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Atenção à primeira infância é prioridade no Equador

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

Reina Magdariaga Larduet*

bebes-grandeA necessidade de que os Estados incorporem a primeira infância entre suas prioridades estratégias impõe-se por ser essa a etapa em que as crianças desenvolvem sua capacidade de pensar, falar, aprender e raciocinar.

Por isso, a partir do que representa esse segmento da sociedade para o futuro de qualquer país, essa exigência está presente nos foros que sobre essa temática têm lugar em nível internacional.

Para tomar um exemplo, na segunda semana deste mês realizou-se no Equador o Primeiro Seminário Acadêmico Internacional sobre a Primeira Infância, com a participação de especialistas do Uruguai, Brasil, Colômbia, Cuba, Estados Unidos, Peru, Chile, México e do país anfitrião.

Esse encontro foi espaço propício para debater sobre o cuidado com o ser humano em seus primeiros anos de vida de várias perspectivas, como as neurociências, investimentos e modalidades de atenção realizadas com êxito.

Interessantes foram as reflexões dos especialistas, todas encaminhadas a garantir o desenvolvimento a partir de bem cedo.

A ministra da Saúde do Chile, Helia Molina, lembrou que todos os seres humanos nascemos com um potencial de desenvolvimento muito parecido, mas depois a vida nos leva por caminhos diferentes, o que não é casual, afirmou.

Molina considera que esse resultado tem a ver com a maneira como o Estado se organiza e dá oportunidades.

Nesse sentido, afirmou que é preciso ser valente como governo e como governante para dar prioridade na agenda política ao tema da infância.

“Quando um presidente investe nas crianças, adquire uma estatura de estadista tal que é preciso tirar-lhe o chapéu, porque nem todos o fazem”.

A ministra afirmou que não apenas existem evidências biológicas, como também as diferentes contribuições da ciência demonstram que o que se deixa de fazer na primeira infância repercute em todo o ciclo vital do ser humano.

Daí a importância de desenvolver estratégias integrais dirigidas à infância.

Segundo Molina, as crianças não podem receber apenas atenção médica, mas também educação, moradia, cultura, cuidado materno, entre outras exigências.

A esse propósito, considerou que a atenção à infância não está nos mais altos níveis de discussão dos chefes de Estado.

“Há uma tendência a por essa temática em mãos das primeiras damas, o que é uma maneira de tornar o assunto invisível”, afirmou.

No período em que o cérebro está mais plástico, que é a etapa mais importante do ser humano, é quando menos se investe, lamentou.

Por isso, reconheceu que quando as crianças têm problemas de aprendizagem e abandonam o colégio, é afetada sua saúde mental, podendo originar delinquência, criminalidade, entre outras dificuldades; e é quando os gastos disparam.

A esse propósito, elogiou a prioridade que em países como a Finlândia se dá ao tema da atenção ao ser humano nos primeiros anos de vida e nessa preferência se incluem questões tão vitais como o estresse e o baixo peso.

Alerta sobre o estresse e o baixo peso

Os programas da primeira infância estabelecem bases firmes para o resto da vida das crianças, por isso durante o evento realizado no Equador, os especialistas aproveitaram a ocasião para alertar sobre as marcas que deixam em sua aprendizagem o baixo peso e o estresse.

A diretora do laboratório de neuropsicologia da Universidade Nacional Autônoma do México, Feggy Ostrosky, afirmou que um cérebro funciona de forma adequada quando na infância convergem o cognitivo, o intelectual e o emocional.

Segundo Ostrosky, nos primeiros anos de vida há muita plasticidade cerebral, o que permite que o centro do sistema nervoso responda de acordo com a experiência e reconheça períodos críticos ou sensíveis.

Sobre os casos de assassinos que estudou, a especialista destacou que uma grande maioria teve problemas como maltratos, ambientes familiares hostis e insegurança desde os primeiros anos de vida.

Também, acrescentou, existem casos de pais excesivamente autoritários, apesar de darem tudo a seus filhos.

Os dois estilos de criação são ruins, pois quando crescerem os pequenos dependerão demais de seus pais ou de ambientes externos, e, portanto, não serão capazes de autocontrole, explicou.

Por sua parte, o especialista equatoriano em neurodesenvolvimento Alfredo Tinajero afirmou que a aprendizagem de um menor também se vê afetada pelo baixo peso, necessidades especiais ou ainda estresse traumático.

Razão pela qual insistiu na necessidade de criar ambientes de afeto, segurança e saúde, aspectos nos quais trabalham de maneira coordenada instituições equatorianas. 

Atenção à primeira infância

O aumento do bem estar das crianças de mais tenra idade é uma das prioridades do governo do presidente Rafael Correa.

Segundo a ministra coordenadora de Desenvolvimento Social do Equador, Cecilia Vaca, neste país as autoridades insistem em que um dos olhares necessários para erradicar a pobreza é precisamente em direção à infância.

Por isso, o Estado priorizou o investimento social em crianças de zero a cinco anos para superar as brechas de inequidade, disse.

A propósito do cuidado na tenra idade, a ministra destacou a importância de estar atento para que o crescimento do pequeno ocorra de forma adequada e que as políticas sociais promovam ações tão básicas como a amamentação materna.

Vaca exortou a necessidade de que os pequenos consumam os micronutrientes necessários na etapa em que comecem a consumir alimentos, para evitar a situação atual em que cerca de 30% das pessoas padece de obesidade em sua primeira etapa vital.

Estudos científicos demonstraram que nos primeiros anos de vida desenvolve-se a maior parte das células cerebrais, por isso são importantes os programas de saúde, nutrição e educação de qualidade nessa etapa.

Com o cumprimento dessas ações, segundo os especialistas, incrementa-se o horizonte de potencialidades intelectuais, sociais, emocionais e físicas do ser humano.

* Prensa Latina de Quito, Equador, para Diálogos do Sul – Tradução: Ana Corbisier


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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