No último sábado (14/11/2020), a Frente Polisário decidiu anunciar o fim do cessar-fogo de quase três décadas e retomou a luta armada contra o Marrocos. O motivo disso seriam as tensões entre o grupo e o governo marroquino na fronteira com a Mauritânia, dando um reinicio as hostilidades entre o Reino de Marrocos e o movimento de libertação.
Bom, é provável que muita gente desconheça a existência da Frente Polisário e os motivos do conflito com as autoridades marroquinas.
Para quem não sabe, a região denominada de Saara Ocidental, onde fica o povo saaraui, foi colônia espanhola até 1975. Ao sair da região, o governo espanhol acabou dividindo o território saaraui entre os governos de Marrocos e da Mauritânia sem a consulta da população local.
A Frente Polisário (acrônimo de Frente Popular de Liberación de Saguía el Hamra y Río de Oro), que fora criada em 1973 para combater o domínio espanhol, passou então a resistir militarmente contra a ocupação dos dois países vizinhos.
O governo da Mauritânia chegou a se retirar da região em 1979, enquanto os combates entre as forças revolucionárias e as tropas marroquinas continuaram até o fim da década de 1980.
Em 1991, a ONU negociou um cessar-fogo entre ambas as partes, anunciando a realização de um referendo na qual a população do Saara Ocidental votaria por sua independência.
No entanto, esse referendo nunca foi realizado porque o governo de Marrocos exigia que toda a população residente no Saara Ocidental pudesse votar, enquanto a Frente Polisária só admitia o voto dos habitantes que já estavam no território saaraui antes da ocupação do país vizinho, excluindo os marroquinos que ingressam na região como colonos depois de 1975. Desde então, a Frente Polisário acusa as autoridades marroquinas de sabotarem a autodeterminação da região.
Devido a essas circunstâncias, pode-se dizer que a luta do povo saaraui é uma das últimas lutas por libertação nacional ainda remanescentes na atualidade.
IELA
Muita gente desconhece a existência da Frente Polisário e os motivos do conflito com as autoridades marroquinas.
Memória
Tema complexo, que requer uma análise de longo prazo e a compreensão da geopolítica atual. Para uma visão histórica do tema, compartilhamos reportagem publicada na revista Cadernos do Terceiro Mundo de 1997.
A Diálogos do Sul é a continuidade digital da revista fundada em setembro de 1974 por Beatriz Bissio, Neiva Moreira e Pablo Piacentini em Buenos Aires:
A recuperação e tratamento do acervo da Cadernos do Terceiro Mundo foi realizada pelo Centro de Documentação e Imagem do Instituto Multidisciplinar da UFRRJ, fruto de uma parceria entre o LPPE-IFCH/UERJ (Laboratório de Pesquisa de Práticas de Ensino em História do IFCH), o NIEAAS/UFRJ (Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre África, Ásia e as Relações Sul-Sul) e o NEHPAL/UFRRJ (Núcleo de Estudos da História Política da América Latina), com financiamento do Governo do Estado do Maranhão.
Texto publicado originalmente na página Revista Cadernos do Terceiro Mundo – Acervo Digitalizado.
‘’Frente Polisário visita a América Latina’’ por Cristina Canoura
CADERNOS TERCEIRO MUNDO. Lisboa: Tricontinental Editora, Lda., ano 1, n. 2, fev-mar. 1978, p. 41-46.
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