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Para conter pandemia no país, especialistas chilenos propõem "hibernação" em Santiago

Organização Espacio Público, que emite um informe diário sobre a passagem do coronavírus no Chile, alerta que sistema hospitalar não é capaz de suportar mais um mês
Aldo Anfossi
La Jornada
Santiago

Tradução:

O açoite da praga do coronavírus na capital chilena parece se tão implacável, que um grupo de especialistas propôs hoje hibernar Santiago, suprimindo, por exemplo, o transporte público, uma vez que a propagação do vírus não mostra sinais de amainar e se prognosticam semanas catastróficas após a falida estratégia de “quarentenas dinâmicas” que foi aplicada por dois meses pelo governo de Sebastián Piñera.

“A cidade e seu sistema hospitalar não aguentam outro mês com estes níveis de contágios e o país não pode se resignar à alta mortalidade que eles significam. Ponhamos freio entre todos a esta epidemia, agora. O custo é demasiado grande. A grande Santiago deve entrar em hibernação, sim, como uma cidade adormecida”, disse o grupo de especialistas da organização Espacio Público, que emite um informe diário sobre a passagem do coronavírus no Chile.

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Efetivamente, longe de amainar, a taxa de crescimento se acelerou em Santiago nas últimas duas semanas, passando de 5 a 17 por cento. Hoje (terça-feira) o Chile ficou perto de 200 mil contágios, cifra que será superada em muito amanhã (quarta-feira) ao ser admitido que há um atraso de 31.242 casos que devem ser contabilizado, enquanto os mortos superam os 3.300 nas cifras oficiais, mas à Organização Mundial de Saúde  reportaram más de 5.200.

Organização Espacio Público, que emite um informe diário sobre a passagem do coronavírus no Chile, alerta que sistema hospitalar não é capaz de suportar mais um mês

Reprodução: Flick
Presidente Sebastián Piñera.

Mas como hibernar Santiago, com quase 8 milhões de habitantes e que concentra 85 por cento dos casos e cuja rede hospitalar está 97 por cento ocupada; e eventualmente outras cidades do país, como Antofagasta ou Valparaíso, também muito complicadas?

“A única possibilidade de terminar com esta situação angustiosa, origem da maior parte das mortes do país, é reduzir franca e decididamente a mobilidade na cidade. É necessário considerar o apoio econômico direto às famílias, medidas de maior confinamento, talvez uma ampliação do toque de recolher, restringir ao máximo o acesso ao transporte público, uma fiscalização muito mais estrita, um a redução das licenças, um apelo urgente à população a se unir em torno à causa de deter a epidemia de qualquer maneira, uma estratégia de isolamento em residências sanitárias mais agressivas”, disse a organização. 

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Desde março o presidente Piñera deu luz verde a uma estratégia de quarentenas seletivas aplicadas por setores, ou inclusivo subsetores das cidades, que provaram ser efetivas apenas em comunas isoladas ou com poucos habitantes, não assim em grandes centros urbanos onde os deslocamentos em massa continuaram. O governo ensaiou depois uma quarentena generalizada em Santiago que não conseguiu diminuir a mobilidade em mais de 40 por cento, porque milhões de pessoas requerem sair diariamente às ruas pelo sustento diário de suas famílias, principalmente quando o apoio financeiro direito de parte do Estado foi escasso, insuficiente e lento. Essa má estratégia custou o cargo no sábado passado a Jaime Máñalich, ex-ministro de saúde e dileto protegido do presidente, cuja autoridade estava absolutamente desgastada e com uma credibilidade próxima a zero, segundo ele mesmo reconheceu. 

O novo ministro Enrique Paris, que debutou com um estilo muito mais empático inclusive na gestão da crise sanitária, deverá convencer Piñera a depor sua falida obsessão de priorizar a continuidade das atividades econômicas sobre a saúde e a vida dos cidadãos. Por ora, ele já disse que as quarentenas continuarão ao menos até julho e que o ano letivo, paralisado desde abril, se verá se pode ser retomado em agosto. 

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Aldo Anfossi

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