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Rússia: Diálogo sobre armas nucleares está fechado enquanto EUA mantiverem hostilidade

Em meio a exercícios bélicos russos, em resposta a manobras de Washington, a Casa Branca procurou o Kremlin com proposta de controle dos arsenais
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, dirigiu nesta quarta-feira (25), a partir do seu escritório no Kremlin, manobras das forças nucleares do país com o uso de seus componentes em terra, mar e ar.

Este exercício, que se leva a cabo pelo segundo ano consecutivo, obedeceu ao mesmo propósito de comprovar a capacidade de resposta da Rússia a um eventual ataque nuclear, embora já antes Putin houvesse encabeçado o lançamento de mísseis balísticos, como em 19 de fevereiro do ano passado, dias antes de começar a operação na Ucrânia. 

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“Nossas forças ofensivas estratégicas lançaram um golpe nuclear massivo para responder a um ataque nuclear inimigo”, resumiu o ministro da Defesa, Serguei Shoigu, detalhando que desta vez foram provados mísseis balísticos e de cruzeiro, assim como submarinos atômicos e dois bombardeiros estratégicos Tu-95MC, entre outras armas do seu arsenal nuclear. 

A partir do cosmódromo de Plesetsk, por exemplo, foi lançado um míssil balístico intercontinental Yars com alvo no polígono de Kura, península de Kamchatka, a 6 mil quilômetros de distância, ao mesmo tempo que o submarino de propulsão nuclear Tula disparou um míssil balístico Sineva desde o mar de Barents, no Oceano Glacial Ártico. “Foram cumpridas todas as missões destas manobras”, reportou o Kremlin.

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Esta exibição nuclear russa coincidiu com a decisão do Conselho da Federação, ou Câmara alta do Parlamento, de aprovar o projeto de lei que revoga a ratificação do Tratado de Proibição Completa dos Ensaios Nucleares, que agora para entrar em vigor só necessita que Putin o promulgue. 

E nesse contexto, o vice-ministro russo de Relações Exteriores, Serguei Riabkov, encarregado do tema do desarmamento e da relação com os Estados Unidos, declarou que Moscou recebeu uma proposta de Washington para retomar o diálogo sobre estabilidade estratégica e controle de armamento, a qual não será considerada “enquanto os Estados Unidos não mudarem sua política abertamente hostil para com a Rússia”.

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Em meio a exercícios bélicos russos, em resposta a manobras de Washington, a Casa Branca procurou o Kremlin com proposta de controle dos arsenais

Foto: U.S. Pacific Fleet/Flickr
Míssil lançado pelas forças dos EUA a partir do Havaí em em 26 de outubro de 2018

Notícias da guerra

As notícias que chegam dos campos de batalha indicam que se mantém a tendência das semanas recentes: a Rússia concentra seus ataques contra Avdiivka e Kutianski, que resistem aos embates e causam numerosas baixas ao inimigo, ao mesmo tempo que as autoridades ucranianas instam, à população civil que ainda resta, a abandonar por precaução estas localidades. 

Nesse contexto, o ministro da Defesa russo informou que seu titular, Serguei Shoigu, visitou nesta quarta-feira o posto de comando de seu exército na região de Donetsk, onde, diz textualmente, “pode constatar que estão se esgotando os recursos do inimigo”. 

Sem solução ou avanços, guerra na Ucrânia entra em beco sem saída

Casualidade ou não, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pretendia, por videoconferência nesta quinta-feira (26), pedir mais armas aos líderes da União Europeia, que se reuniram em Bruxelas em um momento em que a Hungria parece disposta a bloquear a concessão de ajuda financeira adicional a Kiev. 

A esse respeito, Zelensky elogiou a eficácia do armamento ocidental, em particular os mísseis estadunidenses Atacms de longo alcance, que segundo ele obrigou a Rússia a retrair sua frota no mar Negro e a retirar seus aviões dos aeródromos próximos à fronteira. 

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A Rússia, também de forma fortuita ou não, deu a conhecer no mesmo dia que sua defesa antiaérea derrubou dois mísseis Atacms. “Na passada jornada foram interceptados dois mísseis táticos Atacms de produção estadunidense”, afirmou de maneira concisa o ministério russo da Defesa em seu mais recente reporte de guerra diário, sem precisar onde ocorreram os fatos. 

Entretanto, em Kiev esperam que, de um momento para outro, a Administração de Joe Biden aprove a enésimo pacote de ajuda militar pelo valor de 150 milhões de dólares, que seria o número 49 desde fevereiro de 2022, o qual poderia incluir foguetes GMLRS para os sistemas Himars, projéteis para os complexos Nasams, mísseis antitanque TOW e outras armas.

Juan Pablo Duch | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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