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Ano de 2019 finaliza com manifestações e violenta repressão policial no Chile de Piñera

O natal chileno vem marcado pela indignação popular contra os abusos de seu governo
Carolina Vásquez Araya
Diálogos do Sul Global
Cidade da Guatemala

Tradução:

“Por que vou me enfrentar com os Carabineiros sabendo que não há uma mobilização autorizada” foi a declaração que a ministra Karla Rubilar, secretária geral do governo de Sebastián Piñera deu à imprensa, A ministra justifica desse modo de maneira implícita a atuação do cabo Ofriciano Mauricio Carrillo Castillo, o carabineiro que literalmente esmagou o jovem Oscar Pérez entre 2 veículos blindados ocasionando graves feridas internas e 4 fraturas na pelve. O vídeo do momento do atropelo perpetrado por Carrillo com toda a intenção, tem circulado pelas redes e meios de comunicação gerando indignação e rechaço no mundo inteiro contra a estratégia de violência extrema instaurada por Sebastián Piñera como política de governo. 

É importante assinalar que o carabineiro em questão tem antecedentes de tentativa de homicídio de um trabalhador e lesões em outras duas pessoas enquanto se desempenhava como membro da instituição policial na cidade de Concepción. Seu prontuário delitivo é de especial importância pelo fato de ter se incorporado novamente a um corpo encarregado da segurança cidadã, que supostamente deveria ser integrado por pessoas inatacáveis. No entanto, Carabineiros do Chile tem transitado durante anos e sem o menor obstáculo até se converter em um autêntico exército de controle cidadão isento de toda responsabilidade criminal, desde os escândalos de corrupção de sua cúpula até a brutalidade com a qual agride a população desarmada. 

O natal chileno vem marcado pela indignação popular contra os abusos de seu governo

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Manifestantes seguram cartaz com escrita "Piñera cheira a ditadura"

Chama a atenção a inércia e o silêncio mantido pelas autoridades encarregadas de manter os marcos institucionais – parlamento, sistema de justiça – cujo papel é resguardar os mecanismos da democracia e velar pelo correto desempenho de todas as instâncias envolvidas na administração do governo. As manifestações de protesto da cidadania têm sido criminalizadas em uma absoluta ruptura do marco constitucional que as ampara e o governo chileno transformou sua debilidade em uma guerra suja, vil e sangrenta contra o povo, utilizando para isso todos os corpos repressivos que tem à mão, mentindo de maneira descarada para desqualificar e atribuir a uma suposta intervenção estrangeira a luta incansável e valente dos milhões de chilenos que continuam nas ruas decididos a fazer-se ouvir. 

A estas alturas resulta muito difícil fazer um diagnóstico sobre o desenvolvimento dos acontecimentos em um Chile que de repente saiu do silêncio e empreendeu uma luta franca e decidida contra o modelo neoliberal que lhe está custando tão caro. De fato, custa vidas e uma profunda frustração pela traição de seus quadros políticos, historicamente responsáveis pelo colapso social e econômico em que se encontra atualmente. O que foi o modelo latino-americano – graças a uma bem montada campanha internacional de imagem – tem mostrado todas os seus fiapos e hoje seus “bens de exportação” como as administradoras de fundos de pensão, AFP revelam sua opacidade e experimentam o rechaço massivo da população ao ficar evidente como esses empresários acumulam riqueza enquanto os aposentados morrem de fome, sem acesso às economias de toda a sua vida de trabalho. 

O natal chileno vem marcado pela indignação popular contra os abusos de seu governo. Crianças e jovens sentem, talvez por primeira vez, a urgência de rebelar-se contra um sistema injusto, depredador e violento, portanto seu presente para essas festas deverá vir embrulhado em uma nova Constituição, com a renúncia de seu Presidente. 

*Colaboradora de Diálogos do Sul da Cidade da Guatemala

**Tradução: Beatriz Cannabrava

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Carolina Vásquez Araya Jornalista e editora com mais de 30 anos de experiência. Tem como temas centrais de suas reflexões cultura e educação, direitos humanos, justiça, meio ambiente, mulheres e infância

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