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Argentina: A três dias das eleições, oposição teme fraude para forjar Macri no 2o turno

“Há perigo com sistema de Smartmatic, tenho pânico de que se manipule a informação”, denunciam peronistas
Vanessa Martina-Silva
Diálogos do Sul Global
Buenos Aires

Tradução:

A três dias das eleições presidenciais na Argentina um tema chama a atenção da oposição: a possibilidade de fraude eleitoral. Os peronistas, que apoiam Alberto Fernández (Partido Justicialista – PJ), estão se organizando nos centros de votação de todo o país para fiscalizar o processo.

“Há perigo com o sistema de Smartmatic, tenho pânico de que se manipule a informação. Estou muito inseguro em relação ao domingo (27). O sistema permite fazer uma manipulação da informação como aconteceu nas PASO”, afirmou Jorge Landau, fiscal da Frente de Todos (coligação de Fernández e que abarca 20 partidos e movimentos).

Como já virou modismo questionar o processo eleitoral em nosso continente, explicamos a seguir em que se baseia a oposição ao governo do presidente Maurício Macri para fazer tal denúncia. O tema vem sendo acompanhado desde agosto pelos diversos meios de comunicação do país.

“Há perigo com sistema de Smartmatic, tenho pânico de que se manipule a informação”, denunciam peronistas

Sol 91,5
Smartmatic é acusada de fraude eleitoral ou irregularidades em processos eleitorais

Irregularidades

O primeiro é que a empresa venezuelana de capital britânico Smartmatic é acusada de fraude eleitoral ou irregularidades em processos eleitorais realizados em Filipinas, El Salvador, Uganda, Bélgica e – quem diria – Brasil.

O segundo ponto é baseado em irregularidades no próprio processo eleitoral deste ano na Argentina. A Frente de Todos tem denunciado erros persistentes no sistema da empresa, como o atraso ocorrido na transmissão dos dados nas PASO. Problemas esses que ainda não foram solucionados, dizem.

Os representantes legais da Frente apresentaram uma queixa para a juíza eleitoral María Romilda Servini de Cubría relatando os erros e alertando para “mudanças unilaterais”, que não foram aprovadas pelas agrupações políticas e observadores judiciais, que serão realizadas na transmissão de dados no domingo (27).

O temor é de que os dados possam ser manipulados no momento de sua transmissão pelos operadores do sistema. Isso porque modificaram o procedimento tal como foi realizado nas primárias, aqui chamadas de PASO, e agora a transmissão será interrompida a cada cinco minutos para atualizar a informação.

Para Susana González, deputada pela Frente de Todos na província de Buenos Aires, “essas modificações de última hora e realizadas depois do debate presidencial, demonstram a pressão que está sendo realizada para garantir que Macri esteja no segundo turno”. 

Os oposicionistas, nas figuras de Patricia García Blanco, Jorge Landau e Eduardo López Wesselhoefft pedem que esse procedimento seja revertido para o modelo que consta no contrato, que as urnas sejam resetadas – para certificar-se de que não haviam votos prévios – e que seja apresentado do código fonte do sistema.

Nenhuma das reivindicações foram atendidas.

Inclusive, ainda antes das PASO a juíza de Cubría ordenou que peritos do Conselho da Magistratura acompanhassem o escrutínio. O informe indicou que “o sistema funcionou de forma totalmente defeituosa”. Assim que teve acesso ao documento, a Frente de Todos insistiu que se tirasse a Smartmatic do processo, o que não aconteceu.

“A empresa não resolveu todas as deficiências apresentadas pelos peritos da Câmara Eleitoral Nacional para as eleições gerais”, disse o representante da Frente de Todos, Juan Amorín.

Projeções

De acordo com as últimas pesquisas realizadas no país, Fernández deve ganhar a eleição ainda no primeiro turno, superando a diferença obtida nas PASO, que foi de 16 pontos. A empresa Opina Argentina indica que a diferença será de 20 pontos: 52 X 32 e a Universidade de San Andrés aponta 17 pontos de superioridade: 51X34.

Outro lado

O governo nacional afirmou que os problemas com a Smartmatic no sistema de transmissão durante as PASO já foram resolvidos, como afirmou o secretário de Assuntos Políticos e Institucionais do Ministério do Interior, Adrián Pérez, no começo de outubro. 

Ele esclareceu que em 11 de agosto foram combinados dois fatores que fizeram com que os resultados se atrasasse e fossem divulgados uma hora e meia depois do prometido. 

Um foi a determinação da juíza eleitoral María Servini, que estabeleceu que os números não podiam ser difundidos antes do carregamento de ao menos 10% das mesas nas quatro jurisdições mais importantes no país. 

O outro foi a falha registrada no módulo de consulta dos fiscais partidários durante a recontagem provisória, que foi interrompeu o sistema durante quase uma hora.

Ele garantiu também que a empresa “trabalhou para otimizar o sistema de consulta, que agora está ótimo e o módulo que originou a interrupção em 11 de agosto está bem”. 

“Antes não podiam fiscalizar e agora, com o novo sistema de transmissão a partir das escolas, podem fazer de forma presencial. Na campanha dizem muitas coisas, mas é preciso olhar os fatos objetivos”, disse.

*Vanessa Martina Silva é editora da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Vanessa Martina-Silva Trabalha há mais de dez anos com produção diária de conteúdo, sendo sete para portais na internet e um em comunicação corporativa, além de frilas para revistas. Vem construindo carreira em veículos independentes, por acreditar na função social do jornalismo e no seu papel transformador, em contraposição à notícia-mercadoria. Fez coberturas internacionais, incluindo: Primárias na Argentina (2011), pós-golpe no Paraguai (2012), Eleições na Venezuela (com Hugo Chávez (2012) e Nicolás Maduro (2013)); implementação da Lei de Meios na Argentina (2012); eleições argentinas no primeiro e segundo turnos (2015).

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