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A luta para os povos é de libertação Nacional

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

A nossa luta, no Brasil, na Nossa América, é pela recuperação da soberania e independência econômica, o mesmo que dizer que é luta de libertação nacional. Os argentinos já se deram conta disso e estão se mobilizando em uma grande frente para conquistar a Segunda Independência. O documento de convocação para esse movimento expõem claramente os estragos causados pelo projeto de dominação neoliberal, faz a necessária crítica aos movimentos populares que fizeram o jogo do capital financeiro e traça caminhos para a libertação. É um pouco longo mas vale a pena ler. Um bom exemplo para as esquerdas latino-americanas.

Documento Político 2017 de Convocação pela 2a independência

Argentinos convocam pela 2a independência

1 / Panorama Mundial

Bandera GrandeDepois da recuperação econômica alcançada em 2010, da crise provocada pela bolha financeiro-imobiliária de Wall Street em 2008; o governo global que tenta se consolidar como tal, decidiu iniciar sua transição à uma Nova Ordem Mundial, passando a consolidar seu processo imperial de maior concentração capitalista-financeira, com características liberais ortodoxas fundadas maiormente no ideário histórico das velhas famílias oligárquicas anglo-saxãs do velho dinheiro.
O mundo entra em tensão bélica, numa disputa intercapitalista entre o governo global da plutocracia impondo a hegemonia unipolar contra o resto das potências capitalistas que tentam ser parte da pequena mesa disputando a multipolaridade para uns poucos sobreviventes dos tempos que virão.
Para a Nova Ordem Mundial, o problema demográfico é o problema. Sobram povos inteiros diante da escassez de recursos, e a guerra é a saída histórica para eles. Nesse cenário qualquer opção com vistas a garantir a dispersão, o espontaneísmo, a reação emocional desgastante e impotente, ou o pacifismo pela via parlamentar, é o suicídio em massa. Por isso, os povos não se auto limitam ou auto condicionam com essas opções, nem se submetem massivamente a suas alternativas nestes momentos  de conflito aberto.
Os povos que não só estão sobrevivendo, como estão combatendo, o fazem a partir da organização decidida a se enfrentar à altura desse inimigo, com Venezuela, Síria, Palestina, etc. Pensamento Estratégico, Organização Revolucionária, Combatentes não Vítimas, exercício do internacionalismo, tanto em tempos de suposta paz como nos de pela guerra, seja em guerras regulares ou assimétricas. Esta é a tarefa. Há povos combatendo o império no mundo; e o nosso, que resiste também deve preparar-se para isso.

2 / Situação Nacional e Popular

Entre suas disputas geoestratégicas, eles movem como peças de xadrez o destino de nosso povo, de nossas nações, de toda nossa classe oprimida de trabalhadores e trabalhadoras com ou sem emprego, sejam também meninos, meninas, jovens, anciãos, anciãs (além de suas definições étnicas, sexuais, ecologistas, indigenistas etc.). Todas e todos como classe que vive do trabalho, e está sendo oprimida nessa etapa imperialista do capitalismo.
O último mandato do governo de Cristina Kirchner culminou com condenar os últimos dez anos (quer dizer, uma geração completa que se inicia na vida política e econômica do país), como uma década totalmente desperdiçada para consolidar a subjetividade (ou seja, as organizações necessárias e o projeto nacional e de liberação social tão sonhado), que pudesse desterrar contundentemente o colonizador de nossas terras.
No lugar disso deixaram dividido e ferido o tecido político e social do campo popular, foi instrumento dos princípios e conceitos liberais e progressistas nas filas do nacionalismo popular, corrompeu a militância, traficou com a história por oportunismo político, desorientou e desviou do caminho transformador que o povo tinha aberto até fins de 2001 (tudo isso apesar e sobretudo sem se deter para cuidas das bases abnegadas populares que puseram o coração convencidas do necessário  caminho nacional e popular para a libertação). Nos deixaram à mercê e em bandeja de prata nas mãos desses assassinos, exploradores, saqueadores, os patrões de sempre e genocidas oligarcas de duplo sobrenome, a quem só interessa fazer  bem as obrigações para seus chefes imperiais, como bons gerentes que anseiam viver em outras terras onde sejam aceitos e reconhecidos por uma inalcançável realeza que os despreza.
Nos retrocederam a uma época parecida a um par de anos antes dos anos 1930, levados pela mão dos liberais da década infame à grande depressão mundial. Num mundo ainda mais pequenos que o daqueles anos, graças à revolução tecnológicas e das comunicações, que tem servido sobretudo como cadeias de propaganda ideológica dominante, conseguindo massificar globalmente a escravidão como nunca antes visto pela humanidade. Nosso povo argentino não é uma exceção. É o que sofremos na hora de tentar organizar-nos, resistir, enfrentar o patrão e seus fâmulos, de somar forças e ter clareza para que possamos nos erguer uma vez mais. Nos escravizaram, nos submeteram. É necessário que nos libertemos.
Nosso país não deixou de pagar a dívida externa nos últimos anos. O governo anterior recuperava reservas do BCRA contraindo dívida; e hoje continua sendo o mesmo. Hoje como ontem, porém com diferentes discursos, voltam a nos vender que o endividamento nos garantirá o crescimento. Porém, hoje, neste mundo em guerra, os prazos se encurtam; e por mais apoio que tenha com os votos das eleições parlamentares, que a ninguém convencem, o governo de Macri sabe que a chuva de investimentos não chega, e sem elas vai direto a uma crise econômica, financeira e social.
Por que não chegam os investimentos? Porque não estão cumprindo com as exigências do FMI. Que Cristina não tivesse recebido visitas dos inspetores do FMI, não significa que não aceitava suas exigências. De fato, a famosa e agora ferramenta repressora tão presente nas mãos da ministra de Segurança, Patricia Bullrich e seus amigos dos Serviços de Inteligência (sobretudo internacionais), a Lei Antiterrorismo foi uma amostra entre tantas decisões que foram tomadas em direção a aprofundar o atual modelo de saqueio, exploração, repressão e controle territorial efetivo pelo inimigo histórico, a pedido dos organismos internacionais.
Quais são as exigências com as quais o FMI extorque para que se alcance as virtuais e hipotéticas, ainda que utópicas, chuvas de investimentos? A Terceira Reforma do Estado, que tinha ficado truncada desde meados dos anos 1990, e vinha a passos lentos (durante o governo anterior, não só não se modificou nenhuma estrutura estatal do menemismo, como o produziu também o esvaziamento do Estado, só que com outras formas e características: tentou-se convencer-nos de que havia uma necessidade de reinventar um Estado que supostamente estaria presente para proteger os interesses  da classes populares diante da crise de representatividade surgida em 2001. Os milhões de argentinos e argentinas hoje desprotegidos se dão conta da mentira de ontem, que continua e se aprofunda hoje). Ajuste do Estado Nacional (sob a mentira do déficit fiscal provocado pelos empregados estatais indicado como o principal desperdício de um Estado que privilegia os próprio políticos e empresários de sempre). Venda de ativos, fechamento ou descapitalização das empresas estratégicas do Estado; empobrecimento e enfraquecimento nos âmbitos estaduais e municipais do Estado com transferência de funções sem orçamento; Reforma Trabalhista (com intervenção e perseguição patronal nos sindicatos); Reforma da Previdência; Reforma Fiscal; Reforma Judicial e Jurídica; Reforma do Sistema de Saúde e Educação (estagiários que multiplicam a mão de obra barata e escrava pra favorecer as grandes empresas). É isso mesmo, as recentes anunciadas reformas no marco do “Acordo Nacional”. Um acordo tácito porém sentido (sobretudo nas costas das classes populares) em que alguns mais próximos do CCK, ou a um ali perto querendo saber do que se trata, assistiram sem tentar deter o que avança rapidamente. Antes que uma crise ingovernável econômica e social atrase com o orgasmo orgíaco a que aspiram esses yuppies de dois sobrenomes, ao gozar com a impudica soberba de ter o poder sobre nossas vidas.
Não há dúvida de que este governo não vai produzir nenhuma ruptura com os organismos internacionais de crédito, não porque necessita empréstimos, mas porque se considera parte do Grupo dos 20 países capitalistas mais importantes da terra. Orgulhos e servis se preparam para receber a seus chefes da OMC, e entregar até suas mães para hospedar o melhor possível os presidentes do G20 no próximo ano. Enquanto nos matam de fome para servir a seus amos, eles mesmos são tratados como bufões da corte.
O governo anterior não transformou a matriz agro-exportadora-extrativista primária, de saqueio estrangeiro de nossos recursos naturais. Hoje o atual governo avança decididamente neste cenário global, com a ocupação efetiva de nosso território. As manifestações de povos inteiros, como as últimas em El Bolsón, Esquel, El Maitén; as lutas pela terra de comunidades camponesas e originárias em Formosa, Salta, Jujuy, em toda a Patagônia, mostram a resistência de nosso povo ao avanço que segue e se multiplica dos interesses estrangeiros sobre o solo argentino. As lutas contra a Benetton e Lewis, tanto das comunidades mapuches como caboclas, contra Gildo Infran de wiches e agricultores familiares em Formosa, de desempregado e moradores no feudo de Morales em Jujuy, de comunidades camponesas e de guaranis na Salta de Urtubey, são brutalmente reprimidas pelas burguesias e oligarquias locais em sociedade direta com capitais externos.
A ocupação de nosso território se desenvolve há anos através da concentração de terras em poucas mãos, a instalação de empresas transnacionais, de suas máfias (redes que envolvem o poder político, judicial e midiático) e nos últimos anos também através do narcotráfico. Hoje eles necessitam se deslocar por toda a geografia, a pedido de suas matrizes estrangeiras, uma vez que o isolamento de nossa Pátria Grande, junto com as reservas de recursos naturais, são indispensáveis em tempos de guerra. Hoje os centro de decisão  e controle territorial se assenta no Ministério de Segurança, onde se instalaram diretamente as agências de inteligência estrangeiras.
Hoje mais que nunca necessitam liberalizar tudo o que se possa no comércio exterior, anular qualquer controle nas fronteiras; ser eles os únicos controladores para que seus negócios, suas mercadorias (as da economia de guerra e o narcotráfico) circulem sem reparo e se possa lavar as divisas por eles geradas em seus próprios bancos. Tudo isso tendo como telão de fundo o fato de ser eles mesmos os justiceiros contra a corrupção local.
Não são somente a soja e os latifundiários locais que nos fazem passar fome. Hoje os donos de sempre e de tudo são os que diretamente nos governam e necessitam todas as reformas possíveis para remodelar a sua medida, um Estado servil à Pátria Contratadora e Financeira. Ratificar-nos como uma colônia que deve abastecer e servir à concentração imperial do Novo Governo Global que está projetado.
Aos agro-deputados de ontem se somam os narco-deputados de hoje, sob a máscara de ser paladinos contra a corrupção, denunciando e delatando uns aos outros; reproduzindo a putrefação a todos os setores para não serem descobertos como os principais responsáveis e partícipes da crise de representação, da corrupção no poder público, da crise de valores essenciais para a convivência comunitária e a falta de esperança de vida, sobretudo em nossos jovens.
Enquanto pensam como sobreviverão (tanto as burocracias políticas como sindicais), como vão se manter no cenário do ciber-espaço midiático (tanto a esquerda como a direita liberal parlamentar), o povo se enche e tudo fica na mesma. É guiado pelo seu instinto de sobrevivência. Ali todos tentam cantar a canção que o povo, assim acreditam, quer escutar. Então aparecem propostas populistas de direita como as de Macri e Vidal, como as de Massa e Randazzo, ou como as progressistas de Cristina e D’Eelia, e até a esquerda liberal e a reformista se acomodam diante de tanta encheção… e tudo volta a parecer com mais do mesmo, só que com outra cor.
Enquanto isso, a Plutocracia avança em seu objetivo estratégico de controle, domínio e exploração. No que vai destes últimos dois anos, transformaram o Estado, foram perdidos mais de 15 mil postos de trabalho, fábricas estratégicas do Estado foram fechadas, milhões de beneficiários de projetos sociais lançados ao desamparo e mão de obra escrava. Colocaram à venda a participação do Estado nas hidrelétricas, pararam de fabricar aviões  para fabricar jaquetas e cercas, suspenderam o controle sanitário nos portos e fronteiras, liquidaram com programas de saúde e se projeta a educação de nossos jovens na medida das necessidades de lucros para os empresários. Se mobiliza a polícia militar e civil para dar segurança às empresas transnacionais, obrigam, com cenários fabricados, a envolver as forças armadas em assuntos de segurança interior, sob o pretexto de existência de grupos terroristas no país.
Passamos todos e todas a ser objetivos militares, com o controle interno e os recursos econômicos nas mãos deles, graças ao eterno endividamento, ficamos totalmente vulneráveis a seus caprichos, e a um só passo da implosão do Estado para quando tenham que intervir diretamente.
Assim de expostos ficamos e estamos. Em uma etapa diferente da década passada, porque como anunciava Cristina, o objetivo é continuar aprofundando o modelo.  Hoje já não há desiludidos. Hoje somos nós: os povos contra eles: a oligarquia financeira internacional com seus gerentes transnacionais no país. Hoje são as organizações revolucionárias ou os exércitos regulares ou irregulares deles transladados em nossas terras.
Como no início da crise de 2008, que se apelava ao Pacto Social, os dirigentes da CGT, da CTA e da UIA; hoje diante das exigências do FMI para que cheguem os investimentos que salvariam Macri de uma crise econômica ingovernável, somam também ao “Grande Acordo Nacional”  as igrejas e grandes movimentos sociais. Mais amarelo, mais consensos, mais equipe, mais cinismo para eles se manterem a custo do ajuste e da miséria nossa.
Hoje, depois da vitória de Cambiemos, com o voto de fastio popular, se amontoam e se apressam em se reagrupar para as eleições presidenciais de 2019, para ver quem pode sobreviver do naufrágio. Ali veremos mais populismo discursivo liberal e amarelo do Vidal; o reagrupamento do PJ com a benção de Bergoglio para unir e salvar-se (convencendo a Massa, Randazzo, Urtubey, o Movimento Evita, grande parte da CTEP, governadores, prefeitos, ex kirchnerista etc.); e uma esquerda parlamentar tentando abrir espaço no Congresso e sendo fagocitada, tal como Podemos na Espanha ou o independentismo pacifista da Catalunha.

3 / Querem que sejamos escravos

Escravos submissos, inconclusos, atrofiados, enroscados, mutilados, deprimidos, egocêntricos, vulneráveis, submetidos, previsíveis, alcaguetes, obedientes, moldáveis, teledirigidos. Escravos da vontade do patrão, dos donos, do chefe ou chefa, do capitalista… do império do dinheiro. Eles submetem através da alienação material passando pela colonização ideológica. Eles nos querem idiotizados, consumidores e reprodutores sistêmicos. Eles necessitam que acreditemos em suas leis, que não há nada mais digno do que lutar pelas liberdades individuais enumeradas nos preâmbulos das convenções de Direitos Humanos, defender a propriedade privada e o desenvolvimento pessoal da meritocracia, e ter como principal objetivo dar a vida em defesa da democracia representativa ocidental anglo-saxã e liberal.
Que  ninguém se atreva a questionar esses valores, que todos repudiam qualquer tipo de violência, que ninguém se pergunte se há possibilidade de outro sistema de vida. Que descarreguem suas frustrações em terapias coletivas e grupos projetando palavras de ordem. Que ninguém se atreva a se organizar politicamente para revolucionar a ordem estabelecida, que todos pensem que se revolucionar não enfoque o poder. Que o poder seja um mistério para uns poucos, e que esses poucos nunca sejam nomeados.
Até aqui chegamos todos, as e os que tentamos uma e outra vez junto com a memória dos que já não estão, e também os que procuraram os atalhos atrasando e reduzindo forças no caminho revolucionário. Aqui estamos, no buraco olhando a projeção de uma realidade que se nos apresenta como certa. Aqui estamos todas e todos, dentro da Matrix, controlados pelo “Grande Irmão”, o olho que tudo vê e ao que nos é proibido chegar perto.
Nosso tempo físico nos escapa entre as mãos, perdendo minutos, horas, dias, nos em várias batalhas fictícias e impotentes. Muito esforço e recursos para conseguir uma cadeira dentro do jogo da democracia representativa que majoritariamente repudiamos. Reivindicamos a Soberania do Povo, e nos desgastamos em apoiar a sua submissão ao parlamentar representativo. Enquanto isso eles avançam em sua submissão, avançam nas ocupações territoriais, na colonização de nossas terras e ideias. Compram vontades, firmam pactos sociais, estimulam rebeldias controláveis, saqueiam territórios, balcanizam unidades nacionais, desintegram Estados, e avançam no redesenho da Nova Ordem Mundial.

A tarefa para daqui pra frente

A frente eleitoral é uma frente de massas em que a tarefa, tal como a frente sindical e territorial, é alcançar a maior força possível para a disputa do poder. Assim a militância deve se concentrar, por um lado, em elevar o nível de consciência de classe (ou seja, que a maior quantidade de integrantes do povo trabalhador, com ou sem emprego, se decida a organizar-se revolucionariamente numa estrutura política). Por outro lado, a disputa das instituições, sobretudo do Estado, para colocá-las a serviço do projeto político revolucionário. Não acreditamos nessas instituições caducas, alheias aos interesses populares. Acreditamos na necessária tomada do poder instituído para que irrompa o poder constituinte do povo, e que se subverta a ordem estabelecida por um sistema Socialista, verdadeiramente democrático.
As eleições passam e a tarefa continuará sendo a mesmo. Nosso objetivo está na resolução da relação de poder entre Libertação ou Dependência; entre nós ou eles, entre oprimidos e opressores. O inimigo principal é o imperialismo, e não há libertação dele dentro do sistema de dominação que é o capitalismo. Ser anti imperialista é ser ao mesmo tempo anticapitalista. Não há libertação nacional possível das garras do império se não nos propomos ao mesmo tempo a construção do socialismo. E não há caminho para o socialismo sem uma classe trabalhadora organizada na Unidade Nacional para a Libertação da Pátria. À classe trabalhadora argentina, com emprego ou sem emprego, lhe é negado o caminho da unidade nacional para que não protagonize a revolução de sua libertação social. Num país como o nosso, semifeudal e dependente economicamente dos capitais estrangeiros, em que os meios de produção estratégicos estão em mãos estrangeiras, tomar o caminho da construção do socialismo, indefectivelmente, implica na luta pela libertação nacional. Pro Império, nem um nadinha assim. Lutamos contra o sistema e não contra uma de suas variantes.
Para isso não há receitas dogmáticas nem um só caminho para alcançar esse objetivo. Todo e toda revolucionária deve ter a criatividade, capacidade e formação para dirigir as ferramentas de luta que surgem da resistência do povo, e encaminhá-las organizativa e revolucionariamente à uma estratégia de poder; que tenha em vista o objetivo final da causa e preveja as vitórias parciais, no longo caminho da revolução contínua e permanente.
Nem o guerrilheirismo, nem o sindicalismo, nem o eleitoralismo por si sós são métodos que garantam soluções à ofensiva de um inimigo que sofisticou suas armas, e que disputa em todos os terrenos e dimensões da relação de poder imposta. Por isso, o desafio cada vez nos exige mais audácia, disciplina, formação, grandeza na humilde tarefa de aprender a ser conduzidos, e a coragem para assumir as ignorâncias do presente se entendemos que temos a responsabilidade de conduzir a outros e outras.
Não se pode conduzir a um povo que não está preparado para ser conduzido. O império deseja que estejamos adestrados e disciplinados também, para que nos deixemos conduzir de acordo com seus interesses. A revolução necessária, e exigida pelo povo, que está submetido e infeliz devida a não satisfação de suas necessidades básicas, consciente ou não disso, é nossa tarefa. Necessitamos que a maior quantidade de nosso povo trabalhador se disponha a isso.
A oligarquia internacional, como a minoria elitista pretende manter-se com suas servis burguesias locais transnacionalizadas; com seus gerentes hoje na condução do Executivo Nacional, com os partidos liberais parlamentaristas, com suas disputas inter capitalistas para uma etapa de maior concentração do sistema financeiro internacional. Um capitalismo financeiro que se mantém em meio de sua crise sistêmica e civilizatória, pretendendo que os povos paguem a conta. Com a superpopulação global atrapalhando o redesenho mundial, de um sistema de vida que dá para uns poucos; em sua guerra imperial de rapina, saqueando recursos, resolvendo o problema demográfico com os extermínios de povos inteiros, ocupando países através dos ensaios de implosões de Estados, financiando e incentivando desestabilizações e guerras civil.
Nunca como antes estiveram tão à vista, de forma obscena, os reis nus diante de nós. São eles ou nós. São essas poucas famílias de banqueiros que comandam e dirigem as poucas potências mundial que disputam a liderança dentro do sistema capitalista e consumista global.
Os que realmente se enfrentam e resistem (não os simulacros e inventos que eles financiam); os que realmente estão resistindo e combatendo, são os que estão padecendo com todo o ódio sobre suas costas, toda a crueldade nua e crua dos que querem tudo sob seu controle e domínio: Palestina, Síria, Venezuela e as organizações revolucionárias que ocorrem no seio daqueles povos subjugados pela ocupação.

Convocação à Segunda Independência

Por tudo isso. Convocatória-Segunda Independência convoca a todas e todos os companheiros e companheiras que se acham decepcionados, traídos, solitariamente abatidos, q que não percam um só minuto mais, que não voltem a suas casas, que se decidam a tomar o destino, próprio e coletivo, em suas mãos e se somem a esta proposta.
É evidente que os tempos futuros serão verdadeiramente muito difíceis e sacrificados, contudo, serão ainda mais se não nos organizarmos para enfrentá-los. O futuro só poderá tornar-se digno com nosso presente de luta. A história Argentina foi construída por homens e mulheres que tiveram a ousadia de desafiar destinos, que assumiram a responsabilidade histórica de ser protagonista de mudanças, que deixaram marcas indeléveis em nossa memória. Que não deixaram de ter audácia. Só necessitamos voltar a confiar em nós mesmos, na consciência de nosso próprio ser e de nosso destino; porém, sobretudo, e com tudo isso, a confiança em um projeto comum, em uma Organização que contenha nossas esperanças e concretizar nossos sonhos coletivos.

Apelo à organizar para resistir e enfrentar com urgência

  1. Enfrentar qualquer “Pacto Social” que se pretenda para iniciar as Reformas exigidas pelo FMI: Não à Reforma Trabalhista, da Previdência, da Saúde, da Educação (Não aos estágios gratuitos para empresários públicos e privados); não à Emergência Social imposta pela precarização laboral e o subsídios às grandes empresas privadas.
  2. Exigir a recuperação e reativação das Fábricas e Empresas estratégicas do Estado. Geração de emprego genuíno como parte de um Projeto Nacional soberano, que reative o mercado interno. Não ao pagamento da dívida externa ilegal e ilegítima.
  3. Afiançar, promover e apoiar as manifestações em diferentes localidades do país por terra para quem trabalha. Recuperação de terras/território hoje em mão de latifundiários locais e estrangeiros, para as comunidades originárias e locais. Promover a defesa culturas das diferentes nações, posto que priorizamos a unidade plurinacional, para a conquista de um único Estado Argentino em mãos de nossos povos. Não aos separatismos pregados por interesses que beneficiam às burguesias transnacionais e latifundiários locais. Sim a independência argentina dos interesses do império colonizados.
  4. Não à Reforma do Código Penal com o objetivo de perseguir e criminalizar os protestos, enquanto se procura a segurança jurídica para resguardar as empresas transnacionais e  o sistema financeiro, que são os principais ladrões de nossas riquezas. Não pode haver nenhum Acordo Nacional enquanto se mantenha o processo a milhares de trabalhadores submetidos a processos penais por causa de suas lutas. Anulação da Lei Antiterrorista. Exigir a renúncia imediata da ministra de Segurança, Patricia Bullrich por ser responsável pela política do assassinato de Santiago Maldonado, por não cumprir com seus deveres de funcionária pública, e suspeita de traição à Pátria. Aparecimento de Júlio López, Iván Torres e Daniel Solano, e das 30 mil companheiros e companheiros detidos desaparecidos.

Reafirmamos nossos acordos programáticos pela disputa do poder:

  • São prioridades política da Convocatória-Segunda Independência a nacionalização dos bancos, do comércio exterior, a democratização da Terra e a Reforma Agrária. Abolição da propriedades privada e a concretização da propriedade coletiva e comunitária.
  • Ruptura com o FMI e o Banco Mundial – que nunca serão democráticos- e integração e participação decidida do país na Unasul. Dissolução da OEA (alguma vez denominada Ministério de Colônias); e constituição do Banco do Sul.
  • Direito de nossos Povos à Autodeterminação. Por um Estado Argentino Plurinacional. Plena soberania do povo argentino sobre seus recursos naturais. Direito à nacionalização e estatização dos meios de exploração dos recursos, da banca e do comércio exterior. Regulamentação dos preços internacionais com vistas a estabilizar os gastos com importação e os ingressos pelas exportações. Novas fontes de financiamento, com vistas a fomentar a propriedade coletiva e comunitária, e o desenvolvimento com créditos não condicionados.
  • Controle real das empresas transnacionais e das áreas estratégicas de produção em mãos do Estado. Criação de mecanismos eficazes para a transferências de tecnologia avançada em nossos países.
  • Fim de condicionamentos para a aplicação dos mecanismos legais de cada país. Promover mecanismos de democracia direta e plebiscitos populares para os assuntos estratégicos. Desconhecimento das dívidas externas contraídas e logo ratificadas de forma ilegal.
  • Direitos dos povos ao controle estatal da propriedade da terra em função social e comunitária. Direito do Estado a expropriar os grandes latifúndios.
  • Direitos do Estado argentino a contar com sua própria marinha mercante de bandeira nacional. Estatização do transporte e vias aéreas. Defesa e reativação das empresas estratégicas do Estado.

Convocação pela libertação nacional e social no caminho para a Segunda e definitiva Independência.
Direção Nacional – Novembro de 2017


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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