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Após eleições na Espanha, resultados apontam que nenhum bloco é suficiente para governar

Não se vislumbra a equação ganhadora. Para começar a partir desta segunda-feira todos os partidos deverão começar a digerir os resultados eleitorais
Josetxo Zaldua
La Jornada
Madri

Tradução:

As eleições deste domingo não servirão para acabar com o bloqueio que mantém paralisada a vida política e econômica espanhola desde abril passado. Por blocos ganhou a esquerda, mas é um bloco sobre papel molhado, inviável pela disparidade de critérios. A direita subiu, com a exceção de Ciudadanos, graças ao PP e, sobretudo, ao neofascista partido Vox. Mas nenhum bloco é suficiente para governar, de modo que, matizes à parte, tudo ficou como estava.

O PP de Pedro Casado recuperou grande parte dos votos perdidos nas eleições de 28 de abril, e o neofascista Vox, de Santiago Abascal, foi o grande ganhador. O PSOE de Pedro Sánchez perdeu cadeiras mas se mantém como primeira força política; Unidas Podemos,de Pablo Iglesias salva os móveis de má maneira e a revelação da política espanhola, o homem que se auto destinou a ser o tal, Albert Rivera, de Ciudadanos, perdeu até o que não tinha e ficaria em quinto ou sexto lugar, superado pelo Independentista Esquerra Republicana (ERC). Toda una debacle. Só lhe resta renunciar. 

De modo que o bloqueio parlamentar seguirá vigente a menos que as pressões do setor bancário – significativamente Santander e BBVA- façam efeito e convençam o PP, Vox e Ciudadanos para que se abstenham na próxima sessão de investidura que convocará, prévia visita ao rei Felipe VI, o atual presidente em funções.

Não se vislumbra a equação ganhadora. Para começar a partir desta segunda-feira todos os partidos deverão começar a digerir os resultados eleitorais

Agência Brasil
Para começar a partir desta segunda-feira todos os partidos deverão começar a digerir os resultados eleitorais.

Em caso contrário, e tudo é possível, no próximo ano os espanhóis e os não tão espanhóis serão convocados novamente às urnas. Ninguém quer ver hoje esse panorama, mas de acordo com o sucedido neste domingo, não seria descabelado o assalto do PP e de Vox ao Palácio de la Moncloa, sede do presidente do governo, no que seriam as quintas eleições em quase cinco anos. 

Os independentistas catalães, em bloco, alcançariam até 24 anos no Congresso de Madri, fator que fará ainda mais complicado chegar a acordos para evitar novas eleições. O fracasso do PSOE não deixa de ser relativo tomando em conta que suas projeções eram ganhar umas quantas cadeiras em relação a 29 de abril. Longe desse teto, perderam de oito a dez. 

Mas pode acontecer que catalães e bascos optem por apoiar ou abster-se na sessão de investidura, somando-se assim à abstenção do PP, se chegar a se produzir. Nesse caso Vox e Ciudadanos seriam atores de elenco. Certamente é muito complicado que catalães e bascos deem um cheque em branco a Sánchez: há muitos agravos sem resolver, contas pendentes, e a periferia nacionalista tampouco pode “vender” seu apoio graciosamente. Seriam pagos nas eleições seguintes. 

Outra possibilidade, hoje remota, mas em política quase tudo é possível, é que PSOE e PP formem um governo de coalisão. No papel seria misturar azeite e água, casamento certamente impossível, mas tampouco há que descartar essa saída. 

Nesse caso a fatura eleitoral para os dois partidos seria de alcances bíblicos. Ambos perderiam e o grande beneficiado pelo lado do PP seria o neofascista Vox, ao qual haveria que somar mais votos do Ciudadanos.

Não se vislumbra a equação ganhadora. Para começar a partir desta segunda-feira todos os partidos deverão começar a digerir os resultados eleitorais. E não será uma tarefa fácil, salvo para o Vox. 

* Josetxo Zaldua – Correspondente – La Jornada – Todos os direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.
Josetxo Zaldua

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