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Aos 90, Omara Portuondo segue comovendo Cuba e o mundo com seu timbre único

Suas interpretações são sinônimos de lembranças, amor, tristezas, identidade e paixões. Ela imortalizou temas como Drume negrita e Quizás, quizás, quizás
Liz Arianna Bobadilla León
Prensa Latina
Havana

Tradução:

Parece que a cubana Omara Portuondo tem um pacto com os deuses e que sua voz possui a textura de alguns vinhos, com essa capacidade de adquirir maior qualidade conforme passa o tempo, entre aromas e matizes. 

Em suas nove décadas de vida, completadas este 29 de outubro, Portuondo comove e seu timbre nos brinda, com maestria, notas musicais como há mais de meio século, quando o mundo começou a reverenciar sua figura nos mais diferentes cenários artísticos. 

Considerada um estandarte da cultura da ilha, a chamada “noiva do feeling” desafia o tempo e rouba os refletores com cada apresentação, pois desconhece interruptores de apagar ou silêncios, quando de regalar música – da boa – se trata. 

Suas interpretações são sinônimos de lembranças, amor, tristezas, identidade e paixões. Ela imortalizou temas como Drume negrita, Adiós felicidad, La última noche que pasé contigo, Dos gardenias, Lágrimas negras, Por eso yo soy cubana, Veinte años, Tal vez, e Quizás, quizás, quizás, entre muitíssimos outros.

Suas interpretações são sinônimos de lembranças, amor, tristezas, identidade e paixões. Ela imortalizou temas como Drume negrita e Quizás, quizás, quizás

Reprodução/ YouTube
Cantora cubana Omara Portuondo completou 90 anos nesta quinta-feira (29)

Com uma vitalidade invejável e vontade de seguir oferecendo sua arte, a diva apoia o desenvolvimento das jovens gerações de músicos, como demonstram suas mais recentes colaborações com a orquestra Faílde, Haydée Milanés ou Cimafunk.

Embora tenha provado sorte na dança (entre cabaré, teatros e o magistério), a música marcou seu destino ao dar voz a um gênero nascente na década de 1940 em Cuba; o feeling, una mescla de bossa nova e jazz norte-americano.

Um estilo que a conquistou ipso facto e que conheceu da mão do grupo Los Loquibamba, integrado por César Portillo de la Luz, José Antonio Méndez e o pianista cego Frank Emilio Flynn.

Seu caminho pelo mundo dos sons teve paradas em conjuntos como Anacaona, que constituiu o preâmbulo dos 15 anos dedicados ao quarteto vocal feminino Las Aidas, junto a Helena Burke, Moraima Secada e a pianista Aida Diestro.

Durante essa etapa teve a oportunidade de compartilhar palcos com Edith Piaf, Pedro Vargas, Rita Montaner, Bola de Nieve, Benny Moré, Nat King Cole, entre muitíssimos artistas de relevância internacional.

Igualmente o percurso da Portuondo -em cerca de trintas produções discográficas – esteve marcado pelo orquestra Aragón, a icónica banda Buena Vista Social Club, com o qual ganhou o qualificativo de “diva” e outras colaborações.

Com 30 discos pessoais, Omara realizou turnês e apresentações na Venezuela, México, Puerto Rico, Estados Unidos, Japão, França, Bulgária, Alemanha, Itália, Peru, Nicarágua, Bolívia, Equador, Uruguai, Panamá, República Dominicana, Colômbia, Argélia, Romênia, Polônia, Rússia, Finlândia, Espanha, Suécia, Noruega, Países Baixos, Inglaterra e Suíça.

Em 2004, foi nomeada pela Cruz Vermelha Internacional como Embaixadora Internacional, convertendo-a na primeira artista cubana em alcançar tal distinção, enquanto seu disco Flor de Mor foi indicado para o Grammy na categoria de Melhor Disco Tradicional Tropical, e ganhou o prêmio na edição de 2009. 

Sua obra se estende a todas as idades; em 2011 lançou o álbum Reír y Cantar, no qual percorre o repertório de clássicos infantis, e nesse mesmo ano colocou foi a voz da  personagem Mama Odie, uma feiticeira boa e cega que vive nos pântanos da Luisiana, no filme da Disney, The Princess and the frog (A princesa e o sapo).

Premiada em 2019 com o Grammy Latino à Excelência Musical e com a medalha de ouro ao Mérito nas Belas Artes concedido pelo Governo da Espanha, Portuondo é sem dúvida uma das excepcionais cantoras da nação caribenha. 

A emblemática intérprete cubana completa 90 anos e pela efeméride a cultura na ilha rende homenagem à sua prolífica trajetória. 

Como parte das comemorações a Empresa de Gravações e Edições Musicais preparou um fonograma dedicado a ela, enquanto a produtora de discos cubana Bis Music festejou a artista com o lançamento do disco Mariposas, nominado na categoria Melhor Álbum Contemporâneo/Fusão Tropical na edição 21 do Grammy Latino. 

A celebração pelas nove décadas da cantora teve início em janeiro com o concerto de encerramento do Festival Internacional Jazz Plaza, no qual interpretou clássicos do seu repertório junto ao pianista Roberto Fonseca.

El escritor Oscar Oramas percorre a vida da “noiva do feeling” em seu livro intitulado Omara, los ángeles también cantam; enquanto o reconhecido cineasta Fernando Pérez lhe dedicou o documentário Omara. 

Defensora da música de Cuba por mais de sete décadas, Omara exibe uma perfeita sincronização vocal, uma cadência como poucas e uma harmonia musical que se combina com seu carisma e capacidade de improvisar, para converter em magia cada espetáculo seu, cada entonação. 

*Jornalista da Redação de Cultura de Prensa Latina

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, felicitou hoje a reconhecida cantora cubana Omara Portuondo, na ocasião em que completa 90 anos. 

“Felicidades Omara, diva cubana, cantora única, excepcional pessoa a quem admiramos e queremos desde os mais profundos sentimentos e emoções de identidade cubana. “Feliz Aniversário!” escreveu o mandatário em sua conta oficial do Twitter.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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