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Kirchner: "Não vão investigar atentado. Sirvo de acusada, mas não de vítima ao partido judicial”

Vice-presidente fez declaração durante ato organizado pelo sindicato da União Operária Metalúrgica (UOM), na última sexta-feira (4)
Stella Calloni
Diálogos do Sul
Buenos Aires

Tradução:

“A justiça não vai investigar” o atentado falido do passado 1º de setembro, disse a vice-presidenta Cristina Fernández de Kirchner, ao reaparecer, na última sexta-feira (4), pela primeira vez depois do grave fato, encabeçando um ato massivo de trabalhadores, organizado pelo sindicato da União Operária Metalúrgica (UOM), que possui uma longa história no peronismo.

“Já estou resignada, que não vai investigar, porque sirvo de acusada, não de vítima a esse partido judicial”, advertiu durante o evento. Ao recordar a noite daquela quinta-feira, compartilhou que “o que não podia tirar da cabeça, nem mesmo hoje, é o que haveria se passado se estivesse engatilhado. Essa imagem para meus filhos e meus netos”. 

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Fernández de Kirchner reconheceu que a primeira conclusão que tirou da agressão que sofreu é que “os supostos indignados foram pagos por empresários identificados com o governo que endividou a Argentina”.

A fala foi dirigida à oposição da aliança direitista do Juntos por el Cambio e, embora não o tenha nomeado, Kirchner se referiu ao deputado nacional Gerardo Milman, ex-secretário de Segurança na presidência de Maurício Macri (2015-2019), a quem se atribui haver manifestado estar inteirado da tentativa de magnicídio dois dias antes do ato.

“Essa força política que diz que vai dar segurança aos argentinos, descobrimos que durante sua gestão em segurança puseram a conduzir a escola de inteligência e a direção nacional de política criminal, a uma Miss Argentina”, disse a vice-presidenta, em alusão a Carolina Gómez Mónaco, contratada por Milman.

Vice-presidente fez declaração durante ato organizado pelo sindicato da União Operária Metalúrgica (UOM), na última sexta-feira (4)

Reprodução – Twitter
“Muitos diziam que meu ciclo estava terminado”, afirmou em referência a frases pronunciadas anos antes por dirigentes parte do atual governo




Enorme diferença

O dirigente da União Operária Metalúrgica, Abel Furman, disse no início da manifestação que a haviam convidado para agradecer-lhe o que havia feito durante sua presidência a favor dos trabalhadores, destacando a enorme diferença ao que ocorreu durante o governo de Macri com o fechamento de indústrias e uma série de medidas que deixaram um país arrasado. 

Furman destacou que durante o governo de Fernández de Kirchner tinha-se vivido um tempo em que os trabalhadores podiam economizar e viviam bem, além de frisar a recuperação das empresas estatais. 

A vice-presidenta reclamou uma soma fixa para recuperar o poder aquisitivo, sem deixar de levar adiante as parcerias. 

Ao iniciar seu discurso, apontou que “depois de algumas coisas não há melhor lugar que estar junto aos trabalhadores e trabalhadoras”. Assegurou que vai “fazer o que tiver que fazer” para conseguir que o povo possa se “organizar em um projeto de país” que “volte a recuperar a ilusão, a força e a alegria”. 

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Ao se referir ao tema de preços e salários, disse que isso “deve ser abordado a partir dos números concretos” e sustentou que “a recuperação do salário tem a ver com que tornem a pagar os salários vinculados com a produtividade”, pelo qual estima a necessidade de uma soma fixa para os trabalhadores”, esclarecendo no entanto que “isto não vai em detrimento das paritárias”. 

CK afirmou que é necessário que os assalariados voltem a participar na política, mas não só em reclamações sindicais, mas no modelo de organização política do país, ao recordar que este foi o que trouxe o peronismo, apelando aos dirigentes sindicais a envolver-se nessa discussão “porque os trabalhadores é que vão pagar o pato”.


Distribuição de renda

A ex-presidente demandou que é necessário interferir na distribuição de renda, destacando que o ministro da Economia, Sergio Massa, havia sido cauteloso ao mencionar este tema, mas não descartou que se aplique uma medida deste estilo. 

Os trabalhadores da UOM cantaram o que se escuta nestes dias, “Cristina Presidenta”, ao reclamar por sua candidatura nas próximas eleições. Diante disso, respondeu: “Sabem que vou ser o que tiver que fazer para conseguir que nosso povo, nossa sociedade, possa se organizar em um projeto de país que volte a recuperar a força e a alegria de nossa gente”. 

“Muitos diziam que meu ciclo estava terminado”, afirmou em referência a frases pronunciadas anos antes por dirigentes que formam parte do atual governo, embora não os tenha mencionado. 

Ao mesmo tempo, fontes oficiais informaram que houve uma comunicação telefônica na semana passada entre o presidente Alberto Fernández e seu par mexicano Andrés López Obrador, para intercambiar suas visões sobre a região após o triunfo de Luiz Inácio Lula da Silva, no Brasil.

López Obrador convidou Fernández a viajar ao México no próximo dia 24, o que foi aceito. Foi considerado também que Lula se some aos dois mandatários, ao considerarem a importância dos três países nestes momentos. “Este é o dever que nos impõe este tempo”, tuitou Fernández.

Stella Calloni | Colaboradora da Diálogos do Sul em Buenos Aires.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Stella Calloni Atuou como correspondente de guerra em países da América Central e África do Norte. Já entrevistou diferentes chefes de Estado, como Fidel Castro, Hugo Chávez, Evo Morales, Luiz Inácio Lula da Silva, Rafael Correa, Daniel Ortega, Salvador Allende, etc.

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