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No aniversário de 30 anos da Vala de Perus, livro destaca importância da memória

Autora do prefácio da obra Resistência e Anistia, de Paulo Cannabrava Filho, Rita Sipahi destaca que governo Bolsonaro investiu na desconstrução da Comissão da Anistia
Redação Diálogos do Sul
Diálogos do Sul
São Paulo (SP)

Tradução:

“Em 2013, ainda sob o comando de Alexandrina Kristensen, reunião do Conselho da Abap aprovou destinar recursos para auxiliar a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos na busca por identificar os restos mortais de desaparecidos políticos encontrados na cova comum do cemitério de Perus”.

Este é um dos trechos do livro de Paulo Cannabrava Filho “Resistência e Anistia — a história contada por seus protagonistas” lançado nesta sexta-feira (4), de forma virtual, quando se completam 30 anos da descoberta da vala clandestina do Cemitério dom Bosco, no bairro de Perus, região noroeste de São Paulo. No local, foram enterrados ex-perseguidos políticos e também vítimas da repressão da Polícia Militar.

Autora do prefácio da obra Resistência e Anistia, de Paulo Cannabrava Filho, Rita Sipahi destaca que governo Bolsonaro investiu na desconstrução da Comissão da Anistia

Reprodução: Diálogos do Sul
Paulo Cannabrava Filho lendo sua obra, Resistência e Anistia

A jornalista Jéssica Moreira, que mora em Perus, tem uma história muito ligada a esse episódio. Seu tio João André trabalhou como Sepultador do Cemitério Dom Bosco desde sua inauguração, em 1971, e, mesmo sem querer, enterrou muitos dos corpos que depois foram depositados na famosa “Vala de Perus”.  

Durante o lançamento, nesta sexta (4), ela destacou que “o que aconteceu no passado também faz parte de um genocídio e de uma necropolítica que ainda se instala nesse país”.

O vereador e ex-senador por São Paulo, Eduardo Suplicy, afirmou que “é importante que haja pessoas como Paulo Cannabrava Filho, para fazer com que conheçamos melhor o que aconteceu naquela época”, destacando a importância de se lançar esta obra no momento histórico atual.

Já Rita Sipahi, que autora do prefácio do livro Resistência e Anistia, observou que “o governo Bolsonaro investiu na desconstrução da Comissão da Anistia e a transformou em um espaço de reafirmar a memória oficial do governo. Ela faz exatamente o contrário do que fazia.”

Também estiveram presentes no evento o presidente da CTB, Adilson Araújo; o sociólogo, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) Emir Sader e Cecilia Boal, coordenadora do Instituto Augusto Boal.

O evento também contou com a participação do cineasta Silvio Tendler; da mestranda pelo PROLAM Fernanda Durazzo, que pesquisa como a ajuda do Brasil foi fundamental na construção do aparato repressivo da ditadura de Pinochet no combate ao inimigo interno; do presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Altamiro Borges e do presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Hélio Doyle.

O histórico registro teve ainda a presença de de Rosa Martinelli, que destacou a trajetória de seu pai, Raphael Martinelli; Aldo Arantes, sobrevivente da Chacina da Lapa e fundador do PCdoB; Camila Godoi, liderança LGBTQI+; Cida Costa, ex-integrante da Ação Libertadora Nacional (ALN), foi presa e passou pelo presídio Tiradentes. É mestre em Direito Constitucional pela USP; Claudio di Mauro, professor universitário; o premiado jornalista Marcelo Godoy, autor do livro Casa da Vovó; o jornalista latino-americanista Leonardo Severo, e Juca Martins, autor da icônica foto que ilustra a obra.

Ex-ministro, ativistas e intelectuais participaram dos outros dias de lançamento 

Grandes personalidades da história do Brasil e da luta pela democracia já marcaram presença nos eventos anteriores de lançamento do livro  Resistência e Anistia.

Beatriz Cannabrava, educadora feminista e anistiada política, Adriano Diogo, que teve importante atuação na luta contra os anos de chumbo, o advogado e ex-conselheiro dos Anistiados Políticos Victor Neiva, e o advogado, jornalista, e ex-ministro da Justiça e da Educação Tarso Genro, foram alguns dos nomes da militância brasileira presentes no evento.

Além de parceiros como o economista Ladislau Dowbor, o jornalista Vladimir Sachetta, a professora de economia socioambiental e beduína palestino-brasileira Amyra el Khalilli, o economista, escritor fundador e membro da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile, que se dispuseram de seu tempo para participar do lançamento.

Confira a íntegra do evento:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Redação Diálogos do Sul

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