno acima do direito internacional. São citados casos recentes, como o abandono em 2017 do Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas e a retirada em 2018 do Conselho de Direitos Humanos da ONU, “citando a ‘queda’ da organização contra Israel e a falta de proteção efetiva dos direitos humanos”. No âmbito de tratados internacionais militares, os Estados Unidos anunciaram em 2019 sua saída do histórico Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário ou INF (na sigla em inglês), e em 2020 do Tratado de Céus Abertos.

Os blocos que os Estados Unidos estão formando na região do Indo-Pacífico, com claras intenções de desestabilizar a relação da China com os países vizinhos mediante coerções para que tomem partido a favor dos interesses estadunidenses. São mencionados os casos de “clubes exclusivos como Five Eyes (Cinco Olhos), Quad e AUKUS”.


Hegemonia militar

Na seção de hegemonia militar, reúnem-se em cifras a tragédia humanitária que isto significou para o mundo. Desde 2001 mais de 900 mil pessoas morreram e dezenas de milhões tornaram-se refugiados, fruto das guerras estadunidenses em nome da “luta contra o terrorismo”. Um dado que também foi indicado pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, em um discurso de 21 de fevereiro na Duma russa.

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Citando Alex Lou, colunista do South China Morning Post, o informe afirma que os Estados Unidos praticamente não fazem diferença entre diplomacia e guerra: “Derrubaram governos eleitos democraticamente em muitos países em desenvolvimento durante o século XX, substituindo-os imediatamente por regimes títeres pró estadunidenses. Hoje na Ucrânia, Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria, Paquistão e Iêmen, os Estados Unidos estão repetindo suas velhas táticas de travar guerras de terceiros, de baixa intensidade e com aviões não tripulados”.


Hegemonia econômica

Na seção de hegemonia econômica, destacam-se os dados relativos à política de sanções dos Estados Unidos, que nos últimos anos dobraram a aposta nestas medidas unilaterais e estenderam o alcance extraterritorial de seu direito interno, o que implicou em que entidades e pessoas estrangeiras ficassem sob sua própria jurisdição em virtude do uso da força.

Segundo o texto, as sanções ilegais dos Estados Unidos contra entidades estrangeiras aumentaram 933% nos últimos 20 anos. Uma boa parte delas foi emitida durante o governo de Donald Trump: 3.900 que, na média, representam três sanções por dia. Quase 40 países sofrem estas medidas, entre eles Cuba, China, Rússia, Coreia do Norte, Irã e Venezuela, diz o informe. Estas ações unilaterais afetam quase a metade da população mundial.

“Os Estados Unidos tornaram-se os ‘Estados Unidos das Sanções’. E a ‘jurisdição de braço longo’ reduziu-se a uma ferramenta para que usem seus meios de poder estatal para reprimir os competidores econômicos e interferir nos negócios internacionais normais. Este é um desvio sério dos princípios de uma economia de mercado liberal, de que os Estados Unidos se vangloriaram durante muito tempo”.

O informe também afirma que os “Estados Unidos politizaram, militarizaram e ideologizaram a questão da tecnologia”. Os Estados Unidos generalizaram o conceito de segurança nacional, utilizando seu poder para reprimir e “sancionar” a empresa Huawei. Foram inventados diversos pretextos para perseguir e suprimir as empresas chinesas de alta tecnologia competitivas em escala internacional, e mais de mil empresas chinesas foram incluídas em diversas listas de “sanções”.

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Os Estados Unidos também impuseram controles sobre tecnologias de ponta como a biotecnologia e a inteligência artificial, endureceram os controles de exportação e o escrutínio dos investimentos, suprimiram aplicações de meios sociais chineses como TikTok e WeChat, e pressionaram os Países Baixos e o Japão para que restrinjam as exportações de chips, equipamentos e tecnologias relacionadas à China.


Hegemonia cultural

Na questão da hegemonia cultural, os Estados Unidos têm métodos de intervenção direta, por exemplo por meio da indústria de Hollywood, mas também métodos indiretos como a infiltração dos meios de comunicação. “A mídia ocidental dominada pelos Estados Unidos tem um papel particularmente importante na formação da opinião pública mundial a favor de sua intromissão nos assuntos internos de outros países”, diz o documento.

Um exemplo recente mencionado é o da rede social Twitter, que ficou exposta por censurar conteúdos por ordem do governo estadunidense. Esta prática se estende a todas as principais plataformas deste tipo, que inclusive têm ex funcionários estadunidenses em postos de importância dentro de suas empresas.

“Os Estados Unidos e a Europa excluem de seus países os principais meios de comunicação russos, como Russia Today e Sputnik. Plataformas como Twitter, Facebook e YouTube restringem abertamente as contas oficiais da Rússia. Netflix, Apple e Google eliminaram os canais e aplicações russos de seus serviços e lojas de aplicativos. É imposta uma censura draconiana sem precedentes sobre o conteúdo relacionado com este país”, reclama o texto.


Respostas e contexto do informe

A China lançou esta granada diplomática enquanto o presidente estadunidense, Joe Biden, visitava seu homólogo Vladimir Zelenski na capital ucraniana, e contrastava os valores estadunidenses com os dos “Estados autoritários” em um discurso em Varsóvia.

O Ministério de Assuntos Exteriores chinês traduziu para o inglês o artigo que tinha publicado e o distribuiu para os jornalistas dos meios de comunicação ocidentais.

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Na quinta-feira, 23 de fevereiro o embaixador dos Estados Unidos na China, Nicholas Burns, respondeu pelo Twitter que o informe publicado pela China era “propaganda grosseira, não a forma como deve comportar-se uma grande potência”.

O tom e o conteúdo das acusações do Partido Comunista Chinês são uma resposta às decisões que Washington tomou contra o país asiático e seu governo, desde a guerra comercial até o aumento de tropas estrangeiras em Taiwan, passando pela batalha tecnológica dos semicondutores e a “estratégia no Indo-Pacífico” inventada para cercar a China; tudo isso deteriorou as relações entre as duas potências.

Durante as últimas semanas, o governo de Biden focou o confronto na derrubada de um suposto “balão de espionagem chinês” que sobrevoava o espaço aéreo estadunidense. Depois de emitir histéricas acusações contra Pequim, finalmente a Casa Branca afirmou publicamente que os três ataques com balões não tinham nada a ver com a China. Provavelmente “estavam relacionados a entidades comerciais ou de pesquisa e, portanto, eram inofensivos”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby.


Quebrando a hegemonia estadunidense

Wang Yi, o mais alto diplomata chinês, reuniu-se com o secretário de Estado estadunidense Antony Blinken em 19 de fevereiro, durante a Conferência de Segurança de Munique. Um comunicado de imprensa do Ministério de Relações Exteriores chinês indicou que a reunião foi um “contato informal a pedido dos Estados Unidos”. A Administração Biden já tinha baixado o tom sobre o incidente do balão.

O diplomata chinês expressou a posição firme de seu país sobre o incidente do balão e pediu aos Estados Unidos para mudar o rumo, enfrentar e resolver o dano causado pelo uso indiscriminado da força nas relações sino-estadunidenses.

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Um detalhe muito importante é que, além de reunir-se com Blinken, Wang Yi também se encontrou com vários ministros de Assuntos Exteriores e autoridades da União Europeia, Reino Unido e Japão. Fazendo bom uso do mecanismo de diálogo de alto nível, expressou repetidamente o desejo da China de reatar a cooperação em diversos campos depois de superar o impacto da epidemia.

Com a visita do representante diplomático chinês à Europa ocidental, a primeira desde a mudança de estratégia de Pequim para prevenir e controlar a epidemia da covid-19, o governo chinês demonstrou sua boa vontade para integrar-se ativamente ao mundo pós pandêmico afirmando que, se houver algum problema nas relações sino-europeias, isso será devido ao cerco estadunidense por considerações políticas.

“A hegemonia estadunidense e seus perigos” ilustra muito bem uma das coincidências que existe entre a China e a Rússia: a oposição a um mundo sob o domínio praticamente ditatorial dos Estados Unidos. É por isso que destaca a visita que o diretor da Agência da Comissão Central de Assuntos Exteriores do Partido Comunista Chinês, Wang Yi, fez a Moscou um dia depois da publicação do documento, depois de sua viagem pela Europa ocidental, na véspera de um ano da Operação Militar Especial (OME) russa na Ucrânia.

Yi se reuniu com o presidente Putin depois que este pronunciou um longo discurso sobre o estado da nação, em que aproveitou para esclarecer que o enfrentamento atual não era contra o povo ucraniano e sim contra o “regime de Kiev e de seus senhores ocidentais, que de fato ocuparam o país”.

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Segundo o Wall Street Journal, o presidente Xi Jinping planeja sua própria visita em abril ou maio à Rússia, mais de um ano depois que as duas potências declararam uma associação “sem limites” antes da operação russa na Ucrânia.

O informe chinês destaca que o dólar estadunidense é uma “fonte importante de inestabilidade e incerteza na economia mundial”. Tal afirmação, sustentada pelo grupo de dados sobre a política de sanções, explica os esforços conjuntos de Pequim e Moscou para criar uma infraestrutura financeira alternativa.

A coação dos Estados Unidos e da União Europeia contra a Rússia acelerou esta iniciativa. A porcentagem de transações internacionais em yuanes da Rússia disparou desde que foi expulsa do sistema internacional de pagamentos SWIFT no ano passado.

Os intercâmbios entre China e Rússia ascenderam a 1,28 trilhões de yuanes —189 mil 464 milhões de dólares, 174 mil 879 milhões de euros— em 2022, e a Rússia foi o sócio com quem a China teve o maior aumento no comercio (34,3%).


Além da Guerra na Ucrânia, o olhar posto em Pequim

No aniversário da Operação Militar Especial (OME) russa na Ucrânia, o governo chinês emitiu um comunicado de doze pontos em que fixa sua posição sobre o conflito. Ali fica explícita a preocupação que a potência asiática tem com os efeitos nocivos desta guerra para os planos de consolidar os corredores da Nova Rota da Seda através da Eurásia, como nota o analista geopolítico Pepe Escobar.

A China continúa promovendo a associação estratégica com a Rússia em um novo nível, enquanto mantem a cooperação com a Ucrânia, razão pela qual não está mostrando um apoio irrestrito à parte russa e sim mediando para preservar interesses comuns.

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O que não seria empecilho para que os Estados Unidos interpretem a seu favor qualquer participação chinesa no conflito, como forma de ter mais pretextos para aumentar as hostilidades contra Pequim, por exemplo, semeando a preocupação de que a Rússia possa receber ajuda militar chinesa.

Finalmente, o maior rival da hegemonia estadunidense é a China, e daí os esforços por cercá-la. No entanto, isto implica em efeitos negativos para os Estados Unidos e o mundo que não passam desapercebidos.

Apenas no âmbito comercial, a medida do governo estadunidense de subir os preços dos bens de consumo chineses, aumentando as taxas para sua importação, impactou a economia chinesa mas também prejudicou os consumidores e empresas estadunidenses, especialmente aquelas que dependem de fornecedores chineses e estão afetadas pela inflação e pelos altos custos energéticos, este último elemento agravado pelas hostilidades contra a Rússia, um dos maiores produtores e exportadores das matérias primas em questão.

O caminho à frente na relação entre a China e os Estados Unidos é turbulento, mas a primeira tem a seu favor que a maioria dos demais países, inclusive os aliados mais próximos de Washington na Ásia e na Europa, não têm nenhum interesse na interrupção econômica mútua e global.

Confira a seguir a íntegra do documento, traduzido pelo Hora do Povo.

Sumário:

Introdução

I. Hegemonia política – jogando seu peso ao redor

II. Hegemonia Militar – Uso Arbitrário da Força

III. Hegemonia Econômica – Saques e Exploração

IV. Hegemonia Tecnológica – Monopólio e Supressão

V. Hegemonia Cultural – Espalhando Narrativas Falsas

Conclusão

Introdução

Desde que se tornou o país mais poderoso do mundo após as duas guerras mundiais e a Guerra Fria, os Estados Unidos agiram com mais ousadia para interferir nos assuntos internos de outros países, perseguir, manter e abusar da hegemonia, promover a subversão e a infiltração, e deliberadamente travar guerras, trazendo danos à comunidade internacional.

Os Estados Unidos desenvolveram um manual hegemônico para encenar “revoluções coloridas”, instigar disputas regionais e até mesmo lançar guerras diretamente sob o pretexto de promover a democracia, a liberdade e os direitos humanos. Agarrados à mentalidade da Guerra Fria, os Estados Unidos aumentaram a política do bloco e alimentaram conflitos e confrontos. Sobrecarregou o conceito de segurança nacional, abusou dos controles de exportação e forçou sanções unilaterais sobre outros. Adotou uma abordagem seletiva do direito e das regras internacionais, utilizando-as ou descartando-as como achar melhor, e procurou impor regras que sirvam aos seus próprios interesses em nome da defesa de uma “ordem internacional baseada em regras”.

Este relatório, ao apresentar os fatos relevantes, procura expor o abuso de hegemonia dos EUA nos campos político, militar, econômico, financeiro, tecnológico e cultural, e chamar maior atenção internacional para os perigos das práticas dos EUA para a paz e a estabilidade mundiais e o bem-estar de todos os povos.

I. Hegemonia política – jogando seu peso ao redor

Os Estados Unidos há muito tentam moldar outros países e a ordem mundial com seus próprios valores e sistema político em nome da promoção da democracia e dos direitos humanos.

◆ Casos de interferência dos EUA nos assuntos internos de outros países são abundantes. Em nome da “promoção da democracia”, os Estados Unidos praticaram uma “Doutrina Neo-Monroe” na América Latina, instigaram “revoluções coloridas” na Eurásia e orquestraram a “Primavera Árabe” na Ásia Ocidental e no Norte da África, trazendo caos e desastre a muitos países.

Em 1823, os Estados Unidos anunciaram a Doutrina Monroe. Enquanto promovia uma “América para os americanos”, o que ela realmente queria era uma “América para os Estados Unidos”.

Desde então, as políticas de sucessivos governos dos EUA em relação à América Latina e à Região do Caribe têm sido repletas de interferência política, intervenção militar e subversão do regime. Desde sua hostilidade de 61 anos em relação a Cuba até a derrubada do governo Allende do Chile, a política dos EUA nesta região foi construída sobre uma máxima – aqueles que se submeterem prosperarão; os que resistirem perecerão.

O ano de 2003 marcou o início de uma sucessão de “revoluções coloridas” – a “Revolução Rosa” na Geórgia, a “Revolução Laranja” na Ucrânia e a “Revolução das Tulipas” no Quirguistão. O Departamento de Estado dos EUA admitiu abertamente desempenhar um “papel central” nessas “mudanças de regime”. Os Estados Unidos também interferiram nos assuntos internos das Filipinas, derrubando o presidente Ferdinand Marcos em 1986 e o presidente Joseph Estrada em 2001 através das chamadas “Revoluções do Poder Popular”.

Em janeiro de 2023, o ex-secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, lançou seu novo livro Never Give an Inch: Fighting for the America I Love. Ele revelou nesse livro que os Estados Unidos haviam conspirado para intervir na Venezuela. O plano era forçar o governo Maduro a chegar a um acordo com a oposição, privar a Venezuela de sua capacidade de vender petróleo e ouro para divisas, exercer alta pressão sobre sua economia e influenciar a eleição presidencial de 2018.

◆ Os EUA exercem dois pesos e duas medidas sobre as regras internacionais. Colocando seu interesse próprio em primeiro lugar, os Estados Unidos se afastaram dos tratados e organizações internacionais e colocaram seu direito interno acima do direito internacional. Em abril de 2017, o governo Trump anunciou que cortaria todo o financiamento dos EUA para o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) com a desculpa de que a organização “apoia ou participa da gestão de um programa de aborto coercitivo ou esterilização involuntária”. Os Estados Unidos deixaram a UNESCO duas vezes em 1984 e 2017. Em 2017, anunciou a saída do Acordo de Paris sobre as alterações climáticas. Em 2018, anunciou sua saída do Conselho de Direitos Humanos da ONU, citando o “preconceito” da organização contra Israel e o fracasso em proteger os direitos humanos de forma eficaz. Em 2019, os Estados Unidos anunciaram sua retirada do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário para buscar o desenvolvimento irrestrito de armas avançadas. Em 2020, anunciou a retirada do Tratado de Céus Abertos.

Os Estados Unidos também têm sido um obstáculo para o controle de armas biológicas, opondo-se às negociações sobre um protocolo de verificação para a Convenção sobre Armas Biológicas (BWC) e impedindo a verificação internacional das atividades dos países relacionadas a armas biológicas. Como o único país na posse de um arsenal de armas químicas, os Estados Unidos têm repetidamente atrasado a destruição de armas químicas e permaneceram relutantes em cumprir suas obrigações. Tornou-se o maior obstáculo para a realização de “um mundo livre de armas químicas”.

◆ Os Estados Unidos estão unindo pequenos blocos através de seu sistema de alianças. Ele tem forçado uma “Estratégia Indo-Pacífico” na região Ásia-Pacífico, reunindo clubes exclusivos como o Five Eyes, o Quad e o AUKUS, e forçando os países regionais a tomar partido. Tais práticas destinam-se essencialmente a criar divisão na região, alimentar o confronto e minar a paz.

◆ Os EUA arbitrariamente julgam a democracia em outros países e fabricam uma falsa narrativa de “democracia versus autoritarismo” para incitar o estranhamento, a divisão, a rivalidade e o confronto. Em dezembro de 2021, os Estados Unidos sediaram a primeira “Cúpula para a Democracia”, que atraiu críticas e oposição de muitos países por zombar do espírito da democracia e dividir o mundo. Em março de 2023, os Estados Unidos sediarão outra “Cúpula para a Democracia”, que permanece indesejada e novamente não encontrará apoio.

II. Hegemonia Militar – Uso Arbitrário da Força

A história dos Estados Unidos é caracterizada pela violência e expansão. Desde que ganhou a independência em 1776, os Estados Unidos têm buscado constantemente a expansão pela força: massacraram índios, invadiram o Canadá, travaram uma guerra contra o México, instigaram a Guerra Americano-Espanhola e anexaram o Havaí. Após a Segunda Guerra Mundial, as guerras provocadas ou lançadas pelos Estados Unidos incluíram a Guerra da Coreia, a Guerra do Vietnã, a Guerra do Golfo, a Guerra do Kosovo, a Guerra do Afeganistão, a Guerra do Iraque, a Guerra da Líbia e a Guerra da Síria, abusando de sua hegemonia militar para abrir caminho para objetivos expansionistas. Nos últimos anos, o orçamento militar médio anual dos EUA excedeu 700 bilhões de dólares, representando 40% do total mundial, mais do que os 15 países por trás dele juntos. Os Estados Unidos têm cerca de 800 bases militares no exterior, com 173.000 soldados implantados em 159 países.

De acordo com o livro ‘América invade: como invadimos ou nos envolvemos militarmente com quase todos os países da Terra’, os Estados Unidos lutaram ou estiveram militarmente envolvidos com quase todos os 190 países reconhecidos pelas Nações Unidas, com apenas três exceções. Os três países foram “poupados” porque os Estados Unidos não os encontraram no mapa.

◆ Como disse o ex-presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, os Estados Unidos são, sem dúvida, a nação mais guerreira da história do mundo. De acordo com um relatório da Tufts University, “Apresentando o Projeto de Intervenção Militar: um novo conjunto de dados sobre intervenções militares dos EUA, 1776-2019”, os Estados Unidos realizaram quase 400 intervenções militares globalmente entre esses anos, 34% das quais na América Latina e no Caribe, 23% no Leste Asiático e Pacífico, 14% no Oriente Médio e Norte da África e 13% na Europa. Atualmente, sua intervenção militar no Oriente Médio e Norte da África e na África subsaariana está em ascensão.

Alex Lo, colunista do South China Morning Post, apontou que os Estados Unidos raramente distinguem entre diplomacia e guerra desde sua fundação. Ele derrubou governos eleitos democraticamente em muitos países em desenvolvimento no século 20 e imediatamente os substituiu por regimes fantoches pró-americanos. Hoje, na Ucrânia, Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria, Paquistão e Iêmen, os Estados Unidos estão repetindo suas velhas táticas de travar guerras por procuração, de baixa intensidade e de drones.

◆ A hegemonia militar dos EUA causou tragédias humanitárias. Desde 2001, as guerras e operações militares lançadas pelos Estados Unidos em nome da luta contra o terrorismo já mataram mais de 900.000 pessoas, sendo cerca de 335.000 civis, feriram milhões e desalojaram dezenas de milhões. A Guerra do Iraque de 2003 resultou em cerca de 200.000 a 250.000 mortes de civis, incluindo mais de 16.000 mortos diretamente pelos militares dos EUA e deixou mais de um milhão de desabrigados.

Os Estados Unidos criaram 37 milhões de refugiados em todo o mundo. Desde 2012, só o número de refugiados sírios aumentou dez vezes. Entre 2016 e 2019, 33.584 mortes de civis foram documentadas nos combates sírios, incluindo 3.833 mortos por bombardeios da coalizão liderada pelos EUA, metade deles mulheres e crianças. O Public Broadcasting Service (PBS) informou em 9 de novembro de 2018 que os ataques aéreos lançados pelas forças dos EUA apenas em Raqqa mataram 1.600 civis sírios.

A guerra de duas décadas no Afeganistão devastou o país. Um total de 47.000 civis afegãos e 66.000 a 69.000 soldados e policiais afegãos não relacionados aos ataques de 11 de setembro foram mortos em operações militares dos EUA e mais de 10 milhões de pessoas foram deslocadas. A guerra no Afeganistão destruiu a base do desenvolvimento econômico e mergulhou o povo afegão na miséria. Após o “desastre de Cabul” em 2021, os Estados Unidos anunciaram que congelariam cerca de 9,5 bilhões de dólares em ativos pertencentes ao banco central afegão, um movimento considerado “pura pilhagem”.

Em setembro de 2022, o ministro do Interior turco Suleyman Soylu comentou em um comício que os Estados Unidos travaram uma guerra por procuração na Síria, transformaram o Afeganistão em um campo de ópio e fábrica de heroína, lançaram o Paquistão em turbulência e deixaram a Líbia em incessante agitação civil. Os Estados Unidos fazem o que for preciso para roubar e escravizar o povo de qualquer país com recursos no subsolo.

Os Estados Unidos também adotaram métodos terríveis na guerra. Durante a Guerra da Coreia, a Guerra do Vietnã, a Guerra do Golfo, a Guerra do Kosovo, a Guerra do Afeganistão e a Guerra do Iraque, os Estados Unidos usaram grandes quantidades de armas químicas e biológicas, bem como bombas de fragmentação, bombas de combustível e ar, bombas de grafite e bombas de urânio empobrecido, causando enormes danos em instalações civis, inúmeras vítimas civis e poluição ambiental duradoura.

III. Hegemonia Econômica – Pilhagem e Exploração

Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos lideraram os esforços para estabelecer o Sistema Bretton Woods, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, que, juntamente com o Plano Marshall, formaram o sistema monetário internacional centrado no dólar norte-americano. Além disso, os Estados Unidos também estabeleceram hegemonia institucional no setor econômico e financeiro internacional, manipulando os sistemas de votação ponderada, regras e arranjos de organizações internacionais, incluindo “aprovação por maioria de 85%” e suas leis e regulamentos comerciais domésticos. Aproveitando o status do dólar como a principal moeda de reserva internacional, os Estados Unidos estão basicamente arrecadando “senhoriagem” de todo o mundo; e usando seu controle sobre organizações internacionais, coagem outros países a servirem à estratégia política e econômica dos Estados Unidos.

◆ Os Estados Unidos exploram a riqueza do mundo com a ajuda da “senhoriagem”. Custa apenas cerca de 17 centavos para produzir uma nota de 100 dólares, mas outros países tiveram que desembolsar 100 dólares em bens reais para obter uma. Foi apontado há mais de meio século que os Estados Unidos desfrutavam de privilégios exorbitantes e déficits sem lágrimas criados por seu dólar, e usavam as notas de papel sem valor para saquear os recursos e fábricas de outras nações.

◆ A hegemonia do dólar norte-americano é a principal fonte de instabilidade e incerteza na economia mundial. Durante a pandemia da COVID-19, os Estados Unidos abusaram de sua hegemonia financeira global e injetaram trilhões de dólares no mercado global, deixando que outros países, especialmente as economias emergentes, pagassem o preço. Em 2022, o Fed encerrou sua política monetária ultrafácil e voltou-se para uma alta agressiva das taxas de juros, causando turbulência no mercado financeiro internacional e uma desvalorização substancial de outras moedas, como o Euro, muitas das quais caíram para o mínimo valor em 20 anos. Como resultado, um grande número de países em desenvolvimento foi desafiado pela alta inflação, desvalorização da moeda e saídas de capital. Isso foi exatamente o que o secretário do tesouro de Nixon, John Connally, observou certa vez, com auto-satisfação, mas precisão nítida, que “o dólar é nossa moeda, mas é problema seu”.

◆ Com seu controle sobre as organizações econômicas e financeiras internacionais, os Estados Unidos impõem condições adicionais à sua assistência a outros países. A fim de reduzir os obstáculos à entrada de capital e à especulação dos EUA, os países beneficiários são obrigados a promover a liberalização financeira e a abrir os mercados financeiros para que suas políticas econômicas se alinhem com a estratégia dos Estados Unidos. De acordo com a Review of International Political Economy, juntamente com os 1.550 programas de alívio da dívida estendidos pelo FMI a seus 131 países membros de 1985 a 2014, foram anexadas até 55.465 condições políticas adicionais.

◆ Os Estados Unidos reprimem intencionalmente seus oponentes com coerção econômica. Na década de 1980, para eliminar a ameaça econômica representada pelo Japão e para controlar e usar este último a serviço do objetivo estratégico da América de enfrentar a União Soviética e dominar o mundo, os Estados Unidos alavancaram seu poder financeiro hegemônico contra o Japão e concluíram o Plaza Accord. Como resultado, o iene subiu e o Japão foi pressionado a abrir seu mercado financeiro e reformar seu sistema financeiro. O Acordo do Plaza desferiu um duro golpe no ímpeto de crescimento da economia japonesa, deixando o Japão com o que mais tarde foi chamado de “três décadas perdidas”.

◆ A hegemonia econômica e financeira dos Estados Unidos se tornou uma arma geopolítica. Reforçando as sanções unilaterais e a “jurisdição de braço longo”, os Estados Unidos promulgaram leis domésticas como a Lei dos Poderes Econômicos de Emergência Internacional, a Lei Magnitsky Global de Responsabilidade pelos Direitos Humanos e a Lei Contra os Adversários da América Através de Sanções, e introduziu uma série de ordens executivas para sancionar países, organizações ou indivíduos específicos. As estatísticas mostram que as sanções dos EUA contra entidades estrangeiras aumentaram 933% de 2000 a 2021. Somente o governo Trump impôs mais de 3.900 sanções, o que significa três sanções por dia. Até agora, os Estados Unidos tinham ou impuseram sanções econômicas a quase 40 países em todo o mundo, incluindo Cuba, China, Rússia, RPDC, Irã e Venezuela, afetando quase metade da população mundial. Os “Estados Unidos da América” se transformaram nos “Estados Unidos das Sanções”. E a “jurisdição de braço longo” foi reduzida a nada mais do que uma ferramenta para os Estados Unidos usarem seus meios de poder estatal para suprimir concorrentes econômicos e interferir nos negócios internacionais normais. Este é um afastamento sério dos princípios da economia de mercado liberal que os Estados Unidos há muito se gabam.

IV. Hegemonia Tecnológica — Monopólio e Supressão

Os Estados Unidos procuram impedir o desenvolvimento científico, tecnológico e econômico de outros países, exercendo poder de monopólio, medidas de supressão e restrições tecnológicas em campos de alta tecnologia.

◆ Os Estados Unidos monopolizam a propriedade intelectual em nome da proteção. Aproveitando-se da posição frágil de outros países, principalmente em desenvolvimento, sobre direitos de propriedade intelectual e do vazio institucional em áreas relevantes, os Estados Unidos auferem lucros excessivos por meio do monopólio. Em 1994, os Estados Unidos impulsionaram o Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio (TRIPS), forçando a americanização do processo e dos padrões de proteção à propriedade intelectual na tentativa de solidificar seu monopólio sobre a tecnologia.

Na década de 1980, para conter o desenvolvimento da indústria de semicondutores do Japão, os Estados Unidos lançaram a investigação “301”, construíram poder de barganha em negociações bilaterais por meio de acordos multilaterais, ameaçaram rotular o Japão por comércio injusto e impuseram tarifas retaliatórias, forçando o Japão a assinar o Acordo de Semicondutores EUA-Japão. Como resultado, as empresas japonesas de semicondutores foram quase completamente eliminadas da competição global e sua participação no mercado caiu de 50% para 10%. Enquanto isso, com o apoio do governo dos EUA, um grande número de empresas de semicondutores dos EUA aproveitou a oportunidade e conquistou maior participação de mercado.

◆ Os Estados Unidos politizam, armam questões tecnológicas e as usam como ferramentas ideológicas. Estendendo demais o conceito de segurança nacional, os Estados Unidos mobilizaram o poder do Estado para suprimir e sancionar a empresa chinesa Huawei, restringiram a entrada de produtos Huawei no mercado norte-americano, cortaram seu fornecimento de chips e sistemas operacionais e coagiram outros países a banir a Huawei de empreender a construção da rede 5G local. Eles até convenceram o Canadá a deter injustificadamente a Diretora Financeira da Huawei, Meng Wanzhou, por quase três anos.

Os Estados Unidos inventaram uma série de desculpas para reprimir as empresas de alta tecnologia da China com competitividade global e colocaram mais de 1.000 empresas chinesas em listas de sanções. Além disso, os Estados Unidos também impuseram controles sobre biotecnologia, inteligência artificial e outras tecnologias de ponta, reforçaram as restrições à exportação, restringiram a triagem de investimentos, suprimiram aplicativos de mídia social chinesa, como TikTok e WeChat, e pressionaram a Holanda e o Japão para restringir as exportações de chips e equipamentos relacionados ou tecnologia para a China.

Os Estados Unidos também praticaram padrões duplos em sua política para profissionais tecnológicos relacionados à China. Para afastar e suprimir os pesquisadores chineses, desde junho de 2018, a validade do visto foi reduzida para estudantes chineses que se especializam em certas disciplinas relacionadas à alta tecnologia, ocorreram casos repetidos em que acadêmicos e estudantes chineses que vão aos Estados Unidos para programas de intercâmbio e estudo foram injustificadamente recusados e perseguidos, e uma investigação em larga escala sobre estudiosos chineses que trabalham nos Estados Unidos foi realizada.

◆ Os Estados Unidos solidificam seu monopólio tecnológico em nome da proteção da democracia. Ao construir pequenos blocos tecnológicos como a “aliança dos chips” e a “rede limpa”, os Estados Unidos colocaram rótulos de “democracia” e “direitos humanos” na alta tecnologia e transformaram questões tecnológicas em questões políticas e ideológicas, de modo a fabricar desculpas para seu bloqueio tecnológico contra outros países. Em maio de 2019, os Estados Unidos listaram 32 países para a Conferência de Segurança 5G de Praga na República Tcheca e emitiram a Proposta de Praga na tentativa de excluir os produtos 5G da China. Em abril de 2020, o então secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, anunciou o “caminho 5G limpo”, um plano concebido para construir aliança tecnológica no campo 5G com parceiros ligados por sua ideologia compartilhada sobre a democracia e a necessidade de proteger a “segurança cibernética”. As medidas, em essência, são tentativas dos EUA de manter sua hegemonia tecnológica por meio de alianças tecnológicas.

◆ Os Estados Unidos abusam de sua hegemonia tecnológica realizando ataques cibernéticos e espionagem. Os Estados Unidos há muito são conhecidos como um “império de hackers”, culpados por seus atos desenfreados de roubo cibernético em todo o mundo. Ele tem todos os tipos de meios para impor ataques cibernéticos e vigilância abrangentes, incluindo o uso de sinais analógicos da estação base para acessar telefones celulares para roubo de dados, manipulação de aplicativos móveis, infiltração de servidores em nuvem e roubo por meio de cabos submarinos. A lista continua.

A vigilância dos EUA é indiscriminada. Todos podem ser alvo de sua vigilância, sejam rivais ou aliados, até mesmo líderes de países aliados como a ex-chanceler alemã Angela Merkel e vários presidentes franceses. A vigilância cibernética e os ataques lançados pelos Estados Unidos, como “Prism”, “Dirtbox”, “Irritant Horn” e “Telescreen Operation” são provas de que os Estados Unidos estão monitorando de perto seus aliados e parceiros. Essa espionagem de aliados e parceiros já causou indignação mundial. Julian Assange, fundador do Wikileaks, um site que expôs os programas de vigilância dos EUA, disse que “não espere que uma superpotência global de vigilância aja com honra ou respeito. Só existe uma regra: não há regras.”

V. Hegemonia Cultural – Espalhando Narrativas Falsas

A expansão global da cultura americana é uma parte importante de sua estratégia externa. Os Estados Unidos costumam usar ferramentas culturais para fortalecer e manter sua hegemonia no mundo.

◆ Os Estados Unidos incorporam valores norte-americanos em seus produtos, como filmes. Os valores e o estilo de vida norte-americanos são um produto vinculado a seus filmes e programas de TV, publicações, conteúdo de mídia e programas de instituições culturais sem fins lucrativos financiadas pelo governo. Formam, assim, um espaço cultural e de opinião pública no qual a cultura norte-americana reina e mantém a hegemonia cultural. Em seu artigo A Americanização do Mundo (The Americanization of the World), John Yemma, um estudioso americano, expôs as verdadeiras armas da expansão cultural dos Estados Unidos: Hollywood, as fábricas de design de imagem na Madison Avenue e as linhas de produção da Mattel Company e da Coca-Cola.

Existem vários veículos que os Estados Unidos usam para manter sua hegemonia cultural. Os filmes americanos são os mais usados; eles agora ocupam mais de 70% da participação no mercado mundial. Os Estados Unidos exploram habilmente sua diversidade cultural para atrair várias etnias. Quando os filmes de Hollywood descem pelo mundo, eles gritam os valores americanos ligados a eles.

◆ A hegemonia cultural americana não se mostra apenas na “intervenção direta”, mas também na “infiltração da mídia” e como “uma trombeta para o mundo”. A mídia ocidental dominada pelos EUA tem um papel particularmente importante na formação da opinião pública global em favor da intromissão dos EUA nos assuntos internos de outros países.

O governo dos EUA censura estritamente todas as empresas de mídia social e exige sua obediência. O CEO do Twitter, Elon Musk, admitiu em 27 de dezembro de 2022 que todas as plataformas de mídia social trabalham com o governo dos EUA para censurar o conteúdo, informou a Fox Business Network. A opinião pública nos Estados Unidos está sujeita à intervenção do governo para restringir todos os comentários desfavoráveis. O Google geralmente faz as páginas desaparecerem.

O Departamento de Defesa dos EUA manipula as mídias sociais. Em dezembro de 2022, o The Intercept, um site investigativo independente dos EUA, revelou que, em julho de 2017, o oficial do Comando Central dos EUA, Nathaniel Kahler, instruiu a equipe de políticas públicas do Twitter a aumentar a presença de 52 contas em língua árabe em uma lista que ele enviou, seis das quais deveriam receber prioridade. Uma das seis foi dedicada a justificar os ataques de drones dos EUA no Iêmen, alegando que os ataques foram precisos e mataram apenas terroristas, não civis. Seguindo a diretiva de Kahler, o Twitter colocou essas contas em língua árabe em uma “lista branca” para amplificar certas mensagens.

◆ Os Estados Unidos praticam dois pesos e duas medidas em matéria de liberdade de imprensa. Eles brutalmente reprimem e silenciam a mídia de outros países por vários meios. Os Estados Unidos e a Europa barram a grande mídia russa, como o Russia Today e o Sputnik, de seus países. Plataformas como Twitter, Facebook e YouTube restringem abertamente as contas oficiais da Rússia. Netflix, Apple e Google removeram canais e aplicativos russos de seus serviços e lojas de aplicativos. Uma censura draconiana sem precedentes é imposta aos conteúdos relacionados à Rússia.

Os Estados Unidos abusam de sua hegemonia cultural para instigar a “evolução pacífica” nos países socialistas. Ele cria meios de comunicação e equipamentos culturais visando países socialistas. Ele despeja quantias impressionantes de fundos públicos em redes de rádio e TV para apoiar sua infiltração ideológica, e esses porta-vozes bombardeiam países socialistas em dezenas de idiomas com propaganda inflamatória dia e noite.

Os Estados Unidos usam a desinformação como uma lança para atacar outros países e construíram uma cadeia industrial em torno dela: há grupos e indivíduos inventando histórias e vendendo-as em todo o mundo para enganar a opinião pública com o apoio de recursos financeiros quase ilimitados.

Conclusão

Enquanto uma causa justa ganha seu amplo apoio campeão, uma causa injusta condena seu perseguidor a ser um pária. As práticas hegemônicas, dominadoras e intimidadoras de usar a força para intimidar os fracos, tirar dos outros pela força e subterfúgios, e jogar jogos de soma zero estão exercendo graves danos. As tendências históricas de paz, desenvolvimento, cooperação e benefício mútuo são imparáveis. Os Estados Unidos têm se sobreposto à verdade com seu poder e pisoteando a justiça para servir ao interesse próprio. Essas práticas hegemônicas unilaterais, egoístas e regressivas têm atraído críticas e oposição crescentes e intensas da comunidade internacional.

Os países precisam respeitar uns aos outros e tratar uns aos outros como iguais. Os grandes países devem comportar-se de uma forma condizente com o seu estatuto e assumir a liderança na perseguição de um novo modelo de relações Estado-a-Estado que inclua o diálogo e a parceria, e não o confronto ou a aliança. A China se opõe a todas as formas de hegemonismo e política de poder e rejeita a interferência nos assuntos internos de outros países. Os Estados Unidos devem realizar um exame de consciência sério. Deve examinar criticamente o que fez, deixar de lado sua arrogância e preconceito e abandonar suas práticas hegemônicas, dominadoras e intimidadoras.

2023-02-20

Redação | Misión Verdad
Tradução: Ana Corbisier


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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