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Assessor da Casa Branca testemunha contra Trump, seu comandante em chefe

Câmara prepara a fase pública do processo de impeachment do presidente Donald Trump
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

Um assessor da Casa Branca apresentou ante os legisladores que investigam Donald Trump, talvez o testemunho mais prejudicial até agora contra seu comandante em chefe, enquanto a liderança democrata da câmara baixa apresentou sua proposta formal para abrir a fase pública do processo para a formulação de acusações no julgamento político do presidente. 

O tenente coronel do Exército, Alexander Vindman, diretor de assuntos europeus e especialista sobre Ucrânia do Conselho de Segurança Nacional (NSC) foi o primeiro oficial em atividade na Casa Branca a comparecer diante de integrantes dos três comitê da câmara baixa que encabeçam o processo de impeachment; e o que é mais importante, a primeira testemunha a escutar ao vivo o telefonema de Trump com seu contraparte ucraniano, em 25 de julho, incidente que detonou o processo de impeachment.

Vindman-vestido com seu uniforme formal com medalhas e condecorações, incluindo o Coração Púrpura por ser ferido em combate do Iraque – declarou (segundo seu texto preparado) que essa chamada o alarmou a tal grau que a reportou imediatamente ao advogado principal do NSC explicando que “não me parecia apropriado que um governo estrangeiro investigasse um cidadão estadunidense, e me preocuparam as implicações para o apoio à Ucrânia do governo estadunidense” que poderiam chegar a “minar a segurança nacional dos Estados Unidos”.

Ainda mais, seu testemunho contradiz declarações do embaixador estadunidense à União Europeia e doador do presidente, Gordon Sondland, que afirmou em sua audiência perante estes comitê há alguns dias que Trump não havia solicitado nenhum favor político aos ucranianos. 

A câmara está investigando se Trump condicionou a assistência militar e outro apoio oficial estadunidense ao governo do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky em troca dele anunciar uma investigação de um dos seus principais rivais políticos e pré-candidato democrata Joe Biden e seu filho, solicitando com isso a interferência de um poder estrangeiro na política interna dos Estados Unidos para seu benefício político pessoal. 

Diante do que seguramente sabiam que seria o testemunho mais perigoso para eles até o presente, Trump e seus aliados se dedicaram a questionar a confiabilidade e até o patriotismo da testemunha  Alguns indicaram que Vindman nasceu na Ucrânia, sugerindo que poderia ter lealdades cruzadas ou até ser espião (sua família fugiu da velha União Soviética quando ele tinha 3 anos). A acusação foi tão extrema contra o militar condecorado e veterano de guerra que até alguns republicanos reprovaram os ataques.

“Sou um patriota, e é meu dever sagrado e minha honra avançar e defender NOSSO país, sem importar partido ou política”, declarou Vindman.

Enquanto a testemunha chegava ao Capitólio, Trump tuitou que Vindman era outro “nunca trumpista” (em referência a burocratas de carreira e até republicanos que ele percebe que não lhe são leais), e pouco mais tarde, por enésima vez, qualificou o processo como uma “caçada às bruxas”; e sua porta-voz reiterou que “é uma farsa”. 

Câmara prepara a fase pública do processo de impeachment do presidente Donald Trump

ctv.ca
O tenente coronel do Exército, Alexander Vindman, diretor de assuntos europeus e especialista sobre Ucrânia do Conselho de Segurança Naciona

Fase pública

Os legisladores democratas que encabeçam a investigação ao presidente na câmara baixa apresentaram hoje uma resolução estabelecendo os parâmetros da fase pública deste processo, realizado até agora a portas fechadas.  

Depois do intenso ataque republicano condenando o manejo a portas fechadas do processo até agora, a resolução elaborada pelo democratas encarrega o Comitê de Inteligência de encabeçar as próximas audiências públicas e elaborar um informe público. 

O Comitê Judicial seria o encarregado de avaliar esse informe e realizar suas próprias audiências nas quais por primeira vez será permitida a participação de um advogado de Trump. Esse comitê estará encarregado de formular denúncias formais (chamados “artigos de impeachment”) contra o presidente. Além disso, nessa proposta, as transcrições das audiências privadas seriam também tornadas públicas. Essa resolução poderia ser submetida a votação nesta mesma semana. 

Os chefes dos comités até agora encarregados da investigação informaram que já contam com evidências que sustentam acusações de que Trump “abusou de seu poder ao usar múltiplas alavancas do governo para pressionar um país estrangeiro a interferir na eleição de 2020”. 

Se o plenário da câmara baixa aprovar as denúncias, isso detonaria um julgamento político no Senado (que agora está sob o controle republicano) para determinar se o presidente deve ser destituído ou não. 

Pero no se debe descartar el grado de talento de este mandatario. Hace un par de días, el ex jefe de gabinete John Kelly comentó que el proceso de impeachment podría haber sido evitado por Trump si el presidente hubiera estado rodeado de gente, como él, que controlaban sus peores instintos. La vocera de la Casa Blanca respondió que Kelly no solo nunca hizo tal cosa, sino que “está totalmente no equipado para manejar el genio de nuestro gran presidente”.

Mas você não deve descartar o nível de talento desse agente. Há alguns dias, o ex-chefe de gabinete John Kelly disse que o processo de impeachment poderia ter sido evitado por Trump se o presidente estivesse cercado por pessoas, como ele, que controlavam seus piores instintos. A porta-voz da Casa Branca respondeu que Kelly não apenas nunca fez isso, mas “não está totalmente equipada para lidar com a genialidade de nosso grande presidente”. 

*David Brooks, correspondente – La Jornada, Nova York

**Tradução: Beatriz Cannabrava

***La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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