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“A culpa é do Povo”: para problemáticas complexas, soluções fáceis

A coalizão governista do presidente Alberto Fernández, a Frente de Todos (FdT), sofreu uma derrota nas Primárias do último domingo (12)
Ovejo Negro
Diálogos do Sul Global
Buenos Aires

Tradução:

Para as problemáticas complexas, nada melhor que as conclusões fáceis, dos que preferem seguir golpeando no mesmo cravo que na realidade há que tirar, antes de assumir as responsabilidades que lhes competem. 

A derrota deste governo contraditório com gosto de galinha velha, que não bota ovos, que diz que não é galinha só porque não tem penas, que assevera ser novinho bem telúrico, nacional e popular, mas que a cada tanto lhe escapa um cocorocó tremido e pigarreado com reminiscências de De la Rua…. derrota, como vinha dizendo, que tratará de ser explicada pelos marqueteiros de araque, com os já clássicos: “E que querem com esses velhos de merda? E os moleques que só sabem jogar no computador? 

E a classe média com sua soberba de sempre? Somos um país de fascistas…” Dirão os mesmos que não aceitaram nenhuma crítica, com a desculpa de que “não havia que fazer o jogo à direita” e que por outra parte “as críticas devem ser feitas para dentro”, mas não abriam uma porta, nem uma janela e nem sequer atendiam o porteiro elétrico, nem respondiam um WhatsApp, para habilitar algum “para dentro”.

Os mesmos… que mandaram fechar a boca aos aposentados chafurdados na miséria, estampando neles a estrela prosódica de haver “votado no Macri”, como se o resto da sociedade não tivesse nada que ver. 

Enfim, esses… que leram mais Duran Barba que Perón, sem notar que nós NÃO temos os meios respaldando as misérias duranbarbistas. Duvidando que nós, o que temos e com o que contamos é com um povo, que é nossa plataforma, nosso sentido e nossa razão de ser. Esse mesmo povo ao que lhe viemos dizendo que banque a fome em silêncio, enquanto esses aos que queremos contentar…estão de festa promíscua e escandalosa. 

Fica claro quem terminou fazendo o jogo à direita. 

Ninguém passeia tranquilo por seu bairro, pagando pedágio aos bandidos, porque os bandidos vão ir aumentando o pedágio até asfixiar você, e a tranquilidade que você supunha haver conquistado no princípio se converterá em pesadelo insuportável. É o caso deste governo, que insiste em bancar uma pauta milionária aos meios de malformação intelectual, que não param de corroê-lo. 

Vamos continuar martelando o prego que há que tirar? 

Quero dizer…vamos a dizer “gagá” a Alberto, como se lhe disse a De la Rua? que não era nenhum gagá (o advogado de Yabrán) que veio fazer o que fez, concretando tudo, até sua traição à casta boba da classe média, à qual deixou nua e sem suas economias. 

Vamos dizer a Alberto “mamerto” como a Macri, por mais que rime? Mas que classe de mamerto rouba um país e continua soltinho e rebolando sem que ninguém o moleste. E para cúmulo, sua força política nos ganha as eleições?

Que qualificativo que nos reconforte de nossa miopia intelectual vamos escolher para Alberto? 

Até quando vamos o engolir esse chiclete de que lhe sai tão mal tudo, aos que lhe vai tão bem, sendo que aos que vai mal é a nós? É como se no roubo de um banco, os assaltantes após levar tudo incendiassem o edifício e diante das cinzas, disséssemos que mal que fizeram tudo…

Bem, então a Alberto lhe estão saindo mal as coisas…ou veio fazer isto? Não!!! Mas se Alberto foi um homem da “primeira hora” de Nestor…Vão a dizer alguns… Sim, claro, desde o primeiro momento lhe meteram um infiltrado, quando Néstor era um presidente com 22% do eleitorado, sendo que (Alberto) havia chegado a legislador de CABA, da mão de Cavallo, o artífice do “corralito” e das matanças de 19 e 20 de dezembro. 

Primárias na Argentina surpreendem com ascensão da ultradireita e vitória do macrismo

Alberto e Mazza foram os principais impulsores e garantes de Macri. De que estamos falando? 

Em minha nota de 27 de julho pormenorizei a origem e o funcionamento da tavistockeana “corporação partidária” importada da Espanha para toda “América Latina”, da qual venho falando há décadas, desde meu regresso à Argentina. Acesse aqui para entender um pouco melhor isto de que “juntos pelo quadrado” perdão, era pela mudança, esteja composto por Radicais, peronistas, liberais e oportunistas; sendo que em “todos” também haja liberais, radicais, oportunistas e alguns peronistas. 

Alberto não reconhece que em plena “democracia” haja presos políticos, dissimula que os aposentados e os salários-mínimos sejam garantia de miséria, não quer soberania, porque pretende “um país digno”, propõe aos ingleses que continuam levando o ouro e todos os minerais em troca de nada, contempla impotente o contrabando de exportação e se apoia no estandarte das vacinas. Desprezando oportunidades que oferecem desde a China, como comuniquei em meu editorial que intitulei “Nosso luxo do desaire à China” e delapidando créditos políticos que tínhamos com a Rússia, como disse em minha nota “Meia de muzza e meia de fugazza” (a nova fórmula da vacina).  Então as segundas necessárias doses, não estão sendo aplicadas. Além de manter-se impotente diante dos descalabros, da corrupção, da insensatez e da criminalidade das políticas de CABA na pandemia.

A coalizão governista do presidente Alberto Fernández, a Frente de Todos (FdT), sofreu uma derrota nas Primárias do último domingo (12)

Prensa Presidencia
Com Alberto ou sem Alberto. Tem-se em teoria, dois anos para decidir se quer a história ou o escárnio.

Poderá nos parecer inconcebível que o eleitorado siga elegendo personagens com prontuários, mas… fazemos algo realmente para que os meios de malformação intelectual deixem de comer a cabeça das pessoas com falsidades, escondendo os escândalos por aberrantes que sejam? 

Ainda não sabemos que esses meios são os mesmo que convenceram a todos, que os terroristas do bombardeio à Praça de Maio e ao porto de Mar del Plata (os mesmo da semana trágica e da patagônia rebelde) os do golpe, os dos fuzilamentos, os das proscrições, perseguições, encarceramentos, torturas, os da destruição de obras públicas… eram os “libertadores” os mesmos terroristas que encenaram “democracias” com sucessivos golpes de estado. E dos heróis da resistência, nos convenceram que eram delinquentes terroristas? 

Ainda acreditamos que algo bom possa sair dos que disseram que havia “total normalidade” com o golpe de 76, que faziam dizer às pessoas que “algo terão feito” e depois instalaram o “eu não sabia nada” nos mesmos entes? O que podemos esperar dos que promoviam que se podia estar melhor com Macri e depois cinicamente diziam que “havia que pagar a festa”? Como ficamos, se podia estar melhor ou era uma festa e nos cagaram? 

Mas, como chegamos a isto? Poderia ser uma pergunta mais que pertinente. 

Bem, o kirchnerismo chegou surpreendendo a todos, principalmente o poder, que não o esperava. Com os anos foi encontrando sua zona de conforto com a nominação de expoentes; teve sentido com Néstor porque ninguém o conhecia e deu resultado até que deixou de dar. Assim o paraquedismos foi substituindo a trajetória militante e hoje já quase não há dirigentes (porque não dirigem ninguém), tampouco são referências (porque tampouco se referem a outros). 

São expoentes, expoentes dos caprichos de um entorno, que resolve em uma mesa redonda de 60 centímetros de diâmetro, aqueles que vão à estante e aqueles à vitrine (os mais mimados) ou aqueles que ficam atirados no acostamento. 

Assim, as listas lençóis de tela suja, nos têm nesta venérea democracia que nos revolve no lodo das contradições políticas e sociais; a quase quarenta anos de haver saído do último golpe oligarco-militar, seguimos sem democracia interna. 

Se algo vinha sustentando o kirchnerismo, é tanto o deplorável comportamento e a eloquente perigosidade da direita montada em cambiemos, quanto a infantilidade perversa da “esquerda” funcional à direita oligárquica. Mas conforme fica claro, já nem isso consegue mantê-lo à tona. 

O altíssimo grau de infiltração que tem padecido com os Cobos, Bosios, os Anal Medina, os Pichetto e tantos outros traidores, havendo deixado no acostamento a inúmeros leais, o obrigará a mudar o “estilo”, se é que não quer passar a ser apenas uma lembrança romântica de uma época que evocaremos com nostalgia.

Primárias: derrota do governo foi consequência do fraco progressismo de Fernández

Mas… o que fazer então?

Encher o que está vazio, encher dos ovos e ovários (para sairmos da neurose galinácea) e assumir a comunicação. A comunicação em seu mais amplo sentido e espectro, não como espaço para o vedetismo intelectual, nem a frágua de prêmios que adornem o ego. A comunicação que desperte o povo, que saiba alertá-lo para que saia do caminho ao matadouro na qual está encurralado e abrir-lhe as porteiras de seu verdadeiro destino. Mas para isso devemos deixar os egos no vestiário, como disse em meu editorial “Lenha molhada, a comunicação popular não acende” 

Com Alberto ou sem Alberto. Tem-se em teoria, dois anos para decidir se quer a história ou o escárnio, porque claramente, muito diferente que com De la Rua e que com Macri, o establishment muito longe de blindá-lo, o está defenestrando e ficará como o verdadeiro otário do continho. 

Estamos a tempo do golpe de timão, que será hoje mais que nunca, com os dirigente à cabeça ou com a cabeça dos dirigentes. 

Sou Enrique Box, o Ovelho Negro.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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