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Mandela, Luther King e Gandhi ensinaram que busca pela paz nunca está isenta de violência

A paz, tal como nos ensinaram esses grandes líderes, representa a culminação de processos radicais e profundos de transformação social
Carolina Vásquez Araya
Diálogos do Sul
Cidade da Guatemala

Tradução:

O exemplo de alguns líderes mundiais como Nelson Mandela, Martin Luther King ou Mahatma Gandhi nos deixou grandes ensinamentos. Um deles é que a busca da paz nunca está isenta de violência.

Perseguidos e encarcerados por pregar ideias contrárias ao sistema estabelecido, sua força moral os sustentou durante anos de perseguições e campanhas de desprestígio por parte dos círculos de poder. Dois deles – Gandhi e Luther King – foram assassinados em um inútil e tardio afã de calá-los.

Dessa capacidade de resistência, dessa solidez intelectual e humana surgiu a mensagem destes pensadores, cuja essência transformou de maneira radical a maneira de ver o mundo e deixou para a posteridade a mensagem de que o respeito aos direitos humanos das grandes maiorias é o único caminho possível para a paz e o desenvolvimento. 

A resistência pacífica foi, coincidentemente, uma das estratégias utilizadas por esses três personagens da história do século vinte. Dela emanou a certeza de que sem perseverança, sem uma consciência clara do porquê da luta e sem a convicção de qual é o caminho correto para transformar as condições de vida, não há esperança de mudança.

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Mas além disso, constituiu todo um exemplo para as gerações do futuro a respeito da importância de buscar a paz através da verdade como única maneira de conseguir a reconciliação. Nesse caminho para o entendimento, todos os caminhos passam pela justiça. Por isso um sistema elaborado para favorecer a uns poucos em desmedro do resto da população, vai se interpor de maneira inevitável na busca da paz.

A paz, tal como nos ensinaram esses grandes líderes, representa a culminação de processos radicais e profundos de transformação social

Wikimmedia Commons
Os sonhos de paz se chocam contra os grandes poderes que definem tudo.

Para restabelecer o império da justiça, o conhecimento é básico. A busca da verdade em países sufocados pela violência passada e presente, com uma história de conflito bélico e uma grande porcentagem de seus habitantes vivendo abaixo da linha da pobreza, implica um processo de catarse, revelações e recuperação da identidade alterada por décadas de silêncio e repressão.

A reconciliação e o perdão, portanto, constituem ingredientes básicos desta fórmula cujo objetivo é a reconstrução do tecido social para conformar uma sociedade mais justa e igualitária.

A consecução destes objetivos chocará frontalmente com a resistência feroz daqueles que mantêm em suas mãos as rédeas do poder político e econômico, ao considerar como uma ameaça a participação da população em processos de mudança inclusivos, capazes de abrir as estruturas de poder para garantir uma autêntica democracia.

É uma guerra solapada contra qualquer tentativa de democratização das instituições que conformam a base do sistema. O medo os leva a cerrar filas contra a mudança e, de passagem, a criar mecanismos destinados a deslegitimar esses esforços.

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A paz, tal como nos ensinaram esses grandes líderes, representa a culminação de processos radicais e profundos de transformação social. Significa a plena aceitação dos direitos dos outros, a reivindicação de seu lugar na sociedade, o respeito às diferenças e o combate à injustiça. Não há outro modo de alcançá-la.

Os sonhos de paz se chocam contra os grandes poderes que definem tudo. 

Carolina Vásquez Araya, Colaboradora de Diálogos do Sul da Cidade da Guatemala

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Carolina Vásquez Araya Jornalista e editora com mais de 30 anos de experiência. Tem como temas centrais de suas reflexões cultura e educação, direitos humanos, justiça, meio ambiente, mulheres e infância

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