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Lula estava certo em lutar até o fim para provar sua inocência, diz Ricardo Kotscho

“Não troco minha liberdade pela minha dignidade”, repetiu Lula mil vezes a todos os que o visitavam na cela, desde que foi condenado e preso sem provas
Ricardo Kotscho
Balaio do Kotscho
São Paulo (SP)

Tradução:

Em nenhum momento o ex-presidente fraquejou nesta determinação férrea de provar sua inocência, nem mesmo quando foi impedido de disputar uma eleição praticamente ganha.

Só poderia duvidar disso quem não conhece o caráter deste sertanejo teimoso, que saiu dos fundões do nordeste num pau-de-arara, para se eleger primeiro presidente operário da nossa historia.

Para Lula, provar que a Justiça cometeu um crime ao condená-lo, com base em convicções, “provas indiretas” e matérias de jornal, era mais importante do que voltar a ser presidente.

As revelações feitas pelas reportagens do site The Intercept neste final de semana apenas confirmam o que Lula e seus advogados vinham falando desde o começo desta farsa judicial, e todo mundo já sabia, até o papa Francisco:

  • O ex-juiz Sergio Moro e o procurador federal Dalton Dallagnol se uniram, não para acabar com a corrupção, mas para acabar com Lula, o PT, a soberania nacional e as grandes empresas do país, a serviço de interesses econômicos e políticos daqui e de fora, como Bolsonaro está deixando mais claro a cada dia.
  • O principal objetivo foi alcançado: tirar Lula da campanha presidencial de 2018, mas a Operação Lava-Jato, que se achava acima das leis e da Constituição, com o apoio da mídia e do STF, deixou tantos rastros que agora todo o processo, como a própria eleição, podem ser anulados.
  • Com Lula preso, está em andamento o processo de destruição das conquistas sociais e dos direitos dos trabalhadores, e a entrega do pré-sal e da Amazônia a empresas privadas.
  • Os inacreditáveis diálogos entre Moro, Dallagnol e outros procuradores não deixam a menor dúvida desta armação, em que o ex-juiz foi ao mesmo tempo investigador e assistente da acusação, num processo contaminado desde o início, com o grampo nos telefones de Lula e Dilma, sem que as cortes superiores tomassem qualquer providência.
  • Por não ter nenhuma ligação com a Petrobras, o alvo da Lava-Jato, o processo do triplex do Guarujá, em São Paulo, não poderia jamais ter ficado nas mãos de Moro em Curitiba.

Numa das conversas com Moro, Dallagnol digitou com todas as letras:

“Falarão que estamos acusando com base em notícia de jornal e indícios frágeis… então é um item que é bom que esteja bem amarrado. Fora esse item, até agora tenho receio da ligação entre Petrobras e enriquecimento, e depois que me falaram tô com receio também da história do apto… São pontos em que temos que ter as respostas ajustadas e na ponta da língua”.

“Não troco minha liberdade pela minha dignidade”, repetiu Lula mil vezes a todos os que o visitavam na cela, desde que foi condenado e preso sem provas

Nova Política
Lula sempre disse que iria provar que Moro cometeu um crime ao condená-lo, com base em convicções, “provas indiretas” e matérias de jornal

Tranquilizado por Moro, quatro dias depois destes receios, Dallagnol apresentou o famoso PowerPoint para acusar o “esquema criminoso do PT”, que serviu para a condenação adrede preparada pelo ex-juiz, agora ministro da Justiça de Bolsonaro.

Em outro trecho da denúncia é reproduzida esta mensagem de Dallagonol, que não deixa dúvidas sobre as “provas” da acusação:

“Tesão demais esta matéria de O Globo de 2010. Vou dar um beijo em quem de vocês achou isso”

Assim foi montada a farsa dos grandes “heróis nacionais” para condenar o melhor presidente da República da história, e que era favorito para voltar ao cargo, segundo todas as pesquisas.

Com toda razão, o Comitê Nacional Lula Livre divulgou nota nesta segunda-feira exigindo das cortes superiores “a imediata libertação e o pleno reconhecimento da inocência” de Lula.

Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, um dos maiores criminalistas do país, expressou em nota o que a maioria dos juristas manifestou após a divulgação da reportagem do site Intercept:

“É necessária uma investigação profunda para saber se havia uma organização criminosa tentando usar a estrutura do Poder Judiciário em proveito próprio e com fins políticos. O Brasil precisa e merece saber a verdade. O Judiciário está sob suspeita”.

Para saber a verdade, recomendo a leitura na íntegra dos diálogos entre Moro e Dallagnol , reproduzidos pelo site na internet.

Flávio Dino, governador do Maranhão, foi direto ao ponto: “Moro é suspeito e todos os seus atos são nulos”.

Resta saber se agora, finalmente, o Supremo Tribunal Federal vai colocar na pauta o processo que mudou os rumos políticos do país e até hoje deixa na cadeia um ex-presidente, que não desiste nunca de provar sua inocência.

Vida que segue.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Ricardo Kotscho

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