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Bilionários dos EUA aumentam fortuna conjunta em US$ 1,7 tri; e os oligarcas russos?

Por trás da palavra abstrata “inflação”, na moda outra vez, se oculta o fato de que as empresas estadunidenses registram os lucros mais elevados em 70 anos
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

Com uma guerra muito bem-vinda pelos Estados Unidos – por fim uma guerra em que Washington pode desempenhar o papel de defensor da lei internacional, campeão anti intervencionista, promotor dos direitos humanos, denunciante de oligarcas e guardião do “mundo livre” – muitas notícias importantes – talvez as mais importantes – são deslocadas para o segundo lugar ou perdidas completamente. Por exemplo: 

Por trás dessa palavra abstrata de “inflação” que está na moda outra vez, se oculta o fato de que as empresas estadunidenses estão gozando dos lucros mais elevados em 70 anos, ao cobrar cada vez mais dos consumidores, o enquanto a maioria de trabalhadores não tiveram um incremento em termos reais em seus salários em quatro décadas.

Junto com isso, os 704 multimilionários estadunidenses (com fortunas maiores que um bilhão) aumentaram em 1,7 trilhões de dólares sua fortuna coletiva desde o início da pandemia em março de 2020 – um incremento de 57% – para chegar a um total de 4,6 trilhões de dólares segundo o informe mais recente do Institute for Policy Studies e Americans for Tax Fairness. Isso supera em um terço o valor da metade da sociedade estadunidense, uns 65 milhões de lares. Apesar de tanta retórica oficial sobre os “nefastos oligarcas” russos, em Washington se prefere não falar tanto de seus contrapartes estadunidenses.

Por trás da palavra abstrata “inflação”, na moda outra vez, se oculta o fato de que as empresas estadunidenses registram os lucros mais elevados em 70 anos

Office of the President of the United States – Wikimedia Commons
74% dos recursos ambientais são usados por EUA e UE; América Latina fica com 8%

Danos ecológicos

Enquanto isso, um novo informe e o primeiro a responsabilizar 160 países pelos danos ecológicos provocados pelo seu uso excessivo de recursos naturais durante o último meio século, concluiu que os Estados Unidos são o maior culpado, seguido pela União Europeia e outros países de altos ingressos que coletivamente são responsáveis por 74% do uso excessivo de recursos, enquanto os países do sul global, incluindo a América Latina são responsáveis por só 8%.  

Esta, como outras notícias recentes sobre a emergência ecológica enfrentada pelo planeta só às vezes aparecem brevemente como principais antes de uma bofetada no Oscar, ou algo parecido, que as relega à seção de ciências. 

Diante disso, em 6 de abril, em uma maior ação de desobediência civil de cientistas jamais efetuada, mais de mil cientistas participaram em uma “rebelião” arriscando ser presos, em mais de 25 países, incluindo Estados Unidos, contra instituições bancárias, governamentais e científicas para ressaltar a urgência e injustiça da crise ecológica.

Censura contra livros

Por outro lado, o nível de censura contra livros impulsionada pela direita não tem precedentes neste país segundo novos dados: em 2021 houve 729 tentativas para proibir aproximadamente 1.597 livros no país segundo a Associação Americana de Bibliotecários, com o maioria das tentativas enfocadas em livros que abordam ou que são escritos por afro-estadunidenses ou pela comunidade LGBT.

Depois da guerra contra a droga, os EUA inauguram a luta contra os livros

Segundo PEN América, em outra pesquisa, se conseguiu impor 1.586 proibições contra livros em 86 distritos escolares em 26 estados durante os últimos nove meses.

Sindicalização

Em outra notícia, mais de 200 lojas da Starbucks solicitaram sua sindicalização, o dobro do número de há 6 semanas; 13 já o conseguiram nas últimas semanas, derrotando pela primeira vez em sua história o intenso esforço antisindical da empresa.

Enquanto isso, o festejo do triunfo da sindicalização da primeira planta da Amazon na história, há alguns dias, volta a impulsionar campanhas similares em outras partes do país.

Nunca antes, em 31 anos, uma guerra recebeu tanta atenção dos principais meios noticiosos estadunidenses como a invasão russa à Ucrânia, incluindo as invasões deste a outros países.  

Às vezes as guerras podem servir também para distrair, e deixar perdidas outras notícias.

David Brooks, correspondente de La Jornada em Nova York
Tradução por Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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