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Ato de centrais sindicais contra juros altos em frente ao Banco Central na avenida Paulista, em São Paulo, em 30/07/2024 (Foto: Paulo Pinto / Agência Brasil)

Banco Central tem compromisso zero com desenvolvimento do Brasil, alerta Ricardo Gaspar

Ainda segundo o economista, Banco Central age como se fosse um comitê do sistema financeiro e mantém política de juros altos que só beneficia o capital especulativo
George Ricardo Guariento
Diálogos do Sul Global
Taboão da Serra

Tradução:

“O Banco Central (BC) age como se fosse um comitê do sistema financeiro, sem compromisso com o desenvolvimento do país”, afirma Ricardo Gaspar. O economista foi o convidado do Dialogando com Paulo Cannabrava desta quinta-feira (3) para responder à questão: como combater a inflação sem aumentar o juros?

Gaspar critica com firmeza a presidência do Banco Central no Brasil — responsável pela manutenção da taxa Selic em patamares elevados — e denuncia que a autonomia do órgão, defendida por muitos economistas liberais, só aprofunda a dependência brasileira do capital externo.

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“Não há justificativa econômica para manter os juros tão altos. Isso só transfere renda para o setor financeiro e impede o crescimento do país”, argumenta. Segundo o professor, o Brasil é um dos únicos países do mundo que remunera os bancos por deixarem dinheiro parado, através da chamada “política de juros sobre a sobra de caixa”.

A entrevista abordou ainda o papel dos grandes bancos e da mídia tradicional na construção de um consenso favorável a essa política: “Os meios de comunicação repetem o discurso da ‘inflação de demanda’ para justificar os juros altos, quando, na realidade, os preços sobem por fatores externos, como energia e alimentos”, explica.

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Para ele, é urgente repensar o modelo econômico brasileiro. “Precisamos de um Banco Central que esteja a serviço do povo, e não do sistema financeiro. E isso só vai acontecer com mobilização popular e pressão política”.

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Gaspar aproveitou para comentar as recentes tarifas anunciadas por Trump: “Esse tarifáço é um negócio de louco. Mais de 40% para alguns países. O Brasil ficou com pouco, 10%. É a tarifa mais baixa de todo o tarifáço que ele impôs. Europa, 20%. China, 20%”, critica Gaspar.

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Segundo ele, a política do presidente Donald Trump de aplicar taxações em outros países é parte de uma estratégia para forçar a valorização do dólar e a desvalorização de moedas como o real: “Aumentar os juros e valorizar o dólar serve ao capital especulativo, mas destrói economias periféricas”, conclui.

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A entrevista completa está disponível no canal da TV Diálogos do Sul Global no YouTube:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

George Ricardo Guariento Graduado em jornalismo com especialização em locução radiofônica e experiência na gestão de redes sociais para a revista Diálogos do Sul. Apresentador do Podcast Conexão Geek, apaixonado por contar histórias e conectar com o público através do mundo da cultura pop e tecnologia.

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