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<<Por Vanessa Silva, colaboradora de Diálogos do Sul*>>
Com Chávez tem início o processo de integração continental. É a partir de sua primeira eleição em 1998 que a América Latina começa a se insurgir contra a supremacia dos Estados Unidos e sua ingerência nos assuntos internos dos países da região. Seu projeto internacionalista ganha corpo e contornos mais nítidos com a eleição, em 2002, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Brasil e, em 2003, de Néstor Kirchner, na Argentina. Já em 2005, dizem não à proposta dos Estados Unidos de criar a Área de Livre Comércio das Américas (Alca). O Mercosul ganha novos contornos para além da integração econômica, resultando, no ano passado, na entrada plena da Venezuela no bloco regional.
“Hugo Chávez é a alma de nossos povos, é a própria poesia, é a própria revolução. Saiu das entranhas do povo e das Forças Armadas venezuelanas para dar início à luta libertária por seu país, pela América e pela humanidade. A revolução bolivariana que o comandante Chávez semeou já é colhida na Venezuela e em toda a América Latina. Já não existe retrocesso possível”. (Daniel Ortega)
A proposta liderada pelo comandante Chávez é focada na ideia de que a integração deve ser feita do e para o povo. Assim nasce a Alternativa Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba). Tem impulso o Banco do Sul (que tem como objetivo substituir o Fundo Monetário Internacional (FMI), a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), e a Comunidade dos Estados Latinoamericanos e Caribenhos (Celac).
Em outubro do último ano, Chávez venceu as eleições e conquistou um mandato que só se encerraria em 2019 – não fosse a recidiva de sua doença. Apesar disso, várias foram as denúncias – todas falsas –, feitas nos mais diversos meios de comunicação, de que se tratava de uma ditadura.
“Trata-se de um ditador raríssimo, porque ganhou 12 eleições e é muito raro que um ditador ganhe 12 eleições de maneira limpa”. (Eduardo Galeano)
O processo eleitoral venezuelano é seguro e foi elogiado até mesmo pelo ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter. Chávez venceu a última eleição por 55% dos votos, contra 45% de seu concorrente, Henrique Capriles.
“Não deve ter presidente na América Latina e no mundo que tenha passado por tantas eleições e as tenha ganhado como Chávez. Não acredito que alguém possa ser antidemocrático tendo ganhado tantas eleições”. (Cristina Kirchner)
As vitórias na urnas: em 1998, 2000, 2006 e 2012, refletem o apoio popular ao seu projeto para o país.
“Sob o governo de Chávez, o governo venezuelano teve conquistas extraordinárias. As classes populares jamais foram tratadas com tanto respeito, carinho e dignidade. Estas conquistas precisam ser preservadas e consolidadas. Obrigado, companheiro, por tudo que fez pela América Latina”. (Fidel Castro)
A revolução bolivariana é um projeto que se propõe a superar o capitalismo. Ela começou como uma revolução democrático-nacional, com o “objetivo de libertar os venezuelanos da elite corrupta e degenerada que atuava como representante local do imperialismo estadunidense”, como esclareceu o escritor e político britânico Alan Woods em artigo sobre o processo conduzido no país.
“Chávez mudou a história da Venezuela e creio que de grande parte da América Latina. É um extraordinário ser humano. Foi incrível o que ele conseguiu. Seu país tem sido um exemplo para toda a América Latina. O admiramos muito”. (Rafael Correa)
Entre as conquistas da Venezuela chavista estão o fortalecimento da democracia, a redução da pobreza, da desigualdade, da desnutrição infantil e do desemprego; o aumento da escolaridade; a maior igualdade de gênero; mais acesso aos serviços de saúde; a democratização dos meios de comunicação e o fortalecimento da integração latino-americana.
“Sem dúvida Chávez é o melhor presidente que a Venezuela teve nos últimos cem anos. E ainda assim não exerce nem remotamente a influência que atribuem a ele. A Europa não precisa ter medo da esquerda latino-americana”. (Luiz Inácio Lula da Silva).
Com este mesmo enfoque, nasce na Venezuela uma democracia participativa, em que o povo tem forte participação nas decisões do governo.
“Hugo Chávez é um demônio. Por quê? Porque alfabetizou dois milhões de venezuelanos que não sabiam ler nem escrever, ainda que vivessem em um país que tem a riqueza natural mais importante do mundo, que é o petróleo. Eu vivi neste país alguns anos e conheci bem o que era. Lá havia dois milhões de crianças que não podiam ir para as escolas porque não tinham documentos. Então chegou um governo, este governo diabólico, demoníaco, que faz essas coisas elementares, como dizer ‘as crianças devem ser aceitas nas escolas com ou sem documentos’. E então o mundo caiu. Isso é uma prova de que Chávez é um malvado, muito malvado”. (Eduardo Galeano)
Hugo Chávez morreu às 18h55 (horário de Brasília) do dia 5 de março de 2013. O anúncio de sua morte foi feito pelo vice-presidente da República, Nicolás Maduro. Emocionado, Maduro mencionou uma música do cantor Alí Primera que diz “os que morrem pela vida não podem chamar-se mortos”. Líderes de diversos países manifestaram apoio à Venezuela e aos venezuelanos. O povo tomou as ruas e praças do país para dar seu último adeus ao líder que mudou a Venezuela e toda a América Latina.
“Compreenderam que a luta pelo socialismo de Chávez é capaz de se sobrepor a qualquer obstáculo”. (Fidel Castro)
*publicado originalmente no Portal Vermelho