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ToggleA república/democracia/império estadunidense está em mau estado. Aqui uma seleção de só alguns dos sintomas do mal-estar exibidos nesta última semana:
Vários meios, especialistas eleitorais e políticos estão se preparando para uma eleição no país que se proclama ser o modelo supremo de democracia na qual nem todos os votos contam, não serão contados todos os votos, milhões com direito a voto não poderão exercê-lo, e Donald Trump, que busca sua reeleição, declarando repetidamente que o processo será viciado por uma imensa fraude e que não reconhecerá o resultado se for contra ele.
Em um comício da Carolina do Norte, o presidente convidou seus seguidores a votar duas vezes – uma pelo correio e outra pessoalmente. Isso é um delito.
A dissidência massiva expressada em movimentos como Black Lives Matter, os ambientalistas, de direitos e liberdades civis e até inclusive a cúpula neoliberal democrata, tem sido acusado pelo regime de ser uma “esquerda radical” que incita a violência nas ruas portanto deve ser reprimida e enfrentada por milícias armadas “patriotas”.
Porém, 93% das ações de protesto por Black Lives Matter têm sido pacíficas.
O presidente ameaçou suspender fundos federais a cidades com governos democratas que, segundo ele, têm permitido aos “anarquistas” criar zonas sem lei e ordem.
O Departamento de Segurança Interna, segundo informes oficiais preliminares, qualifica os supremacistas brancos como o perigo mais letal do “terrorismo doméstico” enfrentado pelos Estados Unidos, reporta Político.
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Milhões com direito a voto não poderão exercê-lo
Covid-19 e forças armadas
Os Estados Unidos continuam como o país mais contagiado pela Covid-19 no mundo. Enquanto a cifra de mortes pela pandemia se aproxima de 190 mil vidas neste país, o presidente está jogando golfe.
Com a continuidade da crise econômica detonada pelo manejo da pandemia, uma de cada oito famílias não contam com suficiente comida, reporta o New York Times.
Trump chamou de “perdedores” e “tontos” os militares estadunidenses falecidos em guerras, reportou The Atlantic na quinta-feira passada, citando quatro fontes.
A Casa Branca desqualificou a reportagem como “fake news” e Trump — que evitou seu serviço militar empregando, como muitos meninos ricos, uma dispensa médica comprada ao doutor da família – proclamou seu amor eterno às tropas e denunciou a versão como outro ataque “enganoso” de seus inimigos. A reportagem foi confirmada pouco depois pela agência Associated Press, pelo Washington Post, e até pela Fox News.
Intervencionismo trocado
Os Estados Unidos, um país com uma longa e amplamente documentada história de intervenções encobertas e abertas nos processos políticos de outros países, é agora “vítima” de tais atos e de “violação de soberania”: os democratas acusam que os russos estão intervindo outra vez no processo eleitoral para beneficiar Trump, enquanto os republicanos asseguram que os chineses estão intervindo a favor dos democratas (alguns recordarão acusações parecidas de intervenções desses mesmos poderes em lugares como a América do Sul ou a África em outros tempos – às vezes para justificar a intervenção estadunidense).
O regime de Trump anunciou na semana passada que não participará do esforço coordenado pelo Organização Mundial da Saúde para criar e distribuir uma vacina. Concomitantemente, anunciou sanções contra dois oficiais do Tribunal Penal Internacional por se atreverem a investigar possíveis crimes de guerra cometidos por forças militares estadunidenses no Afeganistão.
Afundando
Dezenas de lanchas e iates participaram de um procissão aquática de apoio a Trump em um lago no Texas. Quatro das lanchas afundaram com suas grandes bandeiras de “Trump”.
Alguns otimistas proclamaram que foi sinal de que o regime Trump terá a mesma sorte que o Titanic. Só falta ver quem faz o papel do iceberg.
Por ora, continua a busca por um antídoto para o mau estado dos Estados Unidos.
Dia do Trabalho
Para os festejos do Dia do Trabalho nos Estados Unidos comemorado nesta segunda-feira, oferecemos estas canções:
David Brooks, correspondente de La Jornada em Nova York
La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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