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Argentina está se armando até os dentes. Para que? Para reprimir o povo. Não se trata de intenção de ir à guerra, posto que não tem inimigos externos e está sob a proteção das potências imperiais. Além do mais, o que estão comprando é puro ferro-velho estadunidense e israelense. Materiais descartáveis utilizados nas agressões e conquistas territoriais de Estados Unidos e Israel.
Paulo Cannabrava Filho*
Ao mesmo tempo que se arma contra a população a Argentina está sendo ocupada militarmente –aí sim para guerra- pelos Estados Unidos e o Reino Unido. Não é brincadeira. Reino Unido e Estados Unidos estão semeando de bases militares a Argentina. Leiam a importante matéria do Carlos Aznárez, sobre o que está a ocorrer na Argentina, com link no fim deste comentário. É de estarrecer.
Aznárez diz tudo o que o governo de Maurício Macri está fazendo em favor da militarização (leia-se bases militares) no Atlântico Sul e no Continente promovida por Estados Unidos e Reino Unido, envolvendo a OTAN, claro.
A situação se agrava quando se considera que, além das bases militares inglesas e estadunidenses na Argentina, o Paraguai está negociando a cessão de território para base militar estadunidense, base como as que já existem no Chile, no Peru, na Colômbia. Só escapam de ter tropas e estações de inteligência estrangeiras em seu território a Bolívia, Equador e Venezuela, e por enquanto, também o Uruguai.
No Brasil, desde o governo de Dilma Rousseff, agravada agora pelo governo ilegítimo de Michel Temer, está a ocorrer a mesma coisa, isto é, a militarização e utilização do armamento contra o povo e a ocupação por forças estrangeiras.
Aqui ainda não há bases militares instaladas. Por que? Simplesmente porque ainda não chegou a hora, ou porque confiam na guarda pretoriana. Contudo, já obtiveram a Base de Alcântara, o espaço aéreo, assessoram e financiam a Polícia Federal e os serviços de inteligência. Pra que mais?
Com Temer a coisa chegou a níveis dramáticos. Querem entregar tudo. Tanto Temer como Macri parecem que foram paridos pela mesma máquina e estão entregando tudo. Tudo, a começar pela soberania que é o mais grave. O resto é consequência. Com a perda da soberania o capital transnacional e os Estados Unidos levam tudo, tanto lá, na Argentina, como aqui, no Brasil.
Recentemente a BBC de Londres noticiou que tropas estadunidenses foram convidadas pelo Exército brasileiro a participar de um exercício militar na tríplice fronteira amazônica entre o Brasil, Peru e Colômbia. Justo aí, na tão cobiçada (pelo império) Amazônia. A revista Carta Capital publica (edição de 24 de maio de 2017) reportagem intitulada “Amazônia loteada” que mostra o que este governo está permitindo que se faça com nossas reservas ambientais. É estarrecedor.
Não se pode esquecer que na calada da noite o Congresso aprovou e a Presidenta Dilma assinou junto com o presidente Obama o famigerado Acordo de Cooperação em Defesa, o DCA (Defense Cooperation Agreement), junto com o Acordo Geral de Segurança de Informação (General Security of Military Information Agreement), além do Acordo de Cooperação para Uso Pacífico do Espaço (Framework Agreement on Cooperation in the peaceful uses of Outer Space). Diálogos do Sul denunciou os detalhes desses acordos em julho de 2015.
Sem soberania tudo fica exposto, dominado: Justiça, Legislativo, Executivo, Forças Armadas, serviços de inteligência, tudo a serviço do Império. Como nos tempos coloniais.
Para muitos pode até parecer divertido um presidente receber em Palácio na calada da noite um empresário sabidamente corruptor. Conversaram sobre o que, cara pálida? Certamente não foi sobre futebol. Isso não é coisa de gente séria, não é aceitável. Menos ainda quando um presidente se deixa gravar. E houve o precedente da presidente Dilma. Que moral tem esse presidente para conduzir reformas destruidoras de direitos duramente conquistados?
Que país é este em que um supremo juiz e um promotor supremo aceita e torna público fatos que tumultuam social e economicamente a nação? Este, sem dúvida, é nosso maior problema, muito maior que a corrupção, a insegurança jurídica. Como sair desta? Uma ditadura do pensamento único imposta pelo capital financeiro e coonestada pelo Poder Judiciário. É muito triste e desanimador. Creio que só uma ruptura institucional porá fim a isto.
Gente… corrupção, Temer, Aécio, Partidos Políticos, Poder Judiciário, tudo isso poderá voltar a ser brasileiro se recuperarmos a soberania nacional. Impressiona que mais de uma geração não tem o menor sentimento para com o país, melhor dizendo, sequer têm noção de pátria. Entregam tudo por merrecas. Milhões de moedas são nada quando o que está em jogo é o futuro da nação, a sobrevida para as futuras gerações.
Como fazer as pessoas entenderem que há que pensar. Haverá país? Que país? Haverá água? Haverá terras? Haverá Justiça? Haverá povo? Então não haverá país, haverá colônia e povo escravizado.
Leia a matéria do Carlos Aznárez em http://wp.me/p7qLeA-3DV
*Paulo Cannabrava Filho é jornalista editor de Diálogos do Sul