A nova tentativa de Juan Guaidó de provocar a deposição do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, vem cercada de uma “lógica do espetáculo midiático” e “mentiras flagrantes”, diz informe elaborado por grupos de apoio ao atual presidente.
Para começar o movimento subversivo, o autoproclamado presidente Juan Guaidó, junto com o oposicionista Leopoldo López, divulgou nas redes sociais, por volta das 6h da manhã, um vídeo em que afirma ter recebido o apoio das Forças Armadas e assegura ter tomado a base aérea de Carlota. Mas nem o apoio é majoritário, nem houve tomada de bases militares.
Reprodução/ Twitter
Juan Guaidó e o político opositor, que fugiu da prisão domiciliar em que estava recluso Leopoldo López
Na versão do governo, Guaidó mente para tentar inflamar as massas e dividir os militares. O opositor obteve apoio apenas de um “pequeno grupo” de dissidentes, que serão “desativados e punidos”, disseram ministros. Alguns desses militares, do setor de inteligência, foram os responsáveis por tirar López da prisão domiciliar.
Guaidó também não falava da base de Carlota, mas do Distribuidor Altamira, um famoso ponto de encontro da parcela da sociedade que é a favor da saída de Maduro e contra o chavismo. Há informações dando contra de que os dissidentes roubaram ou utilizaram indevidamente no levante equipamentos militares – dois tanques e carros – mas já foram recuperados.
Para aliados, até agora, o golpe tem sido uma “operação informativa de amplo espectro”, que tenta emplacar a ideia de que há apoio total das Forças Armadas a Guaidó, quando o governo diz ter conversado com as unidades e controlado o impacto da ação dos dissidentes.
Em comunicado no Twitter, Maduro reafirmou a unidade dos comandos militares.
¡Nervios de Acero! He conversado con los Comandantes de todas las REDI y ZODI del País, quienes me han manifestado su total lealtad al Pueblo, a la Constitución y a la Patria. Llamo a la máxima movilización popular para asegurar la victoria de la Paz. ¡Venceremos!
— Nicolás Maduro (@NicolasMaduro) 30 de abril de 2019
Na contraofensiva, um programa de TV venezuelano divulgou nas redes sociais um vídeo com jovens militares afirmando terem sido enganados por Guaidó e os comandantes que o apoiam.
Así hacen ellos. De engaño en engaño. Iban a usar a estos jóvenes como carne de cañón. Fracasaron pic.twitter.com/tTh1JuMjhx
— Con el Mazo Dando (@ConElMazoDando) 30 de abril de 2019
Obstáculos a Guaidó
A prevalecer a versão do governo Maduro, que não tem espaço na maior parte da grande mídia – brasileira, inclusive – as bases militares, até agora, demonstram lealdade ao presidente.
A Telesur transmitiu imagens de uma base militar sendo atacada por detratores do governo apenas com pedras. Em outro vídeo, dissidentes são presos pelas Forças Armadas que permaneceram alinhadas a Maduro.
Em contraste a isso, Guaidó insistiu no discurso de convocar populares para irem às ruas pressionar pela renúncia. As imagens gravadas de dissidentes militares – que usam uma faixa azul no braço, para se destacarem das Forças Armadas que permanecem com Maduro – foram usadas como incentivo para atrair apoiadores.
Com ajuda da imprensa, os opositores induziram líderes internacionais a se posicionarem – Brasil promoveu reunião sobre Venezuela e Eduardo Bolsonaro correu para a fronteira; EUA reafirmam apoio ao “presidente autoproclamado” e Espanha pediu cautela para evitar guerra civil. Com isso, tentam alimentar o noticiário constantemente e gerar alguma tensão.