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A corrupção da Usina de Itaipu

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

Mário Augusto Jakobskind*

Mário Augusto Jakobskind sepiaColunista lembra a corrupção na construção da Usina de Itaipu, que custou dez vezes mais do que tinha sido orçada

Começou a corrida para o segundo turno em que muita água vai rolar debaixo da ponte. Fernando Henrique Cardoso, acompanhado por alguns outros correligionários, considerou o voto do Nordeste, majoritariamente a favor de Dilma Rousseff, como resultado da “má informação”.

tucanos-corruptosEste senhor que governou o Brasil por dois mandatos e agora está empenhado no retorno de sua patota para gerir os destinos do país demonstrou concretamente ser um elitista de quatro costados. Merece o repúdio dos brasileiros que tenham um mínimo de consciência e que abominam qualquer tipo de preconceito.

O candidato Aécio Neves e seus pares tentam de todas as formas esconder a política que defendem e que passa pela subserviência aos Estados Unidos e ao capital financeiro. Está é uma das mudanças que estão sendo propostas pela equipe de Neves, mas que os seus defensores tentam de todas as formas esconder com linguagens marqueteiras.

Os meios de comunicação hegemônicos, sejam impressos ou eletrônicos, evitam este tipo de questionamento, na prática ajudando a esconder o jogo. Até porque também defendem o mesmo ponto de vista.

O esquema do tucanato está agora acrescido por apoiadores de Marina Silva, como os ex-comunistas do PPS capitaneados por Roberto Freire, que nem é mais deputado porque não foi eleito, juntamente com a excrescência política representada pelo pastor fundamentalista neoliberal de nome Everaldo. Isso para não falar dos óleos queimados da história, hoje agrupados no Clube Militar e ainda o PSB, que de socialista tem apenas o nome, e o PV de Eduardo Jorge, que de verde, bom, deixa para lá.

Contra isso se opõe a candidata Dilma Rousseff, que vem sendo objeto de uma campanha primária contra e com destaque nos jornalões e telejornalões.

Para dar continuidade ao esquema de denúncia de corrupção, a mídia de mercado e os apoiadores de Aécio contam com aliados do tipo Paulo Roberto Costa, o ladrão da Petrobras e o doleiro Yousseff, que decidiu pela delação premiada.

O Globo, a revista (sujíssima) Veja, O Estado de S. Paulo e outros veículos da mídia corporativa menos votados devem intensificar as suas denúncias, sendo que uma das últimas é a que “revela” ter a campanha de 2010 recebido dinheiro do desvio de verbas da estatal do petróleo. Vai ser e está sendo uma martelada diária com o objetivo claro de reforçar a candidatura do “bom moço” Aécio Neves.

E agora aparece em cena o FRMI pedindo, entre outras coisas, a flexibilização da legislação trabalhista, algo que os tucanos sempre defenderam e que o “bom moço” Aécio não vai pensar duas vezes, ainda por cima tendo como parceiro este tal de Armínio Fraga, que defende também a redução do papel dos bancos públicos na economia brasileira.

A propósito de corrupção, embora tenham se passado muitos anos e foi tudo jogado para debaixo do tapete, vale lembrar o que aconteceu na construção da hidroelétrica binacional de Itaipu. Graves denúncias, que vão desde o assassinato do Embaixador José Jobim, que conhecia a fundo os segredos que não vinham a público sobre o empreendimento e estava preparando um livro sobre o tema, até o envolvimento do presidente da empresa Costa Cavalcanti.

São várias as denúncias de superfaturamento e mutretas das mais variadas espécies e que nunca foram investigadas a fundo. Eram tempos de ditadura, a corrupção acontecia, mas os detentores do poder impediam a divulgação das denúncias. E quem insistisse poderia ter o mesmo destino do Embaixador Jobim.

Nesse sentido, a filha do Jose Jobim, a advogada e jornalista Lygia Jobim, juntamente com o Instituto João Goulart deverão abrir um inquérito civil judicial para apurar as circunstâncias da morte do pai, que em março de 1979 apareceu enforcado numa árvore na Barra da Tijuca. Embaixador José Jobim.

As investigações iniciais, com uma série de atitudes suspeitas por parte da polícia, tentou de todas as formas evitar o aparecimento da verdade, ou seja, de que o diplomata foi assassinado e não cometeu suicídio, como indicava o então delegado Rui Dourado, uma figura no mínimo controvertida por ter prestado serviços à ditadura como auxiliar do então embaixador Pio Correia, em Montevidéu. Dourado era amicíssimo de Pio Correia, contra quem pesa a acusação de ter sido também agente da CIA.

Mais tarde, já no governo Leonel Brizola, a justiça reabriu o caso concluindo que o embaixador foi mesmo assassinado. Mas tudo ficou por isso mesmo, não tendo sido descobertos os responsáveis pelo crime.

Além dessa grave denúncia, porque envolve um crime que pode ter sido cometido para evitar o surgimento de verdades comprometedoras, não se deve deixar cair no esquecimento o fato de Itaipu ter sido orçada inicialmente em 1,3 bilhão de dólares e a obra ter custado no final das contas 13 bilhões dólares. É muito dólar a mais que saiu dos impostos dos brasileiros. Não pode ficar tudo por isso mesmo.

Até hoje quando se fala em Itaipu se omite o fato de as turbinas do empreendimento sairiam bem mais em conta se tivessem sido adquiridas na então URSS, o que foi impedido pelos golpistas de 64.

Aliás, se fosse seguido o que defendia o Presidente João Goulart, a obra de Itaipu teria sido empreendida em outra área e não acarretaria o fim da cachoeira de Sete Quedas e assim sucessivamente.

 

*Mário Augusto Jakobskind, jornalista e escritor, correspondente do jornal uruguaio Brecha; membro do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (TvBrasil). Seus livros mais recentes: Líbia – Barrados na Fronteira; Cuba, Apesar do Bloqueio e Parla , será lançado dia 17, no Rio de Janeiro, é colaborador de Diálogos do Sur 

Direto da Redação é um fórum de debates, do qual participam jornalistas colunistas de opiniões diferentes, dentro do espírito de democracia plural, editado, sem censura, pelo jornalista Rui Martins.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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