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Presidenciável boliviano Victor Cárdenas participa de manifestação homofóbica

Em guinada inspirada no Brasil, ex-vice-presidente da Bolívia, de ascendência aymara, assume pauta do conservadorismo moral e desafia Evo Morales.
João Telésforo

Tradução:

Em guinada inspirada no Brasil, ex-vice-presidente, de ascendência aymara, assume pauta do conservadorismo moral e desafia Evo Morales. Movimento expõe necessidade de articular internacionalmente a resistência

Na última quinta-feira (15/11), na Bolívia, o candidato à presidência Victor Hugo Cárdenas participou da manifestação homofóbica “Con mis hijos no te metas” (“Não se meta com meus filhos”), com discurso contra a “ideologia de gênero”, o “marxismo cultural” e a “doutrinação” nas escolas, que ele reproduziu no twitter.

Em guinada inspirada no Brasil, ex-vice-presidente da Bolívia, de ascendência aymara, assume pauta do conservadorismo moral e desafia Evo Morales.

Facebook / Reprodução
Cárdenas participou da manifestação homofóbica “Con mis hijos no te metas”

Cárdenas, aymara, foi o primeiro indígena vice-Presidente da República na história da Bolívia, dando verniz multicultural ao governo neoliberal de Sánchez de Lozada (Goni) na década de 1990. Naquela época, tratava-se de dar uma aparência de “neoliberalismo progressista” (na moda, com Clinton nos EUA e FHC no Brasil) a um governo que produziu graves ataques contra os povos indígenas, com utilização inclusive de Estado de sítio para reprimi-los violentamente.

Agora, para surpresa de muitos, deu um giro oportunista para a extrema-direita, sentindo a mudança dos ventos no continente. A vitória de Bolsonaro aprofunda rapidamente o processo de reconfiguração da direita na América Latina, dando novo impulso ao processo iniciado no plano eleitoral com Trump. No subterrâneo dessa mudança, a ofensiva da classe dominante para mudar o padrão de dominação política no cenário de crise econômica, e processos sociais como a transnacionalização da Igreja Universal (conhecida como “Pare de Sufrir” na Bolívia, onde tem mais de 40 sedes, além de circular um jornal impresso).

A nossa resposta também precisa se articular internacionalmente, ou não terá a menor chance de fazer frente a essa onda.

*Professor na Universidade de Brasília

*Revisão e edição: João Baptista Pimentel Neto


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
João Telésforo

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