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ToggleEnquanto lia o livro seminal O Destino da Civilização: Capitalismo Financeiro, Capitalismo Industrial ou Socialismo, o investigador econômico da Universidade do Missouri e associado do Instituto Levy, Michael Hudson, epitomiza um dos mais lúcidos economistas – na minha opinião, com o francês Thomas Piketty – com uma abordagem geopolítica no Ocidente, que deixou muito para trás os vencedores artificiais do Prêmio Nobel norte-americano Paul Krugman e Joseph Stiglitz, ligados aos interesses financeiros de Wall Street e dos Clintons.
A partir do fractal da sua lucidez atípica, no meio do desastre ocidental, Michael Hudson toma o tempo sereno para meditar sobre o inelutável epílogo do Ocidente (seja lá o que isso significa). Ele não está sozinho: o notável judeu gaulês progressista Thierry Meyssan também aborda impecavelmente “A Agonia do Ocidente”.
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Nos antípodas da respeitável cosmogonia judaica, o czar neoliberal globalista, o mega-especulador com a máscara de um filantropo, George Soros, no Fórum de Davos, proclamou o perigo de extinção da civilização ocidental face à Rússia e à China (bit.ly/3O2dQ0V). Depois advertiu no portal Die Welt que num futuro próximo a UE poderia tornar-se um “regime repressivo”. Como se já não fosse!
Capa do livro “Desintegração: indicadores do próximo colapso do império americano” (Reprodução)
Michael Hudson recomenda restaurar um Estado forte que possua os bens e serviços públicos e que não os entregue aos interesses privados
Dívida dos impérios
MH aborda o impublicável tema da dívida desde os impérios grego e romano, passando pelas aristocracias medievais, até a hegemonia da dupla Wall Street/ City (Londres), que fraturou as sociedades entre uma classe rentista e as plebes endividadas.
Comenta que seu país, EUA, representam o império global que ameaçam, pela via hostil, a todas as sociedades que não se abrem aos seus mercados financeiros para serem saqueadas pelos oligarcas estadunidenses.
Bem: até na Suíça se preocupam pelo atraco das reservas da Rússia por mais de 350 bilhões de dólares, como parte das sanções catastróficas de Biden.
Na opinião de Hudson, tal cleptocracia financista global constitui o núcleo do conflito conforme a China, a Rússia, o Irã e a Venezuela, que se desenvolveram a partir de diferentes tradições. Essas nações se recusam sucumbir às demandas dos EUA, os quais “costumam resolver tais ‘problemas’ pela força, mas que, agora, sejam provavelmente demasiado débeis para consegui-lo”. Os “EUA, com sua nova guerra fria, tem o objetivo de assegurar justamente tal tributo econômico de outros países”. O conflito seguinte pode durar talvez 20 anos e determinará que gênero de sistema econômico e político terá o mundo.
Para Hudson, está em jogo mais que a hegemonia dos EUA e seu controle dolarizado das finanças internacionais e da criação de dinheiro já que, do ponto de vista político, o tema nodal é a ideia de democracia que se tornou um eufemismo para uma oligarquia financeira agressiva que busca impor-se globalmente mediante seu controle econômico e político respaldado pela força militar. Nada mais que agora, no meu entender, a economia da China é mais poderosa e o poder militar da Rússia ultrapassou os EUA com seus miríficos mísseis hipersónicos nucleares.
Ao declarar fim da era unipolar, Tony Blair admite os erros do Ocidente
Michael Hudson aconselha que é mais necessário que nunca acabar com a classe rentista – no meu entender, disfarçados de filantropos que hoje com seu 0,2% controlam a Ucrânia, com o oligarca gangster Ihor Kolomoisky, imerso com o comediante Zelensky nos Pandora Papers.
Finalmente, Michael Hudson recomenda restaurar um Estado forte que possua os bens e serviços públicos e que não os entregue aos interesses privados.
Vaticina que o mal-estar iminente pode ajudar a consegui-lo.
Alfredo Jalife-Rahme | Especial La Jornada
Tradução de Beatriz Cannabrava.
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