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A ONU continua popular na maioria dos países

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

Jim Lobe*

Veículos da ONU nas Colinas de Golã. Foto: UN Photo/Arnold Felfer
Veículos da ONU nas Colinas de Golã. Foto: UN Photo/Arnold Felfer

A Assembleia Geral da ONU – Organização das Nações Unidas iniciou seu 68º período de sessões com uma boa notícia: pesquisa realizada em 39 países revela que o fórum mundial continua sendo relativamente popular no planeta. Segundo o Projeto de Atitudes Globais (GAP), divulgado no dia 17 pelo Pew Research Center, claras maiorias de entrevistados em 22 países disseram ter uma opinião favorável sobre a ONU, assim como fizeram importantes porcentagens de pessoas em outras seis nações. A média de aprovação nos 39 Estados onde foi feita a pesquisa foi de 58%, contra 27% de opiniões negativas.

O estudo também concluiu que a opinião sobre a ONU tende a ser significativamente mais favorável entre adultos jovens do que entre os mais velhos em cerca de metade dos países estudados. As diferenças geracionais são mais pronunciadas no Canadá, nos Estados Unidos e na Turquia. O mesmo ocorre em relação ao nível educacional. As pessoas com maior instrução apresentaram opiniões mais positivas sobre as Nações Unidas, principalmente na Turquia, Japão, Paquistão e Canadá, segundo o GAP.

Os homens apresentaram tendência em mostrar maior aprovação da ONU do que as mulheres em vários países, particularmente na África subsaariana e na Ásia Pacífico, mas também no Brasil e Paquistão, pontuou Bruce Stokes, analista do GAP. O especialista afirmou que um grande número de mulheres nesses países também apresentou a tendência pela opção “não sabe/não responde”. No Paquistão, por exemplo, chegavam a quase 80% e em Uganda a 42%.

“Não há como saber o motivo de ser assim”, comentou Stokes à IPS. “Pode ser que na verdade elas tenham menos possibilidades de saber sobre as Nações Unidas” do que os homens, mas também pode ser um indício de que “o fórum mundial tem um problema com as mulheres nesses países”. Ásia Pacífico e sudeste asiático foram as regiões onde se constatou a maior aprovação à ONU, seguidas pela África subsaariana, segundo a pesquisa, feita entre março e maio desse ano.

Entretanto, 45% dos entrevistados na China (um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança e o único da Ásia) expressaram opinião desfavorável às Nações Unidas, contra 39% positivas. Há quatro anos, a situação era bem diferente: 55% dos chineses entrevistados mostraram uma opinião positiva em relação à ONU, contra 32% que desaprovavam seu desempenho. No Japão, as opiniões favoráveis pouco superaram as negativas: 45% contra 40%. A diferença há apenas dois anos era de 61% contra 27%.

A região onde de longe se registraram respostas mais negativas sobre a ONU foi a do Oriente Médio. Em Israel ocorreu a maior desaprovação: 70%. E essa porcentagem aumenta para 75% entre os israelenses judeus. Os palestinos na Cisjordânia e em Gaza foram quase igualmente negativos: 69% disseram ter uma opinião desfavorável sobre a ONU, assim como maiorias na Jordânia (61%), Turquia (56%) e Egito (52%).

“Não é que o público não goste dos objetivos da ONU ou de seus propósitos”, argumentou Steven Kull, do Programa sobre Atitudes Políticas Internacionais, da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, e do projeto WorldPublicOpinion.org. “Eles acreditam que a ONU não cumpre com seus propósitos e, como exemplo, apontam o descumprimento das resoluções 224 e 338 do Conselho de Segurança”, para resolver o conflito palestino-israelense, indicou. Além disso, “veem que os Estados Unidos podem conduzir o Conselho de Segurança da ONU para que sirva aos seus interesses”, acrescentou Kull, que acompanha de perto pesquisas sobre opinião pública internacional.

O país asiático com mais opiniões favoráveis à ONU (84%) foi a Coreia do Sul, terra natal do secretário-geral, Ban Ki-moon, seguida de Indonésia e Filipinas (ambas com 82%). Se comparado com os resultados da pesquisa de 2007, os desse ano mostram aumentos significativos nas opiniões favoráveis registradas em Argentina (11% a mais), Coreia do Sul e Estados Unidos (10% em ambos). Por outro lado, as grandes quedas na aprovação da ONU foram registradas na China e Espanha (13% a menos), Gana e Quênia (12%), Israel (11%) e México (9%).

Kull opinou que não é fácil avaliar as implicações destes resultados, em parte porque não está claro se os entrevistados estão se referindo ao ideal que têm da ONU ou ao seu real desempenho. “Existe frustração porque se percebe que a instituição não está funcionando como muitos acreditam que deveria funcionar, e isso cria um sentimento negativo”, destacou à IPS. “Realmente, não existe um lugar no mundo onde não se encontre uma maioria de pessoas que acredita ser boa ideia contar com uma instituição multilateral para promover o direito internacional e a cooperação”, ressaltou. Isto reflete “um apoio bastante sólido, considerando a frustração que existe sobre seu desempenho”, enfatizou.

Para a pesquisa mundial foram ouvidas quase 38 mil pessoas, às quais foram feitas numerosas e exaustivas perguntas. O GAP continuará divulgando resultados do estudo nos próximos meses.

IPS de Washington para Diálogos do Sul

* O blog de Jim Lobe sobre política externa dos Estados Unidos pode ser lido em Lobelog.com.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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