Pesquisar
Pesquisar

Álvaro Uribe reconhece assassinatos de jovens colombianos pelo Estado durante seu mandato: "Pedi perdão às vítimas"

"Às mães de Soacha sendo eu presidente lhes pedi perdão (...) o perdão tem que ser dado no momento oportuno, não tem que ter fatores influenciadores", assinalou
Redação La Jornada
La Jornada
Cidade do México

Tradução:

O ex-presidente colombiano, Álvaro Uribe Vélez disse hoje que quando era governante “pediu perdão” às mães das vítimas dos falsos positivos, como se conhece as milhares de execuções extrajudiciais de civis apresentadas como mortes em combate durante seu governo, e pelas quais se desculpou seu ex-ministro de Defesa e sucessor, Juan Manuel Santos.

Em entrevista à revista Semana, Uribe (2002-2010) assinalou que a declaração de Santos no fim de semana à Comissão da Verdade não corresponde ao que aconteceu, nem com o que ele mesmo disse quando era seu ministro ou seu candidato presidencial. 

A Jurisdição Especial para a Paz (JEP) apontou há três meses que foram investigados 6.402 casos de falsos positivos, trama que foi conhecida pelas denúncias de mães de jovens do município de Soacha, departamento de Cundinamarca, às quais se somaram mães de Bogotá e de outras regiões do país, recordou o jornal El Espectador, ao destacar ontem que as mulheres continuam exigindo justiça. 

"Às mães de Soacha sendo eu presidente lhes pedi perdão (...) o perdão tem que ser dado no momento oportuno, não tem que ter fatores influenciadores", assinalou

Wikimmedia Commons
A Jurisdição Especial para a Paz (JEP) apontou há três meses que foram investigados 6.042 casos de falsos positivos.

Em seu comparecimento no sábado passado, Santos se livrou de toda responsabilidade e lançou seus dardos contra Uribe e o então vice-ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón. Depois pediu perdão pelos assassinatos dos milhares de jovens que foram atraídos com promessas de empregos em outras regiões, e depois apresentados como guerrilheiros mortos em combate, em uma prática que se tornou sistemática uma vez que os efetivos que se atribuíam essas “baixas” eram premiados.

Em suas declarações à Semana, Uribe disse que nunca acusará Santos pelos falsos positivos, apesar de ter sido ministro de Defesa na época em que aconteceram mais execuções, entre 2006 e 2008. Expôs que “os fatos dos falsos positivos são dolorosos” e agregou que “em um livro que escrevi há alguns anos pedi perdão às vítimas e aos colombianos”. 

“Às mães de Soacha sendo eu presidente lhes pedi perdão (…) o perdão tem que ser dado no momento oportuno, não tem que ter fatores influenciadores”, assinalou. 

Criticou o papel da JEP no esclarecimento dos falsos positivos e assegurou que o ânimo de entregar impunidade às desarticuladas guerrilhas das Forças Armadas Revolucionarias da Colômbia afetam a dignidade das forças armadas. 

Disse que quem deve pedir perdão são os responsáveis e não o exército como instituição. 


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Assista na Tv Diálogos do Sul

 

Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.

A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.

Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Redação La Jornada

LEIA tAMBÉM

Malnutrition in Zamzam camp, North Darfur
Guerra no Sudão: Emirados Árabes armam milícias, afirma investigação; Espanha dificulta asilo
El_Salvador_criancas
3 mil presas: Governo Bukele tortura crianças inocentes para assumirem crimes, denuncia entidade
Captura de Tela 2024-07-19 às 20.44
Migrantes enfrentam tragédias em alto-mar: histórias de desespero e sobrevivência nas Ilhas Canárias
Como o acordo frustrado para enviar migrantes do Reino Unido a Ruanda beneficiou o Governo autoritário de Kagame
Acordo cancelado: Ruanda transforma fundos britânicos de deportação em investimentos para o país