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O contundente triunfo do candidato do Movimento de Regeneração Nacional (Morena), Andrés Manuel López Obrador, nas eleições presidenciais do México renovou as esperanças do progressismo e da esquerda de toda a América Latina.
Hector Bernardo, no Contexto
Na década de 1990, depois da queda da União Soviética, a direita, através de seus braços mediáticos e seus “falsos profetas”, buscou impor a ideia de “fim da história”. Os povos da América Latina, com o ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez (1999-2013) na liderança, foram os primeiros a derrubar essa mentira. Agora, depois da interrupção de alguns processos populares da região, a direita neoliberal voltou a arremeter com a intenção de instalar a ideia de “fim do ciclo progressista” na América Latina. Com a vitória de López Obrador, o povo mexicano, e de todo o continente, voltou a dizer: “a mentira se acabou”.
Para entender a importância que tem para toda a América Latina o triunfo do candidato do Morena no México, o site Contexto dialogou com três especialistas: o filósofo mexicano Fernando Buen Abad, a jornalista e analista internacional Stella Calloni e o sociólogo argentino e especialista em geopolítica Atilio Boron.
Boron explicou que “o triunfo de López Obrador é a confirmação de que o famoso ‘fim do ciclo progressista’ não existe. Um candidato progressista impõe-se na segunda economia mais importante da América Latina, em um país que tinha 30 anos de aplicação das políticas do Fundo Monetário Internacional (FMI). Políticas que fizeram com que hoje mais de 50% da população mexicana se encontre abaixo da linha da pobreza”.
“Pela primeira vez, rompe-se a tradicional disputa entre o PRI [Partido Revolucionário Institucional] e o PAN [Partido da Ação Nacional] [os dois partidos tradicionais do México], que são expressões da centro-direita e da direita. Além disso, esta ruptura do bipartidarismo se dá pelas mãos de um candidato que vai ter uma influência positiva sobre toda a América Latina”, afirmou.
Por último, Boron sustentou que “López Obrador é a demonstração para toda a América Latina de que o projeto da direita está bem longe de se consolidar e que, muito pelo contrário, os projetos progressistas, longe ter acabado, ainda têm muito o que dizer”.
Por sua vez, Fernando Buen Abad ressaltou que “uma vez mais os povos são capazes de nos ensinar grandes lições. Ao contrário do que dizem alguns sobre esse suposto ‘fim de ciclo’ e daqueles que, com certo derrotismo, só sabem ver o avanço da direita, os povos demonstram que têm sua maneira de contar a história e de fazê-la”.
“Esse é o aspecto mais destacável da experiência eleitoral de México, uma experiência que tem sido cozinhada longamente, que não é objeto de nenhuma improvisação. Para alguns, este triunfo pode ser uma grande surpresa, mas os que vêm seguindo o que acontece no México sabem que este triunfo é produto de um trabalho de décadas, é produto também de uma conjuntura e de um programa. Todo isso põe em evidência que não há nenhum ‘fim de ciclo’. Isto que o México vive hoje entusiasma todos os povos de América Latina”, ressalta o filósofo.
“Há muitos analistas que não entendem que os povos escrevem sua história pela força da luta, pela força da construção de sua própria linguagem. Isso foi o que aconteceu no México para que pudesse se concretizar o triunfo de López Obrador”, afirmou Buen Abad.
Na mesma linha, Stella Calloni assinalou que “o triunfo de López Obrador é um fato histórico. Além de ganhar a presidência, ganhou a maioria dos deputados e senadores e, pela primeira vez, o PRI ficou em terceiro lugar. López Obrador é um homem de esquerda, um progressista, um homem muito preparado, um estadista com muita experiência. Há que lembrar que quando esteve à frente da Prefeitura do México, como chefe de Governo do Distrito Federal, foi considerado por veículos europeus como o melhor prefeito do mundo e quando deixou a prefeitura o fez com 85% de imagem positiva”.
“López Obrador caminhou por todo México quase sem recursos, esteve intimamente com o povo. Este triunfo é o fruto de um trabalho impressionante de um homem que em suas atitudes se parece muito com Evo Morales”, ressaltou a jornalista.
Por último, Calloni destacou que “o triunfo de López Obrador demonstrou que os povos em movimento são capazes de derrotar a guerra mediática e psicológica imposta pela direita. Por isso, é um sinal de esperança e um símbolo para toda a América Latina”.