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ToggleDonald Trump mentiu ou enganou mais de 20 mil vezes, rechaça a ciência sobre a pandemia que ameaça a reeleição do “melhor presidente jamais, talvez com exceção de Lincoln”, ou seja, ele, e até Wall Street está ficando farta.
O panorama eleitoral para Trump vai se escurecendo. Embora ainda falte uma eternidade em termos eleitorais, 16 semanas, para as eleições de 3 de novembro, não há indicadores de que nem a pandemia, nem a crise econômica, melhorem no curto prazo. Segundo as pesquisas e os analistas, ele está perdendo em grande medida por seu manejo destas duas crises.
Ao mesmo tempo, a maior insurgência civil da história do país sob o lema de Black Lives Matter, está fortalecendo e consolidando forças progressistas antes dispersas, e com seu caráter multirracial e de fusão de vários setores, têm demonstrado seu poder e potencial para impulsionar um novo debate nacional sobre o tema mais antigo do país, mas também mudanças concretas, reformas iniciais e tem rebatizado marcas até de equipes profissionais (os Peles Vermelhas de Washington anunciaram que mudarão de nome e de logotipo).
O presidente tem declarado que este movimento de “esquerda radical” e seus aliados – que nas pesquisas são a maioria da opinião pública – são “o inimigo da república”.
Até Wall Street tem deixado de apostar por Trump, com o setor financeiro preparando-se já pelo que antecipa como provável triunfo do candidato presidencial democrata e ex-vice-presidente Joe Biden, reporta Axios. Uma pesquisa com 140 gerentes de fundos realizada pelo Citigroup encontrou que 62 por cento esperam um triunfo de Biden.
Nos mercados de apostas, Biden é o favorito por mais de 20 pontos (estavam empatados há seis semanas).
Twitter / Reprodução
Nos últimos 14 meses, Trump mentiu ou trapaceou, em média, 23 vezes por dia, o que o jornal chama de "um tsunami da verdade"
Joe Biden mantêm vantagem
Biden tem mantido uma vantagem de nove pontos sobre Trump no nível nacional. Mas, ainda mais preocupante para Trump e sua gente é que nas pesquisas mais recentes o presidente está enfraquecendo em estados que os republicanos consideravam “seguros”.
O mais surpreendente deles é o Texas. Esta semana, o Dallas Morning News abalou os republicanos com a notícia de que Biden gozava de uma vantagem de cinco pontos. Um candidato democrata a presidente não ganhava no Texas desde 1976. Aí, se a margem se mantiver assim, o voto latino poderia ser determinante, da mesma forma que no Arizona. Por isso, a campanha de Trump está ampliando seus esforços para elevar o apoio do eleitorado latino nessas regiões.
Disputas agudas
A Flórida é outro estado que preocupa cada vez mais à campanha de Trump, estado que agora é o epicentro da pandemia (reportou um número recorde de mais de 15 mil novos contágios no domingo), enquanto a contenda entre ambos os políticos continuam mais aguda do que o esperado pelos estrategistas de Trump em outros estados considerados chaves para o resultado: Pennsylvania, Ohio, Virginia, Wisconsin e Michigan.
Frustração e ira brotam dentro da campanha de Trump, chegando até às birras contra seus aliados mais fiéis. Hoje o presidente atacou a Fox News por oferecer demasiadas notícias e pesquisas negativas para ele. “Tão difícil ver a Fox News…. A esquerda radical atemorizou a Fox News até a submissão, igual que fizeram contra tantos outros. Triste mas, sim GANHAREMOS”, escreveu em um tuíte.
Covid-19
Enfrentando a pandemia como se fosse um inimigo pessoal que quer lhe roubar a reeleição, Trump tem redobrado seus esforços para minimizar os efeitos da Covid-19 justo em momentos nos quais os especialistas têm declarado que por ora o contágio está fora de controle com uns 60 mil novos casos a cada dia.
Estados como Flórida e Texas cujos governadores obedeceram às recomendações do presidente de se manterem “abertos”, estão enfrentando agora emergências sem precedentes. Outros, como a Califórnia, que pareciam haver controlado a pandemia foram obrigados a retroceder de suas fases de reabertura.
Trump insiste em que tudo está sob controle, e para tentar impor sua versão da realidade marginalizou os próprios especialistas do governo, incluindo sua maior autoridade, o doutor Anthony Fauci, a tal extremo que não só recusou consultá-lo pessoalmente durante dois meses, mas tem tentado que ele não apareça diante dos meios e inclusive tem buscado minar sua credibilidade, com a Casa Branca acusando o especialista principal de saúde pública do governo de ter cometido “muitos erros”.
Reabertura e novas ameaças
Trump insiste na reabertura imediata das atividades econômicas e agora, junto com sua secretária de Educação, Betsy DeVos está ameaçando suspender o financiamento federal às escolas públicas se se atreverem a permanecer fechadas no início do próximo ano acadêmico em setembro. O presidente afirma que “todos estão mentindo” sobre a severidade da pandemia.
Falando em mentiras, Trump já conseguiu emitir mais de 20.000 mentiras, falsidades e enganos desde que iniciou sua presidência, segundo o Washington Post. Nos últimos 14 meses, Trump mentiu ou trapaceou, em média, 23 vezes por dia, o que o jornal chama de ‘um tsunami da verdade’.
Hablando de mentiras, Trump ya logró emitir más de 20 mil mentiras, falsedades y engaños desde que inició su presidencia, según el Washington Post. Durante los últimos 14 meses, Trump ha mentido o engañado, en promedio, 23 veces cada día, lo que el rotativo califica como “un tsunami de no verdades”
[https://www.washingtonpost.com/graphics/politics/trump-claims-database/?itid=lk_inline_manual_2&itid=lk_inline_manual_2].David Brooks, correspondente de La Jornada em Nova York
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Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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