A detenção de quatro dirigentes do grupo ultradireitista Revolución Federal, investigados a partir do atentado falido contra a vice-presidenta Cristina Fernández de Kirchner no passado 1º de setembro, levou até uma das fontes de financiamento: a empresa Caputo Hermanos, de amigos íntimos do ex-presidente Mauricio Macri, que pagaram 13 milhões de dólares a Jonathan Morel, um dos fundadores da organização violenta.
Os integrantes do Revolución estão ligados aos já detidos executores diretos do plano para eliminar a vice-presidenta, vítima de uma perseguição política agravada durante os quatro anos do governo de Macri, mediante a espionagem dos meios de comunicação de massa, encabeçados pelo Grupo Clarín, e a chamada mesa judicial, que armou dezenas de acusações falsas para tratar de destituir ou eliminar a máxima líder política deste país.
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Além de Morel, foram detidos Leonardo Sosa, Gastón Guerra e Sabrina Basile, que foram interrogados em 21 de outubro.
Em seu interrogatório ante a justiça, Morel admitiu que recebeu “muito dinheiro” e não só os 8 milhões de pesos argentinos que já foram constatados pela via da justiça, mas 13 milhões para supostamente construir móveis. Reconheceu que não fabricou nenhum dos encarregados por Caputo Hermanos porque sua “carpintaria” não tinha capacidade de fazê-lo e terceirizou o pedido.
Ademais, utilizava como “mostrador” uma movelaria inexistente, cujo “primeiro” trabalho era o acordo com Pía Caputo, irmã de Luis Caputo, ex-ministro de Finanças de Macri, mas não pode dar uma versão crível sobre isso porque se encarregava a eles “mesinhas de luz” para um dos edifícios que construiu essa empresa, situado na província de Neuquén, a mais de mil 1,1 mil quilômetros da capital.
Brasil de Fato | Reprodução
Os quatro integrantes se reuniam para planejar, coordenar a difundir diferentes tipos de mensagens de ódio, escrachos e atos intimidatórios
Os quatro detidos estão acusados de delitos de violência, ameaças de morte e outros atos, como a tentativa de incendiar a presidencial Casa Rosada atirando tochas e bombas molotov pela grade que a rodeia.
O caso foi tomado pelo juiz federal Marcelo Martínez de Giorgi e pelo promotor Gerardo Pollicita, que haviam solicitado unir esta causa com a vinculada diretamente com o atentado, que é investigado pela juíza María Eugenia Capuchetti, mas ela não aceitou. Dadas as novas provas que surgem dos celulares e áudios dos acusados, o fará agora devido a todos os indícios que estão surgindo.
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Na realidade, não existia a movelaria, embora Morel construiu em um quarto comum uma guilhotina que foi exposta diante da casa governamental como uma ameaça de morte.
Só bastava ver as manifestações desses grupos, que além de grandes cartazes mostravam a imagem do que seria Fernández de Kirchner em uma forca e atiraram duas vezes em frente à sede de governo sacos de resíduos envolvidos em corda, simulando cadáveres com nomes, entre eles o da vice-presidenta, o de Estela de Carlotto, presidenta das avós da Praça de Maio, e outros.
Em suas declarações Morel não pôde explicar como havia sido contactado pela empresa de Luis Caputo e outros familiares. O relato é insustentável. Ontem foi revistado o escritório dos Caputo, nesta capital, enquanto outras buscas foram feitas nas residências dos recém detidos.
Além dos dados com que se armou a acusação, os advogados da vice-presidenta continuam recolhendo provas. Embora o caso avance lentamente, a juíza Capuchetti pediu à Corte Suprema de Justiça ajuda para a investigação, mas não houve nenhuma resposta, apesar de se tratar de uma tentativa de magnicídio.
O promotor Gerardo Pollicita mencionou o nexo de ações do Revolución Federal e a tentativa de assassinato, ao assinalar que os quatro integrantes se reuniam para planejar, coordenar a difundir diferentes tipos de mensagens de ódio, escrachos e atos intimidatórios “em que os atores plantaram na sociedade a escalada de violência e ódio, cujo ato mais transcendente foi a tentativa de homicídio da vice-presidenta da Nação”.
Stella Calloni | Colaboradora da Diálogos do Sul em Buenos Aires.
Tradução: Beatriz Cannabrava.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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