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Rodolfo José Bernat*
Segundo todos os tratados, os idos, no antigo cômputo romano e no eclesiástico, são os dias 15 de março, 15 de abril, 15 de maio, 15 de julho, 15 de outubro e o dia 13 dos demais meses. São dias onde a felicidade e a boa fortuna acompanham as pessoas.
Talvez, pela primeira vez na Argentina, possamos confirmar ou desmentir esta assertiva que, desde a noite dos tempos, chega a nós, ano após ano. Poderemos nós, os argentinos, desvendar este mistério? Vamos pelo menos tentar.
Por falta de espaço, na “Coluna” da semana passada, não foi possível terminar de publicar e analisar o hoje já famoso “Ponto doze”, das “Conclusões” da equipe de peritos da juíza Arroyo Salgado.
Foi na semana anterior que o “Ponto doze” foi publicado na capa pelo jornal “La Nación” com a descrição dos peritos da investigação sobre a norte do promotor Alberto Nisman; o relatório está acompanhado de uma infografia, onde vê-se a figura do promotor com “um joelho em terra (perna direita) e olhando para a banheira”; junto a Nisman, no banheiro, os peritos da investigação localizam um possível atacante “em pé, atrás”. “A vítima tinha 1,82 m de altura; muito provavelmente encontrava-se em um plano inferior em relação ao atacante, situado atrás e à direita”, diz o informe. Adverte ainda, que parte da mão direita de Nisman, com a qual teria disparado em si mesmo, estava limpa e que o único motivo para isso é que houvesse havido algo tapando-a, como “um objeto ou uma mão”.
O documento, de 93 folhas, tem as assinaturas dos especialistas Daniel Salcedo, Osvaldo Raffo e Júlio Ravidi.
Parte das conclusões tinham sido adiantadas pela ex mulher de Nisman, Arroyo Salgado; o ponto doze foi depois desmentido, como “inexistente”, pela promotora Fein. Como se explica que de um mesmo documento a fiscal desconhecesse o ponto principal, nem mais nem menos, que a hipótese de como foi cometido o crime de seu colega?
Na semana passada também foi o 2º aniversário do Papado de Francisco; o item principal da celebração foi a entrevista que o Papa deu ao canal da televisão mexicana Televisa. Suas declarações, como sempre sem eufemismos, mas sem esconder palavras nem posições, chegaram aonde deviam chegar e causaram alegria na maioria e um ritos amargo em algumas minorias, que não aceitam as verdades; mas, o que disse o Papa Francisco que despertou sentimentos tão diferentes? Vejamos: “Às vezes me senti usado pela política de meu país” e acrescentou: “Quero responder abertamente, ainda que isso possa me acarretar algum problema pessoal em meu país. Mas simplesmente relato o que passei.” Declarações à Televisa, no programa conduzido pela vaticanista Valentina Alazraki, em resposta à jornalista sobre sua mensagem ao deputado pela CABA e amigo pessoal, Gustavo Vera: alguém chamou a lutar contra a “mexicanização” da Argentina “frente à proliferação e ao avanço do narcotráfico na Argentina”. Isso causou certo mal estar na presidência do México, mas o Cardeal Jorge Bergoglio deixou claro porque se transformou no Papa Francisco, quando explicou que empregou “mexicanização” como “generalização”, e assim o mal estar do governo do México foi imediatamente superado. O mesmo não ocorreu na Argentina, onde em seguida “o coro” da presidenta pôs-se a questionar o inquestionável, incorrendo na profanação do 8º Mandamento: “Não dirás falsos testemunhos nem mentiras.”
Ao que já dissera, o Papa Francisco acrescentou: “Os argentinos, quando viram um Papa argentino, esqueceram-se de todos os que estavam a favor ou contra o Papa.”
Mas, na Argentina de hoje, tudo é possível. Se não, analisemos o que aconteceu quinta-feira passada no aeroporto de Ezeiza, quando chegou o cantor colombiano Mishelle Javier Quinteros Landazuri, uma das expressões máximas da música atual colombiana, a “champeta”. O artista, acompanhado por outra pessoa, chegou da Colômbia na última quinta-feira, 12 tendo sido impedido de ingressar na Argentina pelas autoridades migratórias de nosso país. Já em novembro de 2014, tinham-no impedido de entrar, sendo deportado a seu país de origem.
Até aí o caso não tinha nada de extraordinário e se desenvolvia dentro dos marcos normais e legais de nosso país. O estranho começa quando entra em cena, inesperadamente, o deputado eleito K, Manuel Fresco, sucessor na Câmara dos Deputados de Eduardo Wado De Pedro, atual Secretário Geral da Presidência da Nação, designado recentemente pela presidente Cristina Fernández, Viúva de Kirchner. Aparentemente Fresco era portador de uma carta do diretor de Migrações que autorizava a entrada de Quinteros Landazuri e de seu acompanhante, no país. Foi liberada então a entrada de ambos, os quais foram convidados a passar pela Alfândega. Quando foi realizado o controle da bagagem, os funcionários da Alfândega encontraram em uma das malas do cantor, 30 mil euros falsos e uma importante soma em dólares norte americanos, razão pela qual as duas pessoas foram detidas e postas à disposição do Poder Judiciário.
Neste fato inexplicável estão comprometidos funcionários estatais, motivo pelo qual imediatamente, o deputado eleito Manuel Fresco apresentou, em caráter irrevogável sua renúncia à bancada de Deputado Nacional.
É evidente que o saldo da semana passada não deixou um panorama favorável para o governo, aumentando o mal humor da presidente.
Para isso contribuiu o juiz federal, Julián Ercolini, que, no contexto da causa de “Papel de Imprensa”, não deu espaço ao pedido do promotor Leonel Gómez Barbella para que fossem citados os diretores dos jornais Clarín e La Nación, na causa mencionada. Gómez Barbella se diz integrante do grupo judiciário kirchnerista, “Justiça Legítima”, identificado com a Procuradora Gils Carbo.
O juiz Ercolini não acedeu ao pedido de Gómez Barbella e a reação dos setores políticos e jurídicos afetos ao kirchnerismo questionaram a decisão e a celeridade do juiz Ercolini em recusar a apresentação do promotor Leonel Gómez Barbella.
Está mais do que provado que os “ditos” populares às vezes, assumem a forma de sentenças populares o que se ajusta ao ditado “Não há dois sem três”; e, uma vez mais, o ditado tornou-se realidade.
A revista NOTICIAS, em sua edição de 13 de março, como parte de seu material publicaria a lista dos novos agentes de inteligência kirchnerista da ex SIDE. Mas, segundo a informação publicada pela “Tribuna de Jornalistas”, na quinta-feira apresentou-se um agente desse órgão com uma “cédula” que mostrou à Direção de NOTICIAS, e onde se “instiga a revista a se abster de prosseguir com este tipo de publicações, extremando os cuidados necessários a fim de evitar a configuração do tipo penal descrito, ao mesmo tempo em que ameaça com uma denúncia penal frente aos Tribunais Federais competentes.”
Em um 15 de março de 44 A.C., ao seguir para o Senado, segundo o escritor grego Plutarco, Júlio Cesar cruzou com o vidente que o advertia quanto ao grave perigo que corria, nos idos de março e, rindo, disse-lhe: “OS IDOS DE MARÇO JÁ CHEGARAM”, ao que o vidente respondeu compassivamente “SIM, MAS NÃO SE FORAM”… Momentos depois e em pleno Senado, Júlio Cesar era assassinado.
*Colaborador de Diálogos do Sul, de Fcio. Varela, Argentina – Tradução de Ana Corbisier