Pesquisar
Pesquisar

Após meses de desacordo, Rússia e Japão encerram cooperação sobre armas nucleares

Assinado em 1993, o acordo estipulava que o Japão prestasse assistência à Rússia para eliminar gradualmente o seu arsenal atômico
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

Rússia e Estados Unidos celebraram há poucos dias e a nível adequado consultas presenciais sobre os “motivos de fricção na relação bilateral”, mas não lograram nenhum avanço e só serviram para constatar que os nexos entre Moscou e Washington padecem de uma “gravíssima crise” como não tinham há muito tempo. 

A informação é do vice-chanceler russo, Serguei Riabkov, em uma entrevista ao canal de televisão privado RTVI, transmitido em idioma russo via satélite e por cabo na Europa e América do Norte. 

Já é hora de proclamar os EUA como “Estado pária” perante a comunidade internacional?

O funcionário, que se ocupa na chancelaria russa da relação com Estados Unidos e do tema do controle de armamento, não precisou quem encabeçou as respectivas delegações, nem onde, nem quando se levaram a cabo as consultas, limitando-se a dizer que esse tipo de contatos se efetua “às vezes” e em “terceiros países”. 

De acordo com Riabkov, “há pouco se celebrou no nível adequado uma rodada de consultas sobre os chamados motivos de fricção na relação bilateral com os Estados Unidos. Como era previsível, não se alcançou nenhum progresso e são muito débeis as perspectivas de avançar”. 

Continua após o banner

E lamentou: “não foi possível lograr nem sequer o que caberia pensar que conviria a todos, como o relacionado ao funcionamento das missões diplomáticas e a concessão de vistos, mas a outra parte (EUA) não está disposta a isso”. 

O vice-ministro de Relações Exteriores não descartou a possibilidade de ter que rebaixar o nível dos laços diplomáticos, com a retirada de embaixadores e redução de pessoal, mas apontou que Moscou não quer romper relações com Washington.

Rússia: Diálogo sobre armas nucleares está fechado enquanto EUA mantiverem hostilidade

“Apesar da gravíssima crise, sem análogas no passado, que padecem nossos vínculos, sopesarmos com atenção cada passo para evitar uma maior escalada. São as instruções de nossos dirigentes e, na chancelaria, as cumprimos ao pé da letra”, afirmou Riabkov.

Assinado em 1993, o acordo estipulava que o Japão prestasse assistência à Rússia para eliminar gradualmente o seu arsenal atômico

Foto: Missile Defense Agency/US
Acordo, que estipulava que o Japão prestasse assistência à Rússia para eliminar gradualmente o seu arsenal atômico, foi assinado em 1993




Rússia desiste de acordo para destruição de armas nucleares

As relações com o Japão também não atravessam o melhor momento. O primeiro-ministro Mikhail Mishustin assinou na última quinta-feira (9) o documento que encerra o acordo de cooperação com o Japão sobre assistência à destruição de armas nucleares e encarregou o Itamaraty de notificar a parte japonesa.

Assinado em 1993, o acordo estipulava que o Japão prestasse assistência à Rússia para eliminar gradualmente o seu arsenal atômico através de um comitê binacional que se concentrasse na troca de informações e estabelecesse as modalidades de colaboração.

A ruptura ocorreu após meses de acumulação de tensões em relação a este tipo de armas. Em março passado, Tóquio condenou a decisão do Kremlin de instalar armas nucleares tácticas no território da Bielorrússia, enquanto o ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, acusou, em julho passado, o Japão de ter a intenção de instalar armas atômicas dos Estados Unidos no seu arquipélago.

Juan Pablo Duch | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Assista na TV Diálogos do Sul


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.
Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

LEIA tAMBÉM

Nakba
Crônica de uma Nakba anunciada: como Israel força “êxodo massivo” dos palestinos de Gaza
EUA
EUA atacam China, Rússia e imigrantes, mas real ameaça à democracia é interna
Nakba-76-anos-Palestina (3)
Da Nakba ao genocídio palestino em curso: 76 anos entre duas catástrofes
Amyra-El-Khalili
Amyra El Khalili: atual agressão do Estado Sionista à Palestina é ainda pior que a Nakba, de 1948