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SUS, redução da pobreza e aumento do salário mínimo: as conquistas bolivianas sob ameaça

De acordo com os resultados das pesquisas residenciais que elabora o Instituto Nacional de Estatística (INE), a pobreza total no país foi reduzida de 59,9% a 17,1%
Ivette Fernández
Prensa Latina
Havana

Tradução:

Quando no próximo 3 de maio os bolivianos forem às urnas para eleger um novo presidente, será definido o futuro dos êxitos sociais alcançados pelo país durante os últimos 14 anos com o governo de Evo Morales.

De acordo com dados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), essa nação conseguiu reduzir a pobreza extrema de 35% a 18% entre 2006 e 2015.

O organismo ressaltou igualmente que durante o mandato de Evo Morales (2006-2019), a Bolívia conquistou um saldo externo positivo, a dívida pública foi reduzida e a fiscalização eficiente, e o país experimentou um progresso significativo no desenvolvimento humano e social.

Seu Produto Interno Bruto (PIB), especificou o reporte, cresceu a uma taxa anual média de 4,9% entre 2004 e 2014, um dos melhores resultados econômicos na América do Sul e todo um marco ao tratar-se de um país sem fronteiras marítimas.

Já a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) reconheceu que, na última década, o salário mínimo nacional da Bolívia subiu 280%, enquanto a inflação acumulada nesse mesmo período foi de 63,8%.

O organismo também aduziu que as política sociais, o aumento nas remunerações e nos ganhos dos trabalhadores rurais como resultado do bom desempenho agrícola, permitiram reduzir ali os níveis de pobreza.

De acordo com os resultados das pesquisas residenciais que elabora o Instituto Nacional de Estatística (INE), a pobreza total no país foi reduzida de 59,9% a 17,1%

Prensa Latina
Também a manutenção do SUS – Sistema Único de Saúde está ameaçado caso a oposição golpista ganhe as eleições de 3 de maio

De acordo com os resultados das pesquisas residenciais que elabora o Instituto Nacional de Estatística (INE), exemplificou a Cepal, a pobreza total no país foi reduzida de 59,9% em 2006 a 17,1%. 

A entidade confirmou, além disso, que, entre 2014 e 2018, na Bolívia ocorreu uma diminuição acumulada em relação à desigualdade cidadã que esteve em torno de 7%.

Entre 2017 e 2018, e quando a América do Sul já experimentava ventos de contração econômica, na Bolívia registrou-se uma redução na incidência da pobreza extrema de 1,7%.

Enquanto as demais nações mostravam retrocessos nesse aspecto, esse país foi um dos cinco da região que alcançou uma cifra superior a um ponto porcentual na luta contra a flagelo. 

Também, o Centro de Investigação Econômica e Política (CEPR) com sede em Washington, destacou em um informe recente que a nacionalização levada a cabo sob a presidência de Morales fez que a renda por hidrocarbonetos na Bolívia aumentasse quase sete vezes, passando de 731 milhões a quase cinco bilhões de dólares. 

O CEPR também festejou o fato de que o investimento público tenha aumentado junto ao crescimento do economia boliviana, inclusive durante períodos de condições comerciais desfavoráveis, com o que a nação se converteu na de maior investimento público em relação à porcentagem do PIB na região. 

Inclusive o Banco Mundial reconheceu a Bolívia como o segundo país no em que mais se reduziu a desigualdade nas últimas três décadas na América Latina. 

As incontáveis conquistas da Bolívia durante os últimos 14 anos não deveriam passar despercebidos ao eleitorado, sobretudo se considerarmos que as voltas do leme para a direita dadas por alguns países na região não resultaram em melhoras para o cidadão comum. 

No Brasil, por exemplo, mesmo quando a pobreza em 2018 foi menor que em 2017, representou um aumento de 3% em relação a registrada em 2014, enquanto a incidência da pobreza extrema aumentou 2% ao ano de referência, revelou a Cepal. 

Para o gigante sul-americano, agregou o organismo, a pobreza cresceu a um ritmo de 4,3% ao ano entre 2014 e 2018, o que contrasta muito com a tendência à baixa apreciada entre 2008 e 2014, quando esse mesmo indicador diminuiu 6,9% anualmente

A situação é mais preocupante no que se refere à evolução da pobreza extrema nesse mesmo país, posto que entre 2014 e 2018 aumentou a um ritmo de 11,8% ao ano, enquanto entre 2008 e 2014 diminuiu a uma taxa anual de 4%, ressaltou. 

A diferença entre um governo de corte humanista, e outros cujos interesses estão mais associados ao capital, evidenciou-se também com força particular na Argentina.

Na América do Sul, excluindo o Brasil, a Cepal divulgou que a pobreza total se reduziu em 2015 e 2017, mas em 2018 aconteceu um leve aumento que se deveu principalmente ao incremento da pobreza na Argentina entre 2017 e 2018, ao passar de 18,7% a 24,4%.

Nesse país, agregou o organismo, a pobreza diminuiu a uma taxa relativa de 1,4% anual entre 2008 e 2014, enquanto entre 2014 e 2018 tal ritmo caiu 0,5% ao ano.

Não obstante, outras foram as experiências vividas pelos boliviano sob a presidência de Evo Morales, vítima de um golpe de Estado fomentado por setores extremistas e potencias estrangeiras em 10 de novembro. 

Havia ganho as eleições de 20 de outubro, mas foi obrigado a renunciar pressionado por militares e chefes policiais, e pelas agressões, sequestros e ameaças de grupos da direita contra funcionários e suas famílias. 

Com a renda obtida nas petroleiras, o governo de Morales priorizou o pagamento de bônus sociais que, até setembro de 2019, beneficiaram quase seis milhões de bolivianos, 51,5% da população nacional, de acordo com informação do Ministério de Economia. 

Além disso, a implementação no ano passado do Sistema Único de Saúde foi baseado na busca de um atendimento médico gratuito, universal e de qualidade para beneficiar mais de cinco milhões de pessoas sem seguro na Bolívia, além de garantir a prevenção e o diagnóstico precoce de doenças crônicas não transmissíveis. 

Assim, enquanto em outras latitudes foram aplicadas medidas de corte neoliberal para paliar um entorno econômico mais desfavorável, na Bolívia foram priorizadas as demandas de corte social. 

Por isso, quando no próximo 3 de maio os bolivianos forem às urnas para eleger um novo presidente, muitas questões vitais para o bem-estar cidadão estarão em jogo.


*Ivette Fernández, Jornalista da Redação de Economia de Prensa Latina.

**Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

***Tradução: Beatriz Cannabrava

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Ivette Fernández

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