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Biden consolida vantagem sobre Sanders em concurso para nominação democrata

Ambos candidatos têm repetido que em uma coisa estão de acordo: a prioridade é derrotar quem consideram um dos presidente mais perigosos da história
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

O ex-vice-presidente, Joe Biden, consolidou sua vantagem sobre o senador Bernie Sanders ao conquistar as eleições primarias da Florida, Illinois e Arizona.

Estes resultados nos três estados em jogo nesta terça intensificarão a pressão sobre Sanders da cúpula do partido e seus aliados para ceder a nominação a Biden. “Isto já acabou… a eleição [primária] acabou esta noite, creio que isso ficou claro”, afirmou David Axelrod, ex-estrategista de Barack Obama, na CNN.

Biden, ao festejar seus triunfos esta noite, convidou os simpatizantes de Sanders a se unirem à sua campanha, declarando que “eu os escutei” e “sei o que temos que fazer”.

Nas próximas horas Sanders dará indicações de suas intenções imediatas. Vale assinalar que sua campanha tem já equipes distribuídas em vários estados com primárias programadas até abril. 

Ambos candidatos têm repetido que em uma coisa estão de acordo: a prioridade é derrotar quem consideram um dos presidente mais perigosos da história

Reprodução Twitter
Todos entendem que o ganhador da luta interna necessitará das bases de seu competidor para enfrentar Trump.

A crise do coronavirus contagiou o processo eleitoral. Ohio, estado chave no mapa eleitoral nacional, suspendeu de último momento suas primárias programadas para esta terça, declarando uma emergência de saúde pelo coronavírus. Agora são cinco os estados que postergaram suas primárias. 

Também tem infectado o debate e a batalha eleitoral, e agora se supõe que a evolução desta epidemia, seu impacto social e econômico e o manejo de todo este desastre pelos políticos estadunidenses poderia ser fator decisivo – um recém introduzido – na eleição presidencial.  

De fato, a sondagem mais recente, diz que só 46 por cento dos estadunidenses opina que o governo federal está fazendo o suficiente para enfrentar o coronavírus – uma queda de 15 pontos comparado com o mês passado (NPR/PBS NewsHour). No entanto, outros analistas dizem que se Trump tiver a sorte de superar a crise antes da eleição em novembro, provavelmente seria recompensado com sua reeleição.  

Em parte por isso, vários líderes democratas dizem que é urgente uma frente democrata unida, ou seja o fim da pugna pela nominação, o antes possível. 

Com a contenda pela nominação como candidato presidencial do Partido Democrata reduzida a dois (dos mais de 20 candidatos originais), Biden e Sanders agora representam uma luta pelo futuro do partido, entre novas gerações e uma velha aliança de cúpula, com o ex-vice-presidente prometendo um regresso à normalidade prévia a Trump, e Sanders convidando para uma “revolução política” impulsionada pelo que ele chama de uma “coalizão multirracial” encabeçada por jovens.  

Todos entendem que o ganhador da luta interna necessitará das bases de seu competidor para enfrentar Trump na eleição geral que culmina em novembro.  

Apesar dos desejos dos analistas e assessores próximos à cúpula política e econômica do país, incluindo alguns dos grandes meios, que desde um par de semanas fecharam filas a favor de Biden, proclamando que Sanders já não tem rota viável para ganhar os delegados necessários para obter a indicação, o candidato anti establishment ainda não cedeu. 

Alguns dizem que Sanders já ganhou, mesmo que não obtenha a indicação, pelo fato de que conseguiu impulsionar para a esquerda o debate sobre a agenda nacional do partido, obrigando a quase todos os candidatos centristas a abordar seus temas de uma transformação ecológica da economia diante da mudança climática, do acesso à saúde como direito, a abordar a dívida estudantis, e a desigualdade econômica.

De fato, Biden elogiou hoje as forças de Sanders, reconhecendo que “viraram a conversação fundamental neste país”. 

Vários observadores consideram que Sanders não cedeu o lugar a Biden não só porque acredita que ainda tem possibilidades, mas para assegurar que estes temas permaneçam no centro do debate democrata, e fiquem dentro de suas propostas eleitorais.  

Mas os interesses ao redor de Biden e sua história não indicam que poderá convencer as bases de Sanders, sobretudo os jovens, de que poderá representá-los, e por ora, embora se esteja disputando a nominação, é uma luta pelo futuro do partido. 

No entanto, ambos candidatos têm repetido que em uma coisa estão absolutamente de acordo: a prioridade é derrotar quem consideram um dos presidente mais perigosos da história. 

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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