Ao longo dos anos, a Alemanha tem vendido armas de guerra e munições “a países afetados pela guerra e por crises, a países com violações de direitos humanos e a regiões em tensão”, afirma o Peace Research Institute Frankfurt (PRIF).
Um novo estudo do PRIF, publicado neste domingo, analisou a política alemã de exportação de armamento desde 1990 e até que ponto essa política cumpria os critérios estabelecidos pela União Europeia (UE).
Pelo menos no papel, os critérios da UE estabelecem que o país receptor final do armamento deve respeitar os direitos humanos e o direito humanitário internacional, bem como manter a paz e a estabilidade na sua região.
De acordo com o estudo, a Alemanha “violou repetidamente esses critérios”, e houve guerras alimentadas e graves violações dos direitos humanos cometidas com armas alemãs, informam RT e DW.
Os investigadores do PRIF dão como exemplo o fato de, em setembro de 2014, a Polícia ter reprimido violentamente os protestos estudantis no México usando espingardas de assalto G36, da empresa alemã Heckler & Koch.
Defesa.Net / Reprodução
Os tanques Leopard 2A4 foram usados pela Turquia na guerra contra a Síria
O estudo revela ainda que armas fabricadas na Alemanha estão sendo utilizadas na guerra de agressão ao Iêmen. Os investigadores dão ênfase particular ao longo historial de Berlim no que respeita ao fornecimento de tecnologia militar à Arábia Saudita e à Turquia.
Em 2019, os tanques Leopard 2A4, de fabrico alemão, foram usados na incursão militar das forças invasoras turcas na Síria. No que diz respeito a Riad, desde 2015 que lidera uma brutal ofensiva contra o mais pobre dos países árabes, com armamento e tecnologia alemães.
Apesar dos inúmeros relatórios publicados sobre muitos milhares de baixas civis no terreno, o governo alemão aprovou venda de armas à Arábia Saudita no valor de 1,5 mil milhões de euros desde o início da campanha de ataques e bombardeamentos, aponta o estudo, sublinhando que até os aviões de combate Tornado e Eurofighter Typhoon, vendidos pelo Reino Unido à Arábia Saudita e que levam a cabo ataques aéreos nas cidades iemenitas, “contêm peças fabricadas na Alemanha”.
Grupos de defesa dos direitos humanos fizeram pressão para que a Alemanha pusesse fim à exportação de armas a Riad, e alguns políticos de partidos da oposição pressionaram o governo para que travasse a implementação do acordo com a Ancara, revela a RT. O governo alemão acabou suspendendo a exportação de armas à Arábia Saudita e à Turquia, em 2018 e 2019, respectivamente.
Não obstante, o estudo considera que a medida não é suficiente, defendendo que “a moratória sobre a exportação [de armas] tem lacunas e é limitada no tempo”.
Redação AbrilAbril
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