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Entenda porque os Estados Unidos decidiram ativar o TIAR contra a Venezuela

Ativando o tratado TIAR, os EUA tencionam insuflar nova vida à política voltada para derrubar o atual governo venezuelano, diz especialista em ciências políticas
Redação Sputnik Brasil
Sputnik Brasil
São Paulo (SP)

Tradução:

Na terça-feira (17), os Estados Unidos ativaram o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR) contra a Venezuela. O especialista russo em ciências políticas Dmitry Burykh explica que, com isso, Washington quer intensificar a pressão sobre Caracas, mas não deverá desencadear uma invasão armada.

“Entre as coisas reais que podem acontecer devido à ativação do tratado TIAR, do meu ponto de vista, é que pode ser reiniciado o projeto antivenezuelano. […] os EUA tentam reanimar esse projeto, justificar sua política na região, insuflar nova vida à retórica antivenezuelana”, explica Dmitry Burykh.

O especialista opinou que, ultimamente, “se tornou evidente que o cenário que Washington e os seus aliados tinham planejado na região não resultou, falhou”. Ele explicou que o autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, apoiado pelos EUA, também se tornou objeto de crítica, o que pôs em dúvidas a política estadunidense na região.

Além disso, Dmitry Burykh diz que Washington e os seus aliados atualmente não estão considerando a opção de invasão armada.

“Eu queria relembrar que os militares brasileiros realizaram a chamada imitação de invasão armada, modelaram a possível invasão e chegaram à conclusão que as perdas que as suas forças armadas sofreriam não são comparáveis com os objetivos que planejam alcançar no conflito”, afirma Burykh.

Segundo ele, trata-se de um meio de pressão sobre as autoridades venezuelanas, de uma ameaça de utilização da força.

Ativando o tratado TIAR, os EUA tencionam insuflar nova vida à política voltada para derrubar o atual governo venezuelano, diz especialista em ciências políticas

OEA
Dmitry Burykh diz que Washington e os seus aliados atualmente não estão considerando a opção de invasão armada

Negociações entre governo Maduro e oposição

Falando sobre a perspectiva de recomeço das negociações entre o governo e a oposição da Venezuela, o especialista admitiu que isso pode ocorrer, mas no futuro e em outras condições.

“Durante essas negociações se tornou evidente que as autoridades atuais mostram maior flexibilidade do que a oposição. A oposição não tinha espaço para recuar, o que explica a sua posição inflexível. Eles [a oposição] apresentaram uma série de exigências que, mesmo sob o regime mais liberal, dificilmente poderiam ser implementadas”, explicou Dmitry Burykh.

Ele afirmou que o plano principal da oposição era “realizar uma eleição presidencial extraordinária, mas por detrás dela estava uma lista de exigências que, evidentemente, nenhum governo soberano pode aceitar”. Segundo Burykh, “de fato, eles [a oposição] queriam uma transferência de poder do atual governo sem alternativa”.

Especialista adicionou que as negociações irão se reiniciar, mas com novos intermediários, em novas condições, com mudanças necessárias e com mais flexibilidade na atitude da oposição sobre as negociações com o governo.

Na terça-feira (17), o Departamento de Estado dos Estados Unidos afirmou que o país e seus aliados, devido à situação na Venezuela, decidiram invocar o Tratado do Rio – um tratado sobre a ajuda mútua e defesa conjunta. No Departamento de Estado adicionaram que planejam discutir com os aliados “as variantes econômicas e políticas multilaterais” das ações contra o governo de Maduro que, segundo Washington, cria uma ameaça contra “o povo e o país venezuelanos”.

Tratado TIAR

O TIAR, também conhecido como Tratado do Rio, foi assinado no Rio de Janeiro pela maioria dos países americanos em 1947. Em essência, trata-se de um tratado de defesa mútua. O seu principal princípio diz que um ataque contra qualquer um dos signatários significará um ataque a todos os países participantes.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Redação Sputnik Brasil

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