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A resistência do povo boliviano nas páginas da Cadernos de Terceiro Mundo

No próximo domingo (18/10), ocorrerão as eleições gerais bolivianas; povo boliviano já demostrou, através de sua história, que é combatente
Gabriel Farias
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

Conteúdo da página

No próximo domingo (18/10), ocorrerão as eleições gerais bolivianas. Pelas últimas pesquisas, o candidato do Movimento pelo Socialismo (MAS), Luis Arce, lidera a corrida eleitoral com mais de 40% das intenções de votos válidos, mais precisamente 42,9% segundo dados da Fundação Jubileu. 

Em seguida, aparecem os candidatos Carlos Mesa e Luis Fernando Camacho com, respectivamente, 34,2% e 17,8%. Segundo a Constituição Boliviana, um candidato pode ganhar a eleição no primeiro turno com mais de 40% dos votos se ele tiver mais de 10% de diferença em relação ao segundo colocado. Nesse sentido, há chances reais de Arce ganhar ainda no primeiro turno.Porém, sabemos muito bem que a Bolívia vive uma atmosfera golpista há praticamente um ano. O ex-presidente Evo Morales se encontra exilado na Argentina. Um dos principais argumentos para o golpe contra Morales foi a declaração da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre uma possível fraude no pleito eleitoral de 2019. 

No próximo domingo (18/10), ocorrerão as eleições gerais bolivianas; povo boliviano já demostrou, através de sua história, que é combatente

Reprodução: cpers
A Bolívia vive uma atmosfera golpista há praticamente um ano

No entanto, nos últimos meses, diversos estudos científicos de entidades independentes, tais como o Centro de Pesquisa Econômica e Política (CEPR), o Instituto de Tecnologia de Massachusets (MIT) e a  Universidade da Pensilvânia, todas com sedes nos Estados Unidos, apontam que não houve manipulações dos resultados. 
Caso Arce vença as eleições, é provável que a história se repita, já que o governo golpista de Jeanine Áñez trabalha para manter no poder as oligarquias aliadas ao imperialismo. Os próprios setores mais conservadores das Forças Armadas também já se mostraram que estão dispostos a impedir qualquer tipo de governo de carácter popular no país. Em síntese, há um cenário pessimista para o povo boliviano. 

Apesar de tudo isso, ainda temos a esperança de que os setores mais combatentes da classe trabalhadora e do campesinato farão o possível para minar os interesses dos golpistas. Por isso, para fazer um diálogo com o presente, vamos relembrar uma pequena reportagem de 1991 que aborda a luta de entidades civis bolivianas para colocar no banco dos réus o ex-ditador Garcia Meza e de diversos de seus assessores que, além dos assassinatos, das torturas e da corrupção, colaboram com o narcotráfico. 
Na época, os golpistas estavam em descrédito devido as consequências desastrosas das politicas dos regimes militares na economia e na sociedade boliviana. Os setores golpistas das forças armadas estavam totalmente submetidos ao poder civil naquele contexto de redemocratização do país.
Enfim, o povo boliviano mostrou, através de sua história, que é combatente. Participou de experiências progressistas e populares como em 1952, 1971 e, recentemente, entre 2006 e 2019 com o governo do MAS. Lutou também contra as ditaduras militares e os governos neoliberais. Não há dúvidas que haverá resistência contra uma possível reação das oligarquias dominantes nos próximos meses e anos.

Memória

Tema complexo, que requer uma análise de longo prazo e a compreensão da geopolítica atual. Para uma visão histórica do tema, compartilhamos reportagem publicada na revista Cadernos do Terceiro Mundo de 1997.

A Diálogos do Sul é a continuidade digital da revista fundada em setembro de 1974 por Beatriz Bissio, Neiva Moreira e Pablo Piacentini em Buenos Aires:

A recuperação e tratamento do acervo da Cadernos do Terceiro Mundo foi realizada pelo Centro de Documentação e Imagem do Instituto Multidisciplinar da UFRRJ, fruto de uma parceria entre o LPPE-IFCH/UERJ (Laboratório de Pesquisa de Práticas de Ensino em História do IFCH), o NIEAAS/UFRJ (Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre África, Ásia e as Relações Sul-Sul) e o NEHPAL/UFRRJ (Núcleo de Estudos da História Política da América Latina), com financiamento do Governo do Estado do Maranhão.


Texto publicado originalmente na página Revista Cadernos do Terceiro Mundo – Acervo Digitalizado.  

CADERNOS DO TERCEIRO MUNDO. Rio de Janeiro: Terceiro Mundo, ano 14, n. 142, ago. 1991, p. 38-39. 

Confira a edição completa da revista nº 142 :


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Gabriel Farias

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