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Juliane Cintra*
Com a invisibilidade de episódios como o da agropecuária Santa Bárbara, do banqueiro Daniel Dantas – no qual 600 mil hectares de terras griladas foram vendidos – e da atuação de milícias armadas no combate aos trabalhadores rurais, a luta pela garantia da educação dos assentados, também, acabou por assumir este papel de anonimato na grande mídia, uma das principais responsáveis pela transformação da luta pela terra em caso de polícia.
Alheios a isto, durante 25 anos, em paralelo a organização dos camponeses e da ação pela Reforma Agrária, o MST conseguiu alfabetizar mais de 100 mil pessoas, garantir 2.250 escolas públicas em assentamentos e formar mais de 4 mil professores e 350 mil sem-terras, segundo dados divulgados pelo próprio movimento.
Porém, questões estruturais do acesso à escola, sobretudo no campo, não foram resolvidas. Sabendo disso, o MST realizaria, no início de dezembro em Belém (PA), um acampamento pedagógico para servir de contraponto ao encontro preparatório para 6ª Conferência Internacional de Educação de Adultos (Confitea), organizada pela Unesco. O principal objetivo era socializar a experiência educacional do sem-terra e os seus projetos na área de educação.
Contudo, a radicalização dos latifundiários e de suas práticas policialescas levaram a Direção Nacional do MST, na tentativa de preservar seus membros, a cancelar tal ato. “Temos consciência de que só vamos nos libertar das amarras do latifúndio, da violência e da exploração quando nos apropriarmos do conhecimento por meio da educação em todos os níveis. Lutamos para que todos e todas Sem Terra tenham condições de se alfabetizar, fazer o ensino médio e concluir o ensino superior. Aí está um dos motivos para a ofensiva dos setores conservadores, que combatem dia e noite a luta pela terra, mas não admitem a destruição do latifúndio do conhecimento.” – conclui, em carta oficial, a direção nacional do MST.
Fonte: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra