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A verdade atrás de uma máscara

João Baptista Pimentel Neto

Tradução:

“Todos os truques para dissimular, enganar ou convencer, revelam uma mentira.”

Carolina Vásquez Araya*
faça sua mídiaQuando um governante se sente encurralado pelo fracasso de sua gestão, sua primeira reação é insultar, atacar ou ameaçar a Imprensa e depois -como um ato absolutamente contraditório- buscar apoio de especialistas em estratégias de comunicação para iniciar uma campanha capaz de restaurar sua empobrecida imagem pública. E onde realiza essa campanha? Obviamente através dos mesmos recursos usados por seus detratores: imprensa e redes sociais.
O que os políticos com mandatos não conseguiram entender é que nada pode reparar o dano de uma má gestão governamental a não ser ações pontuais para retomar o rumo perdido, se é que alguma vez houve um rumo correto. No caso de não haver, regressar aos discursos de campanha e a partir daí cumprir o que prometeu à cidadania. É uma norma básica de ética política, um valor essencial para transformar uma administração medíocre com um giro histórico em direção ao desenvolvimento sustentável em um marco de justiça social.
No entanto, parece que é mais fácil utilizar uma máscara para ocultar a verdadeira natureza das intenções de um político no poder. De um extremo a outro do planeta, esse costume legitimou-se como uma das táticas mais recomendadas para reger o destino de uma nação. Mentir, mentir e mentir porque algo fica, foi o valiosíssimo conselho de Goebbels dedicado a governantes, políticos e empresários experientes ou novatos, cujos objetivos estejam baseados na exploração de uma massa humana condenada a nunca conhecer a verdade. A realidade é cruel: essa forma de manipular fatos e atitudes gerou imensos benefícios àqueles que manejam os fios da história.
Mas nem tudo acontece como foi planejado e isso fica ilustrado por outra frase tão comum como a anterior: “a mentira corre rápido, mas a verdade sempre a alcança”. Isto seria a salvação para muitas nações em vias de desenvolvimento que padecem essa dura realidade, se não fosse porque antes do surgimento dessa ansiada verdade há um período de obscuridade de duração indeterminada durante o qual a mentira reina, aproveitando-se das circunstâncias, com o resultado de acabar com o patrimônio de um país inteiro e plantar, em plena democracia, as raízes de uma autêntica ditadura disfarçada de estado de Direito.
Uma das grandes mentiras de um sistema desenhado para controlar o poder de maneira desleal tem sido, precisamente, convencer a cidadania sobre a pertinência de algumas certezas jurídicas. Ou seja, da validade indiscutível das leis emanadas por instituições legislativas geralmente corrompidas por meio de pressões, de dinheiro e da promessa de outras fontes de benefícios. Isso requer um processo de reflexão muito profundo para romper o pensamento estereotipado de que todas as leis são justas ou que todas são bem intencionadas. Na realidade, como acontece com os textos de história, as leis são escritas pelos vencedores em batalhas regidas por interesses alheios ao bem-estar geral.
As máscaras, assim como as campanhas de imagem pública para desviar a atenção ou reduzir o impacto de uma má gestão, são elementos transitórios cuja efetividade depende de muitos fatores. O mais importante é o nível de consciência de uma cidadania informada e por isso é essencial o desempenho ético de outras instituições capazes de estabelecer um equilíbrio saudável nesse jogo de adivinhações e ocultações. É aí que a configuração de partidos políticos inclusivos e solidários e uma imprensa ética desempenham um papel fundamental.
Nem todas as leis são justas, nem todos os governantes são éticos, nem tudo é o que parece ser.
 
*Colaboradora de Diálogos do Sul, da Cidade da Guatemala – Elquintopatio@gmail.com
Ilustrações: Vanderlei Dos Santos Catalão (tt Catalão)


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

João Baptista Pimentel Neto Jornalista e editor da Diálogos Do Sul.

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