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Até onde vai a hipocrisia dos EUA e aliados?

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

Paulo Cannabrava Filho*

Paulo-Cannabrava-Filho.-Perfil-Diálogos4Thomas Shannon, conselheiro do Departamento de Estado, foi embaixador dos EUA no Brasil (2009-2013), mostrando-se indignado com a anexação da Crimeia à Federação Russa, disse que “esse tipo de comportamento não é aceitável e não pode ser repetido em outros lugares do mundo”.

Que cínico! A única ameaça que o mundo tem a temer é dada pela sanha expansionista dos EUA.

obama e MerkelO que é que Angela Merkel e Barak Obama estão fazendo na parte ocidental da Ucrânia? Foi, por acaso, espontâneo o golpe que derrubou o governo constitucional, eleito pelo povo?

O que estão fazendo os países da OTAN na Síria? Não é por acaso com a mesma intenção de anexação da Síria à OTAN que os países dessa anacrônica aliança militar estão intervindo na Ucrânia?

Desde a época do Bush pai, passando pelo son of a Bush, Clinton, Obama y tutti cuanti, os EUA, com seus aliados europeus, estão expandindo suas fronteiras (áreas de influência) em direção ao sul e oriente do Mediterrâneo. Primeiro foi o Iraque, depois os países do Magreb (Líbia, Tunísia, Marrocos…. Argélia, seria o próximo?) agora e a Síria, enquanto Israel não cessa de ocupar territórios ilegalmente. Até onde vai isso? Qual a verdadeira intenção?

Fica evidente o baixo nível de Obama e seus assessores. Imaginar que poderiam estender um cerco estratégico à Rússia, encurralá-la, submetê-la, sem qualquer reação. Já dissemos anteriormente, não se cutuca uma onça (no caso um urso siberiano) com vara curta.

UcraniaA Crimeia, histórica e secularmente sempre foi parte da Rússia. É a via de acesso ao Mediterrâneo, através do Bósforo e Dardanelos. Não há como, entendendo um pouco de geopolítica e estratégia, negar o direito da Rússia de garantir sua soberania sobre esse território.

Esse raciocínio fica mais claro se tomamos como exemplo as atitudes dos Estados Unidos. A invasão à pequena ilha de Granada, por exemplo, apenas porque está na rota dos grandes petroleiros que abastecem as refinarias das ilhas que ainda são verdadeiros territórios coloniais. Não se trata de pretender com um mal justificar outro. Trata-se de juntar elementos para que melhor se compreenda o que realmente está a ocorrer.

Com que moral os Estados Unidos questionam a anexação da Crimeia, que foi decidida em plebiscito, tendo em sua história a anexação de dois terços do território mexicano? Tendo em seu histórico a anexação de Porto Rico, a invasão da Guatemala, de São Salvador, de Honduras, da República Dominicana, do Haiti. Que moral tem o Estado que invadiu o Vietnam a mais de 12 mil milhas distante de Washington? Que invadiu o Iraque e o Afeganistão? Um Estado que cometeu o maior crime de lesa humanidade da hitória, em Hiroshima e Nagasaki?

Pode ter moral um Estado que estava pronto para invadir o Brasil em 1o de Abril de 1964? E assim mesmo sabendo de todos esses fatos, apesar dessa flagrante imoralidade, os jornalões das nossas oligarquias continuam a apoiar as ações bélicas dos senhores de todas as guerras que controlam as grandes potencias e o império da vez.

Putin é hoje o único contraponto ao sonho dos senhores das guerras de dominação do mundo. Sua atitude é de autodefesa e devemos apoiá-lo. Porque essa ameaça imperial pesa sobre todos nós.

*Jornalista, editor de Diálogos do Sul


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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